Comitê deve R$ 160 milhões e está insolvente, diz advogado da Rio-16

Dívida é 21% superior à divulgada

©  REUTERS/Bruno Kelly

Esporte Rio 20/10/17 POR Folhapress

Uma carta enviada em junho pelo advogado do comitê organizador Rio-2016, Sérgio Mazzillo, ao então presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, revela um quadro financeiro da entidade ainda pior do que o conhecido. Mazzilo afirma que o comitê está "insolvente".

PUB

+ Justiça aceita denúncia contra Nuzman e outros cinco, que viram réus

Descreve uma dívida de R$ 160 milhões -21% maior do que os R$ 132 milhões divulgados- e que, sem a ajuda do COI (Comitê Olímpico Internacional), já descartada, nem sequer um processo de recuperação judicial é viável para quitar os inúmeros credores da Olimpíada.

"O comitê, querido amigo, lamento afirmar, com convicção, está insolvente. Hoje, ainda temos uma chance, tênue, de pedirmos a recuperação judicial. E, mesmo assim, se a ajuda do COI confirmar-se", diz a missiva, apreendida pela Polícia Federal durante a Operação Unfair Play.

De acordo com a carta de Mazzilo, em junho o comitê tinha R$ 12 milhões em caixa e possibilidade de arrecadar mais R$ 75 milhões, sendo R$ 36 milhões do COI. O comitê olímpico já afirmou que encerrou qualquer negociação com a Rio-2016 após a prisão de Nuzman.

No início da carta, o advogado atribui a parte das dívidas à "péssima administração dos 'executivos'". Critica também o ex-prefeito Eduardo Paes e a então presidente Dilma Rousseff que, na avaliação de Mazzilo, fizeram imposições excessivas ao comitê.

O advogado relata que a falência da entidade implicará "sérias consequências pessoais" aos administradores estatutários da Rio-16. "O patrimônio desses administradores, todos pessoas de bem, pode ser atingido", relata.

Mazzilo traça uma estratégia: não fazer qualquer pagamento e negociar descontos de até 54% para quitar à vista dívidas. O último conselho financeiro é para que o comitê reserve "importância a ser destinada ao custeio de despesas judiciais e de honorários de advogados".

Mesmo diante da crise, Nuzman tentou usar R$ 5,5 milhões da Rio-2016 para pagar seu advogado que o defende na Operação Unfair Play.

Procurada, a Rio-2016 informou que não iria se pronunciar sobre o documento. A reportagem não conseguiu encontrar o advogado Sérgio Mazzillo até a publicação deste texto.

CREDOR QUER FALÊNCIA

Comandante da maior credora do comitê, o presidente da GL Events, Arthur Repsold, está sem esperança de ter a sua dívida de cerca de R$ 50 milhões quitada.

Repsold acredita que terá que pedir a "falência da Rio 2016" para conseguir receber a quantia. O executivo da multinacional francesa diz estar descontente com o COI.

No contrato firmado em 2009 com os organizadores brasileiros, o comitê internacional colocou uma cláusula que obriga judicialmente a Prefeitura do Rio e o governo do Estado a bancar um possível déficit. O COI é que precisa cobrar os dois entes governamentais o pagamento.

"Não consigo entender a lógica [do COI] de não cumprir a garantia. Essa dívida é um dano de imagem muito grande para todos", diz Repsold.

"O Rio vai ser sempre lembrado como uma Olimpíada que não se pagou", afirma o executivo da empresa.A GL Events foi a responsável por montar estruturas provisórias e hospitalidade em várias regiões de competições, como o Parque Olímpico e Deodoro.

Sem receber, a empresa teve que pedir um empréstimo da matriz na França para equilibrar as finanças. A GL negociava o pagamento com Carlos Arthur Nuzman, então presidente da entidade.

Responsável por operar os Jogos, o comitê gastou US$ 2,8 bilhões (R$ 8,8 bilhões) na realização do evento.

Em agosto do ano passado na reta final dos Jogos, a Prefeitura do Rio assinou um convênio de R$ 150 milhões para ajudar o comitê na organização da Paraolimpíada.

Na época, o então prefeito Eduardo Paes liberou R$ 30 milhões à organização do evento. O restante seria desembolsado conforme a prestação do primeiro repasse fosse feito, o que não ocorreu, segundo Paes. Além da ajuda da prefeitura, o governo federal também socorreu o comitê pouco antes do início da Paraolimpíada.

Com patrocínios de empresas públicas, a União liberou R$ 73,5 milhões dos R$ 100 milhões que havia prometido ao comitê. Com informaçoes da Folhapress. 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Jojo Todynho Há 19 Horas

Jojo Todynho veste roupa que usava antes de perder 50kg. "Saco de batata"

mundo EUA Há 18 Horas

Criança morre após ser forçada a correr em esteira pelo pai

brasil Herança Há 21 Horas

Viúvo de Walewska cobra aluguel para que sogros morem em imóvel da filha

brasil Rio Grande do Sul Há 21 Horas

Governador do RS alerta para "maior desastre da história" do estado

fama Brian McCardie Há 19 Horas

Morre Brian McCardie, ator da série Outlander, aos 59 anos

fama Bastidores da TV Há 11 Horas

Bianca Rinaldi relata agressões de Marlene Mattos: "Humilhação"

brasil MORTE-SC Há 20 Horas

Adolescente de 14 anos morre após ser picado por cobra venenosa em SC

mundo Londres Há 19 Horas

Responsável por ataque com espada em Londres tem cidadania brasileira

fama Isabel Veloso Há 21 Horas

Marido de influencer com câncer terminal: 'Finjo que não vai acontecer'

esporte Arábia Saudita Há 20 Horas

Sem folga: Al Hilal treina após garantir vaga na final; veja as imagens