Indústria critica nova taxa do BNDES; governo defende

Representantes do setor industrial criticaram a Medida Provisória 777/17, editada pelo governo em abril e que cria uma nova taxa de juros para os financiamentos concedidos pelo BNDES

© Reuters / Nacho Doce

Economia medida provisória 08/08/17 POR Notícias Ao Minuto

A Medida Provisória 777 cria a Taxa de Longo Prazo (TLP) para os financiamentos concedidos pelo BNDES. Indústria avalia que a TLP será mais alta e mais volátil do que a taxa atual (TJLP), provocando incerteza e desestimulando o investimento privado. Já o governo afirma que a nova taxa acaba com o chamado ‘subsídio implícito’ que elevou a dívida pública

PUB

Representantes do setor industrial criticaram nesta terça-feira (8) a Medida Provisória 777/17, editada pelo governo em abril e que cria uma nova taxa de juros para os financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Eles participaram de audiência pública promovida pela comissão mista que debate a MP.

A medida provisória cria a Taxa de Longo Prazo (TLP), que será usada como referência para os contratos firmados pelo banco a partir de 1° de janeiro de 2018. A TLP vai substituir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) nos empréstimos do BNDES que utilizam recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Fundo de Participação PIS-Pasep e do Fundo da Marinha Mercante (FMM).

A diferença entre as duas é que a nova taxa será calculada mensalmente com base na variação de um título público (NTN-B), mais a variação da inflação (IPCA). O objetivo, segundo o governo, é que a principal taxa de investimentos de longo prazo do País reflita as condições de mercado. Hoje, a TJLP é definida trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com base na meta de inflação para os 12 meses seguintes e um percentual equivalente ao risco, que é arbitrado pelo CMN.

Para os representantes da indústria, o critério de cálculo fará com que a TLP seja mais alta e mais volátil do que a TJLP, provocando incerteza e desestimulando o investimento privado. “Ninguém do setor produtivo está a favor dessa medida provisória”, disse o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. “É um tiro de bazuca nos pés do investidor”, afirmou.

A mesma avaliação foi feita pelo diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz. Segundo ele, se já estivesse em vigor, a TLP estaria hoje na casa do 9% a 9,5%, em termos nominais. Descontada a inflação, a TLP seria igual à taxa Selic. A TJLP atual é de 7% ao ano. “O momento é totalmente inadequado [para mudar]. O que precisa agora é criar condições para aumentar o investimento”, disse.

Subsídio

“Estamos colocando em risco o padrão de financiamento de médio e longo prazo por uma questão fiscal”, alertou o presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini. Ele se referiu ao principal argumento utilizado pelo governo para editar a MP, que é a redução do chamado “subsídio implícito”.

O governo afirma que, quando a TJLP é fixada em um nível abaixo do custo de captação do Tesouro Nacional, como ocorreu em anos recentes, surge um subsídio que não aparece nas despesas orçamentárias – daí o nome “implícito”. Por exemplo, o Tesouro capta recursos no mercado pagando uma taxa de 12% ao ano e repassa ao BNDES, que cobra pelos empréstimos 7%. A diferença (5 pontos percentuais) é coberta pelo próprio Tesouro, que emite títulos públicos, elevando a dívida do governo federal. Não há uma rubrica orçamentária específica para esse gasto. Com a TLP, haveria aproximação entre o custo do Tesouro e o que ele tem de retorno.

O senador José Serra (PSDB-SP) também criticou a MP 777. Para ele, a mudança proposta pelo governo não tem coerência e não vai ajudar o lado fiscal da economia. “Do ponto de vista fiscal, essa medida não quer dizer nada e cria uma dificuldade”, afirmou.

Dívida pública

A defesa da medida provisória foi feita pelo secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto de Almeida. Ele afirmou que o subsídio implícito elevou a dívida pública, tornando mais difícil a travessia do País pela crise fiscal. “O ajuste fiscal requer mudanças estruturais”, defendeu. Segundo Almeida, o governo concedeu R$ 723 bilhões em subsídios no período de dez anos encerrado em dezembro de 2016. Desse total, 60% foram via BNDES.

Ele contestou a afirmação dos empresários de que a TLP vai encarecer o crédito fornecido pelo banco e disse que a taxa, se já estivesse em vigor, estaria em 8% ao ano. “As condições de financiamento do BNDES não mudarão”, afirmou. Almeida disse ainda que o momento é ideal para a mudança, pois a inflação e a taxa de juros básica da economia (Selic) estão em queda.

Também convidado para o debate, o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Ellery defendeu a medida provisória. “A TLP não tira a característica do BNDES como banco de investimento. Não é uma panaceia. É só um passo importante”, disse.

Relatório

O relator da MP 777, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), deverá ler nesta quarta-feira (9) seu parecer. Ele já apresentou uma versão do texto, que preserva, em linhas gerais, a proposta do governo. Após a audiência pública de hoje, Gomes decidiu manter o relatório. Ele vai fazer alguns ajustes para reforçar os argumentos em defesa da TLP. “Até amanhã, vou buscar dar resposta a tudo que foi dito aqui”, afirmou. As informações são da Agência Câmara.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Chicleteiros Há 20 Horas

Morre Missinho, primeiro vocalista da banda Chiclete com Banana

fama Emergência Médica Há 20 Horas

Tony Ramos passa por cirurgia de emergência após hemorragia intracerebral

justica Caraguatatuba Há 20 Horas

Adolescente de 16 anos desaparecida é achada morta; suspeito foi preso

fama Tony McFarr Há 18 Horas

Dublê de Chris Pratt em 'Guardiões da Galáxia' morre aos 47 anos

mundo Viral Há 11 Horas

Jovem é surpreendida em praia ao ver casa flutuando no mar

justica São Paulo Há 20 Horas

Homem é inocentado após passar 12 anos preso injustamente por estupro

economia Saque-Calamidade Há 19 Horas

Saque-Calamidade está disponível a trabalhadores de 59 cidades gaúchas

mundo EUA Há 18 Horas

Motorista perde controle de caminhão e fica pendurada em ponte; veja

fama JULIETTE-FREIRE Há 17 Horas

Juliette Freire expõe 'culpa grave' por fazer sexo com homens com quem não tinha intimidade

justica Pridão Há 12 Horas

Casal de influencers é preso por suspeita de movimentar R$ 20 milhões ilegalmente em jogo