Insatisfação leva Maia a esticar corda com Temer

Presidente da Câmara, porém, garante não ser um empecilho para a agenda do presidente

© Antonio Cruz/Agência Brasil

Política cabo de guerra 22/10/17 POR Folhapress

"Sou vaidoso como qualquer um. Adoro ser elogiado, mas sei do meu tamanho." Na noite de terça-feira (17), de seu gabinete na presidência da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) explicava a aliados a razão de não se considerar um problema para o Palácio do Planalto.

PUB

+ Com potencial de votos no Nordeste, candidatura de Huck anima empresários

Ao dar pequenos socos sobre a mesa, como para pontuar cada movimento que fez nas últimas semanas, mostrava que, ao esticar a corda com o governo Michel Temer, tenta reformular o discurso e testar seu protagonismo à frente da agenda de recuperação econômica do país.

Pessoas próximas sustentam em três pilares o prognóstico da oscilação no comportamento de Maia desde o dia 2 de agosto, quando Temer conseguiu se livrar da primeira denúncia contra ele no plenário da Câmara.

O deputado julga-se credor do governo pelo resultado, não se sentiu recompensado pelo Planalto -ao contrário- e viu frustradas suas previsões de que o presidente teria mais dificuldade para barrar a segunda acusação contra ele, por obstrução de Justiça e organização criminosa.

Sentindo-se preterido da mesa de negociação dos caciques do governo e com necessidade de se reposicionar no cenário em que Temer salva seu mandato, Maia começou a agir com indisposição em relação ao presidente.

A mudança de tom, porém, despertou ainda mais desconfiança no Planalto -que o trata como um político imaturo- e dúvidas entre integrantes do mercado financeiro, nicho em que Maia circulava com facilidade.

Eles querem saber qual será a postura do deputado no dia seguinte ao provável sepultamento da segunda denúncia, principalmente em relação a medidas consideradas impopulares, como o adiamento do reajuste de salário do funcionalismo e a reforma da Previdência.

Dirigentes do DEM e parte do séquito do presidente da Câmara garantem que ele não criará um cenário catastrófico, de obstrução à agenda proposta por Temer.

Usará, porém, de um argumento numérico para se colocar como o condutor dessas medidas no lugar do presidente: o governo terá apoio para barrar a segunda denúncia com cerca de 30 votos a menos do que os 263 que conseguiu da primeira vez, mas não poderá mais contar com uma base aliada robusta para comandar o Legislativo.

Deputados reclamam de promessas não cumpridas do Planalto na liberação de cargos e emendas parlamentares e prometem retaliação.

Maia aproveita as insatisfações para mirar dois projetos políticos -o seu e o de seu partido- que esbarram necessariamente nos planos de Temer e do PMDB.

Além de trabalhar para se reeleger deputado federal e presidente da Câmara, o democrata quer fortalecer o DEM com a migração de integrantes do PSB e de outros partidos. Pelas suas contas, a legenda precisa eleger de 40 a 50 deputados federais em 2018 para servir de "aeroporto" para uma possível candidatura presidencial.

Por enquanto, garante, o avião não será ele mesmo: "Se tivesse votos para ser candidato a presidente da República, eu seria, mas não tenho", é o que tem dito.

Os movimentos para que o DEM ganhe musculatura e conquiste o eleitorado de centro-direita incomodaram Temer -que tem os mesmos projetos para o PMDB. O presidente agiu de pronto, cortejou quadros do PSB que negociavam com os democratas e filiou ao PMDB o senador Fernando Bezerra (PE).

Maia se enervou e as disputas entre ele e o Planalto ganharam novos contornos.

QUEDAS DE BRAÇO

Aliados de ambos os lados dizem que as crises são apenas "artificiais". Entre o desconforto e o boicote, há um abismo. Desconforto este que culminou em três episódios em apenas dez dias.

O primeiro, na semana passada, quando Maia protestou contra a decisão do governo de obstruir a sessão e impedir a votação da MP da leniência dos bancos. Colocou na conta de Temer o naufrágio da proposta em plenário.

O bombeiro da vez foi o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que acordou com Maia que a Câmara poderia articular um projeto de lei sobre o tema.

Cinco dias depois, bateu boca pela imprensa com o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, chamando-o de "incompetente" após suas críticas à divulgação dos vídeos da delação do operador Lúcio Funaro, que implicam diretamente o presidente, no site oficial da Câmara.

Novamente Imbassahy serviu de para-raios. O ministro recebeu telefonema de Maia, que queria um pedido público de desculpas de Carnelós, o que não aconteceu.

Por fim, setores do governo insatisfeitos com Paulo Rabello de Castro, que hoje comanda o BNDES, começaram a aventar a possibilidade de demissão do executivo como um aceno a Maia.

Após barrar a primeira denúncia, Temer ofereceu o cargo para o presidente da Câmara nomear seu favorito, Marcos Falcão, ex-executivo do Icatu, ao posto. Mas a promessa não foi cumprida.

Para a reedição da disputa pelo BNDES, o bombeiro foi o próprio presidente. Em reunião com Maia na quarta-feira (18), no Planalto, Temer disse que faria pronunciamento à nação. O deputado retrucou que não era suficiente. Para ele, é preciso criar uma narrativa que mostre ao país por que foi melhor manter Temer no cargo.

Caso falhe no desafio, avaliam aliados, o presidente alargará a avenida para o protagonismo de Maia e pode se tornar refém de uma Câmara controlada por um aliado bastante indócil. Com informações da Folhapress. 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Vídeo Há 14 Horas

Influenciadora digital agride mulher na rua em MG; veja vídeo

mundo Coreia do Norte Há 16 Horas

Coreia do Norte confirma míssil e promete reforçar "força nuclear"

fama Sean Diddy Combs Há 16 Horas

Imagens de videovigilância mostram rapper agredindo a ex-namorada

brasil CHUVA-RS Há 11 Horas

Submersa há 15 dias, cidade mais afetada do RS reabre casas a conta gotas

justica São Paulo Há 16 Horas

Professora e os dois filhos são mortos em SP; PM é suspeito

brasil Vídeo Há 14 Horas

Menino de 6 anos é salvo de apartamento em chamas no Rio Grande do Sul; veja vídeo

lifestyle Signos Há 16 Horas

Os cinco signos mais estranhos do zodíaco. Conhece alguém da lista?

mundo EUA Há 17 Horas

Motorista de 23 anos morre após ser atingida na cabeça por pedra nos EUA

brasil sul do brasil Há 15 Horas

Nova frente fria avança no Sul, e Inmet coloca parte do RS, Santa Catarina e Paraná em alerta

brasil Vírus Há 14 Horas

Cientistas confirmam circulação de vírus mayaro em humanos em Roraima; entenda riscos