Brasileiro lança livro em Lisboa sobre separações entre povos
Fotojornalista Raphael Lima de Oliveira registra separações unilaterais em um território e suas implicações para os povos
'Sociedade Dividida', o início do projeto
A ideia do projeto surgiu em janeiro 2014, durante viagem à Irlanda do Norte, quando o fotojornalista Raphael Lima de Oliveira leu a pichação 'Our Divide Society' em um muro que separava o bairro de católicos de protestantes.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
'Sociedade Dividida 1. Terra Santa'
O projeto do primeiro livro teve início na Palestina. Curiosamente, o autor registrou algo semelhante com o grafite exposto na Irlanda do Norte como essas 'boas-vindas' à rua da segregação denominada de Apartheid: 'Welcome To Apartheid Street'.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Abandono
O fotojornalista percorreu as cidades históricas de Belém, Jerusalém, Ramallah, Hebron e Jericó. O que se pode ver nessas andanças pela Terra Santa foram também imagens de descaso e abandono.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Separação delimitada
Hebron foi o ponto crucial dessa primeira viagem. A cidade é dividida em área 1 e 2, árabe e israelense.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Iniciativa
Antes, Raphael Lima de Oliveira esteve na Cisjordânia, onde presenciou a construção de um muro no Território Ocupado da Palestina, conhecido como o Muro da Vergonha.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Bloqueio
A população palestina afetada pela construção do Muro da Vergonha chega a 500 mil pessoas, segundo dados da OCHA (United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs).
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Transtornos
Palestinos que levavam 15 minutos a pé para chegar ao trabalho, hoje demoram pelo menos 45 de carro, por conta das filas nos checkpoints espalhados pela fenda.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Sem liberdade
Há casos em que donos de imóveis são impedidos de ir ao próprio terraço de casa pelo que a IDF (Israel Defense Forces, o exército de Israel) chama de 'motivos de segurança'.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Segregados e esquecidos
O primeiro livro, 'Sociedade Dividida 1. Terra Santa', foi publicado pelo autor de forma independente. O objetivo da obra foi expor lugares onde a separação ainda é vista a olhos nus e suas implicações para um povo.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Impressões
Para a segundo livro do projeto 'Sociedade Dividida', o fotojornalista viajou mais de 3,3 mil quilômetros pela Península Balcânica para mostrar suas impressões sobre o processo de desintegração da Iugoslávia.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Juntando peças do quebra-cabeça
O autor passou pelas ex-repúblicas iugoslavas em busca de histórias que descrevessem o processo de separação do país, que começou no início dos anos 90.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Contexto histórico
As seis repúblicas socialistas que constituíram a Iugoslávia eram a Bósnia-Herzegovina, Croácia, Macedônia, Montenegro, Eslovênia e a Sérvia. A Sérvia continha ainda duas províncias socialistas autônomas, Vojvodina e Kosovo.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Vozes do povo
Porém, mais do que trazer suas impressões, a ideia era também trazer realismo e vozes. Para isso, buscou histórias de pessoas que viveram as tensões e conflitos de perto.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Na estrada
Em março e abril deste ano, Raphael Lima de Oliveira visitou as principais cidades que serviram de cenário para o processo de desintegração do País.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Itinerário
O roteiro incluía Belgrado e Nis, na Sérvia; Zagreb e Vukovar, na Croácia; Sarajevo, Srebrenica e Mostar, na Bósnia; Podgorica, em Montenegro; Prizren, Decani, Velika Hoca (enclave sérvio); Mitrovica e Pristina, no Kosovo; Skopje, na Macedônia; além da Eslovênia.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Diário pessoal
O autor afirma que a segunda obra não tem por objetivo ser um livro de história, mas um relato pessoal sobre o último grande conflito na Europa no século XX, contextualizando os principais fatos do período.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Última parte da jornada
Nesta última viagem, o brasileiro passou pelos principais palcos dos acontecimentos que moldaram o fim da Iugoslávia e que fecharam um ciclo de conflitos na Europa do século XX.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
O mundo como expectador
O autor diz ser parte de uma geração que cresceu com conflitos televisionados e destaca a importância de refletir sobre o mundo ter sido espectador em relação a esses eventos que trouxeram consequências trágicas, especialmente, para esses povos.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Memórias
'A história, diferentemente do que aconteceu com as Duas Grandes Guerras Mundiais, tinha movimento, tinha voz, e entrava diariamente na nossa casa', relembra o autor.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
A publicação
O segundo livro do projeto 'Sociedade Dividida' começou a ser produzido via financiamento coletivo na internet. O lançamento está previsto para dezembro de 2017.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Conflitos de uma era
Raphael Lima de Oliveira, de 31 anos, destaca a Guerra do Golfo e os conflitos na Bósnia e no Kosovo entre esses acontecimentos marcantes.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Região do Chipre
Em março de 2016, o fotojornalista viajou para a República do Chipre e República Turca do Chipre do Norte.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Zona-tampão
O autor conseguiu visitar o antigo aeroporto da capital Nicosia e a cidade de Púla, que ficam dentro da 'Buffer Zone', uma zona-tampão, que pode ser, por exemplo, uma zona desmilitarizada, uma área 'sem dono' ou outro tipo de zona de fronteira.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Conflitos
O aeroporto fica numa área abandonada e controlada pela ONU desde 1974, quando a Turquia invadiu o país após uma tentativa de golpe militar pelo lado grego.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Conflito no Chipre
A 'Questão Cipriota', no geral, refere-se à situação de tensão e guerra que existe entre as comunidades gregos cipriotas e os grupos turcos cipriotas da Ilha do Chipre, que se articulou em várias fases a partir de 1963 até os dias atuais.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Como se deu a divisão do Chipre
Com a invasão de 1974 (condenada pelo Conselho de Segurança da ONU), a Turquia ocupou a parte norte da República do Chipre, reconhecida internacionalmente.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Contextualização
Mais tarde, sobre esses territórios, a comunidade turca do Chipre declarou unilateralmente a independência, formando a República Turca do Chipre do Norte (RTNC), sendo que esta carece de reconhecimento internacional.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Zona que divide comunidades e separa o país
Após as duas comunidades e os países envolvidos na questão se comprometeram em encontrar uma solução pacífica sobre a disputa, a ONU criou e mantém a 'zona-tampão' (a 'Linha Verde') para evitar tensões e hostilidades. Só que esta zona, que corta o país, criou uma barreira física e social.
© All Rights Reserved/Raphael Lima de Oliveira
Cultura
'Sociedade Dividida'
01/03/18
POR Notícias Ao Minuto
No mundo ocidental, em geral, sociedades que são separadas por muros, zonas ou qualquer outro subterfúgio que delimite a liberdade de ir e vir são incomuns e até consideradas incoerentes. Apesar de alguns casos isolados, o fotojornalista brasileiro Raphael Lima de Oliveira esteve em algumas destas áreas, que presenciaram conflitos e resultaram em separações físicas e culturais.
O projeto, que teve como primeiro tema Israel-Palestina, no Oriente Médio, e que resultou no livro 'Sociedade Dividida 1. Terra Santa', surgiu de fato na Irlanda do Norte, durante uma visita a Belfast, capital do país do Reino Unido, que ainda é palco de divisões entre católicos e protestantes.
Nesta quinta-feira (1º), autor vai lançar às 18h30 na Livraria Bar Menina e Moça, em Lisboa (Portugal), a segunda obra da série. Ele viajou mais de 3,3 mil quilômetros pela Península Balcânica, na Europa, para mostrar suas impressões sobre o processo de desintegração da Iugoslávia.
+ Ataque não muda planos separatistas, diz líder catalão
Três anos após fotografar para a primeira publicação, que mostrou a divisão entre árabes e israelenses, e um ano após visitar o Chipre do Norte e a República do Chipre, onde conseguiu autorização para retratar o abandono do aeroporto de Nicosia, na Buffer Zone, administrada pela ONU e completamente isolada para a população, Raphael seguiu para as ex-repúblicas iugoslavas em busca de histórias que descrevessem o processo de separação do país.
“O livro não é e nem pretende ser um livro de história, mas um relato pessoal sobre o último grande conflito na Europa no século XX”, conta o autor. E completa: “Faço parte de uma geração que cresceu com conflitos televisionados. Primeiro a Guerra do Golfo, logo em seguida a da Bósnia, depois a do Kosovo. A história, diferentemente do que aconteceu com as duas Grandes Guerras Mundiais, tinha movimento, tinha voz, e entrava diariamente na nossa casa”.
Em março e abril deste ano, Raphael viajou por Sérvia, Bósnia, Croácia, Kosovo, Montenegro e Eslovênia.
“Passei pelos principais palcos dos acontecimentos que moldaram o fim da Iugoslávia e que fecharam um ciclo de conflitos na Europa do século XX: Vukovar, Srebrenica, Sarajevo, pequenos vilarejos do Kosovo. Em cada um busquei histórias de pessoas que viveram as tensões de perto”.
Acima, veja belas imagens das três fases do projeto, que já passou por mais de 10 países.
PARTILHE ESTA NOTÍCIA