Aliados de Lula e petistas sondaram família de Palocci

Pessoas próximas ao ex-presidente teriam tentado descobrir se o ex-ministro estava disposto a desistir de delação

© REUTERS/Jamil Bittar JB/NL

Política delação 01/10/17 POR Estadao Conteudo

Desde a prisão de Antonio Palocci pela Operação Lava Jato, em setembro do ano passado, dirigentes do PT e interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procuraram a família do ex-ministro em busca de informações sobre a possibilidade de ele fechar um acordo de delação premiada. Depois, tentaram descobrir se o ex-ministro estaria disposto a mudar de ideia de colaborar com a força-tarefa.

PUB

Segundo oito fontes próximas a Lula, PT e Palocci ouvidas pelo 'Estado', dirigentes do partido em Ribeirão Preto e líderes nacionais da legenda procuraram o pediatra Pedro Palocci, irmão mais velho do ex-ministro, atrás de informações sobre a delação. Conforme essas fontes, a partir de maio, quando Palocci contratou um advogado especializado em delações, seu irmão deixou de receber os petistas, que interpretaram as negativas como um sinal de que Pedro estaria incentivando a delação.

As relações financeiras e societárias do ex-ministro com seu irmão são alvo de investigações da Lava Jato, que apura também o sumiço de livros de registro de transferências de ações do Hospital São Lucas, em Ribeirão Preto, pertencente a Pedro. Procurado por meio da assessoria do hospital, o médico se recusou a comentar o assunto.

Em abril, antes de Palocci propor o acordo de delação, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho, presidente do diretório estadual do PT e um dos mais próximos aliados de Lula, se encontrou com Antonia Palocci, a dona Toninha, mãe de Palocci, durante uma passagem por Ribeirão Preto. Segundo relatos, a iniciativa partiu de dona Toninha e na conversa ela teria dito não acreditar que o filho faria delação.

Cerca de um mês atrás, quando as negociações entre Palocci e a Lava Jato já eram públicas, o deputado federal Paulo Teixeira (SP), vice-presidente nacional do PT, encontrou Toninha em uma reunião do partido na cidade. Segundo ele, não se tocou no assunto de delação.

Fundadora do PT e membro suplente do diretório municipal, a mãe de Palocci era uma das mais ativas militantes do partido na cidade. Mesmo com dificuldade de locomoção, aos 82 anos, dona Toninha fazia questão de manter o trabalho quase diário nas comunidades mais pobres. Em períodos eleitorais, costumava ir de porta em porta pedindo votos.

Afastamento

Após o filho passar a disparar contra Lula e o PT, ela se afastou das atividades partidárias e, dividida entre a tristeza de ver o filho caçula preso e a fidelidade às suas convicções políticas, decidiu se recolher. Segundo um ex-vizinho, recentemente, em uma excursão de ônibus para Caldas Novas, em Goiás, ela pediu para não comentar o assunto.

De acordo com pessoas próximas a Lula, depois do depoimento de Palocci à Lava Jato, no qual disse que o ex-presidente fez um "pacto de sangue" com o empreiteiro Emílio Odebrecht, Toninha enviou mensagem de solidariedade ao ex-presidente demonstrando contrariedade com a opção do filho.

O ex-presidente chegou a tocar no assunto durante seu depoimento ao juiz Sérgio Moro no dia 13 de setembro. "Eu fico pensando como é que está pensando a mãe dele agora, que é militante do PT e fundadora do PT", disse Lula.

A reportagem procurou Toninha Palocci em cinco endereços, mas foi informada de que ela havia se mudado de dois deles e não morava nos outros três. A mãe do ex-ministro também foi procurada por meio da assessoria do hospital de seu filho, mas não respondeu.

Decepção

Quem tem falado com Lula nos últimos dias afirma que o ex-presidente não esconde a decepção com Palocci. Ele tem dito que já esperava a delação, mas não se conforma com o que chama de "mentiras".

O ex-presidente diz que nunca pediria a alguém que já foi demitido por ele para lidar com dinheiro sujo para o PT ou para o Instituto Lula. Para reforçar sua versão, cita uma história de 2006. Segundo ele, quando veio à tona o caso da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa, teria dito a Palocci que arrumasse uma "história convincente", do contrário seria demitido. Palocci teria dito que a história era a publicada nos jornais e Lula rebateu: "Então está demitido".

O Instituto Lula e o PT nacional não comentaram os contatos com a família do ex-ministro e reafirmaram que ele mente.

A postura do ex-ministro surpreendeu o PT de Ribeirão Preto. "Fiquei surpreso. Mas é lógico que a gente não esperava dele a resistência de um José Dirceu ou de um João Vaccari", disse o presidente municipal do partido, Fernando Tremura. Oficialmente, o PT local afirma que, se houve algum contato de seus dirigentes com a família do ex-ministro, foi por iniciativa pessoal e não por decisão partidária.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 18 Horas

Morre aos 95 anos o ator e comediante José Santa Cruz

tech ESA Há 16 Horas

Sonda da Agência Europeia detecta 'aranhas' em Marte

fama DEBORAH-EVELYN Há 15 Horas

Famosos cometem gafe ao elogiar Deborah Evelyn em foto com marido

mundo Titanic Há 19 Horas

Relógio de ouro do homem mais rico no Titanic vai ser leiloado

brasil Paraíba Há 14 Horas

Menina de 6 anos tem pinos colocados em perna errada

lifestyle Signos Há 15 Horas

Estes são os três signos que adoram ser independentes!

mundo Argentina Há 18 Horas

Bebê morre após ser abandonado pela mãe em stand de carros na Argentina

fama Iraque Há 11 Horas

Influencer iraquiana é morta a tiros em Bagdá

tech Ataque Há 15 Horas

Hackers vazam imagens de pacientes de cirurgia nus e prontuários de clínica de saúde sexual

mundo Equador Há 17 Horas

Queda de helicóptero militar no Equador causa morte dos oito tripulantes