'Lucky' não é memorável, mas serve de homenagem a legado de Stanton

Filme de John Carroll Lynch chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (7)

© Reprodução

Cultura CRÍTICA 07/12/17 POR Folhapress

Será preciso esperar um pouco para ver o plano mais bonito de "Lucky", pois este é o plano final. É também a última chance de ver num papel principal o ator de "Paris, Texas" e de tantos episódios de "Twin Peaks" -entre muitos outros: Harry Dean Stanton.

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Stanton, que morreu em setembro deste ano, tornou-se uma espécie de lenda do cinema independente americano, quando mais não seja pela longevidade: morreu em setembro de 2017, aos 91 anos.

"Lucky" é o filme de Harry: a última idade, o prazer da independência (ser sozinho é diferente de ser solitário, gosta de acentuar), o gosto pelas caminhadas.

No restante do tempo passa pelo bar ou pela cafeteria do lugarejo onde mora (no Oeste, talvez Califórnia, talvez Novo México -em todo caso, lugar desértico), briga ou conversa com as pessoas, fuma e assiste televisão (sem interesse).

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Como muitos filmes independentes americanos, "Lucky" não foge ao hábito de se construir sobre vazios, sobre tempos mortos. Como muitos deles, sofre com os riscos que assume. Os encontros no bar, o desentendimento com o advogado (ele detesta a todos) não bastam para encher nossos olhos.

Existe algo de gasto nisso tudo. Não é Stanton, nem os cactos que povoam o deserto.

Mesmo o desmaio (ainda nos primeiros minutos) não nos retira desse sentimento de rotina que é o problema não do personagem, mas do filme. Ou, como diz Jorge Luis Borges em certa ocasião, a vida tem o direito a ser desinteressante, a arte não (não é bem isso o que diz, mas a ideia é essa).

No caso deste filme de estreia de John Carroll Lynch existe certa oscilação entre as duas coisas: há momentos em que o filme é interessante, a despeito de tratar de um homem que, nesse momento, encara face a face a perspectiva da morte.

Ele a teme, é verdade, mas nem por isso perde a vitalidade: existe alternativa? Melhor ser realista -é o que lhe ensina o dicionário.

Um realismo que um outro personagem não sem interesse da trama, Howard (David Lynch), terá de aprender depois que seu cágado foge, deixando-o sozinho (mais para solitário, no caso).

É desses pequenos, ínfimos fatos que se faz "Lucky". E, claro, da pergunta: será ele de fato um homem de sorte, como sugere seu apelido? Não é muito para fazer um filme memorável. É bastante para homenagear de forma bem simpática o veterano e sólido ator que foi Stanton.

LUCKY

DIREÇÃO John Carroll Lynch

ELENCO Harry Dean Stanton, David Lynch, Ron Livingston

PRODUÇÃO EUA, 2017, 14 anos

QUANDO em cartaz desde esta quinta (7)

AVALIAÇÃO regular

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