© Marcos Corrêa/PR
O PSDB não deve entregar novos votos para ajudar o presidente Michel Temer a barrar na Câmara a segunda denúncia contra ele, mesmo após contar com o apoio do PMDB para salvar o senador Aécio Neves (MG). Segundo lideranças tucanas na Câmara e no Senado, a bancada de deputados continuará dividida e deve registrar placar parecido com o da primeira denúncia, quando deu 22 votos a favor e 21 contra Temer.
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"O número de votos vai ser igual ao da primeira, ou seja, a bancada continuará dividida", afirmou ao Estadão/Broadcast Político o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP). O parlamentar paulista ressaltou que, em razão do racha, deve oficialmente liberar a bancada para votar como quiser, assim como fez na primeira denúncia contra o Temer, por corrupção passiva. A bancada tem atualmente 44 deputados federais.
Primeiro-vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou que o resultado favorável a Aécio no Senado não vai mudar os votos do PSDB na segunda denúncia contra Temer. "A imprensa faz uma leitura, e os fatos vão desmentir, de que houve um acordo entre PSDB e PMDB. Semana que vem vai ter painel na Câmara e vocês vão observar que não haverá mudança substancial na posição do PSDB", afirmou.
"Não há nenhuma correlação entre o que houve ontem (17) aqui no Senado e o que acontecerá na Câmara", acrescentou Cunha Lima nesta quarta-feira, um dia após o Senado reverter o afastamento do mandato e recolhimento noturno impostos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na votação no Senado, o PMDB deu 19 votos para salvar Aécio e apenas dois contra o senador mineiro: um de Kátia Abreu (TO) e outro de Roberto Requião (PR).
O número de votos em relação à segunda denúncia contra Temer deve continuar o mesmo na bancada paulista, de acordo com lideranças tucanas. Na primeira denúncia, 11 tucanos paulistas votaram pelo prosseguimento e apenas um pela rejeição da investigação contra o presidente. O placar provocou críticas de auxiliares de Temer ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), acusado nos bastidores de "traidor".
"Há uma tendência de que os votos na bancada paulista sejam muito parecidos com a primeira denúncia. Até porque os argumentos não mudaram muito. Embora não seja a mesma denúncia (na segunda vez, Temer é denunciado por formação de quadrilha e obstrução da Justiça), os conceitos são iguais", afirmou o deputado Miguel Haddad, que é primeiro-vice-presidente do PSDB de São Paulo e ligado ao governador paulista.
Deputados tucanos relatam que Alckmin chegou a tentar combinar votos pró-Temer entre a bancada paulista do PSDB. A intenção inicial seria "virar" aproximadamente cinco votos dos tucanos paulistas e, com isso, demonstrar reaproximação com o Palácio do Planalto. O governador quer manter uma boa relação como o PMDB, com vistas às eleições de 2018, quando quer disputar a Presidência da República.
As conversas foram feitas pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP), principal interlocutor de Alckmin na Casa. Mas a dificuldade em conseguir deputados do PSDB dispostos a mudar o voto fez com que os "alckmistas" recuassem da estratégia. Isso porque Torres seria o único voto garantido a favor de Temer. A avaliação é que isso poderia passar uma imagem negativa para o governador, de que ele não teria capacidade política de negociar. Ao Estadão/Broadcast Político, o secretário-geral do PSDB negou movimento pró-Temer. Assim como os demais tucanos, previu que o placar na bancada do PSDB na segunda denúncia deve ser parecido com o da primeira. A avaliação é de que uma mudança de voto de quem votou contra Temer na primeira denúncia pode ser interpretada pelo eleitorado como se tivesse o deputado tivesse ganhado alguma benesse do governo. Com informações do Estadão Conteudo.