Para Janot, procurador que o acusa 'acertou dinheiro, sim'

Afirmação se refere a Ângelo Goulart Villela, que afirmou que o ex-chefe da PGR fechou a delação da JBS com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer

© Adriano Machado / Reuters

Política Entrevista 20/09/17 POR Folhapress

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot disse que o procurador Ângelo Goulart Villela, que o acusou de ter fechado a delação da JBS com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer, "acertou dinheiro, sim", em troca de passar ao frigorífico informações internas da Procuradoria.

PUB

Villela ficou 76 dias preso, depois que veio à tona, em maio, o acordo de delação da JBS. Ele é suspeito de ter recebido dinheiro, por meio de um advogado, para dar informações sigilosas de investigações sobre a empresa. Os executivos da JBS o delataram.

Na segunda (18), em entrevista à Folha de S.Paulo, Villela contra-atacou: "Derrubando o presidente, ele [Janot] impediria que Temer indicasse Raquel [Dodge, nova procuradora-geral]. Não tenho dúvida alguma de que houve motivação para me atingir porque, assim, ele [Janot] lança uma cortina de fumaça, para mascarar essa celeridade de como foi conduzida, celebrada e homologada uma delação tão complexa, em tempo recorde", disse.

+ Dilma sobre 'cura gay': 'Agravará preconceito e fará crescer violência'

+ Após Fachin negar, Temer quer que plenário do STF devolva denúncia

Segundo Villela, ele teve contato com a JBS porque estava tentando encabeçar um acordo de delação com a empresa -o que seria bom para ele profissionalmente. Ele negou que tenha recebido ou acertado dinheiro, ou que tenha passado informações sigilosas ao grupo.

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (20) no jornal "Correio Braziliense", Janot disse que se sentiu traído por Villela, que atuava na força-tarefa da Operação Greenfield (que tinha como alvo a JBS), e que há provas de que ele acertou pagamentos.

"Essa linha de defesa [de dizer que estava tentando encabeçar uma eventual delação] ele já adotou no processo administrativo disciplinar aqui dentro [na PGR]. Ele tentou se passar por herói. Como se ele tivesse se oferecido a eles para poder derrubá-los. Como se fosse o mocinho, o super-homem. Mas como faz um trabalho desses de atuação infiltrada sem falar com os russos? Ele faz isso sem falar com os colegas, com ninguém? Não falou com o Anselmo [Lopes, coordenador da Greenfield]", disse Janot sobre Villela.

"Agora vamos ver os fatos. Houve uma reunião em que o Anselmo fez um desenho à mão da estratégia da investigação. Esse papel foi aparecer com um advogado da JBS. A troco do quê? Ele [Villela] foi pilhado numa ação controlada em que conversa com desenvoltura. Depois, ele tem gravada a conversa com o advogado. Tudo isso ele bolou sem avisar ninguém? É fantasioso. E acertou dinheiro, sim, R$ 50 mil por mês", afirmou o ex-procurador-geral.

Segundo Janot, entre as provas contra Villela "tem o relato do Francisco [de Assis, advogado da JBS e delator], tem advogado acertando, dizendo que tinha dinheiro, tem o croqui do planejamento [desenhado por Anselmo], tem gravação, visitas. A expressão que a gente usa é 'batom em certo lugar'".

Janot afirmou também que, diferentemente do que disse Villela à reportagem, ele não chamava sua sucessora, Raquel Dodge, de "bruxa". "É aquela coisa, como se faz para desconstruir o acusador", disse Janot.

MILLER

Sobre as suspeitas de que o ex-procurador Marcello Miller tenha ajudado a JBS a elaborar sua proposta de delação, enquanto ainda estava na Procuradoria, Janot disse que ainda não há conclusões.

"Existe uma investigação em curso, mas, se ele fez isso, foi sem o nosso conhecimento. E, se fez sem o nosso conhecimento, ele não pode contaminar um ato que é nosso. Se ele fez, não está comprovado ainda, vai ter que responder por isso", disse.

Para o ex-procurador-geral, há grandes chances de seus inimigos tentarem desqualificá-lo na CPI do BNDES usando casos como o de Villela e Miller.

"Vão tentar usar todo mundo e tudo contra mim. Tudo é possível, vão tentar desconstituir a figura do investigador. Não levei dinheiro do Miller nem autorizei ninguém a receber mala de dinheiro em meu nome. Nem tenho amigo com R$ 51 milhões em apartamento", disse Janot ao "Correio", em referência ao imóvel ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) onde a Polícia Federal apreendeu esse valor em dinheiro vivo.

LAVA JATO

Questionado sobre Dodge não ter mencionado a Lava Jato no discurso de sua cerimônia de posse, na segunda-feira (18), Janot disse que a operação não é uma marca dele, mas da sociedade brasileira.

"A Lava Jato não pertence ao Ministério Público, pertence à sociedade, ao mundo. Não é uma marca minha. Eu dei as condições necessárias para que outros colegas pudessem trabalhar, em Curitiba, no Rio, em São Paulo. A Lava Jato não pertence mais ao Ministério Público. É um patrimônio da sociedade brasileira. Ela corre o mundo", respondeu.

Ele afirmou que ainda é cedo para prever os rumos que as investigações vão tomar, mas que a Lava Jato nos Estados (Paraná, Rio, São Paulo) já tem pernas próprias e independe da PGR.

Janot disse que vai tirar 20 dias de descanso com a família e, depois, voltará a atuar como subprocurador-geral no STJ (Superior Tribunal de Justiça), na área criminal.

A designação para que ele passe a oficiar perante o STJ em matéria criminal foi publicada no "Diário Oficial da União" desta quarta-feira (20). Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Rio Grande do Sul Há 12 Horas

Grávida, Miss Brasil 2008 está desaparecida há 3 dias após chuvas no RS

justica Santos Há 5 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

brasil enchentes no Rio Grande do Sul Há 13 Horas

Aeroporto de Porto Alegre suspende voos por tempo indeterminado

justica São Paulo Há 12 Horas

Corpo achado em matagal é de adolescente que sumiu ao comprar lanche

brasil justa causa Há 12 Horas

Bancária é demitida ao postar foto no crossfit durante afastamento médico

lifestyle Ozempic Há 12 Horas

'Seios Ozempic' entre os possíveis efeitos colaterais do antidiabético

brasil Brasil Há 2 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"

brasil enchentes no Rio Grande do Sul Há 5 Horas

Sobe para 57 o número de mortos em temporais do RS

mundo Pensilvânia Há 12 Horas

Mulher morre após ser atingida por cilindro de metal desgovernado

fama Rio de Janeiro Há 11 Horas

Madonna faz show hoje para 1,5 milhão de fãs; saiba tudo do evento