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Em seu segundo dia de visita ao Chile, nesta quarta (17), o papa Francisco esteve em Temuco, capital da Araucanía, região conflituosa devido aos constantes embates entre grupos de indígenas mapuche e empresas, proprietários de terras e Estado.
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Os mapuches, que habitam a região desde antes da chegada dos espanhóis no século 16, reclamam que suas terras foram confiscadas.
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Há grupos de ativistas mapuches que atuam em distintos níveis, do pacífico ao violento, alguns realizando atentados e provocando incêndios a propriedades privadas. Suas lideranças exigem a devolução de terras, o reconhecimento de sua cultura e a inclusão de seu idioma no currículo escolar na região.
Os mais radicais falam da criação de um Estado independente, que ocuparia o território em que viviam no passado, e que se estende pelo sul do Chile e da Argentina.
Nos dias anteriores à visita do papa, além de ataques a igrejas, um protesto bloqueou uma estrada e gerou conflito com a polícia, deixando feridos e levando ao reforço da segurança papal.
O pontífice pediu o fim da violência tanto do lado do Estado como dos indígenas.
"Existem duas formas de violência. Elaborar acordos que nunca chegam a concretizar-se é uma delas, porque causa frustração. Por outro lado, uma cultura de respeito mútuo não pode ser construída com violência. Não se pode pedir reconhecimento aniquilando o outro", disse.
A missa ocorreu no aeroporto de Maquehue, que o papa lembrou ter sido palco de violações de direitos humanos, pois funcionou como centro de detenção durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90):
"Ofereço esta cerimônia a todos os que sofreram e morreram, e a todos os que ainda levam sobre seus ombros o peso de tantas injustiças".
Assim como na Colômbia, onde citou o discurso de aceitação do Nobel por Gabriel García Márquez (1927-2014), o papa mencionou os prêmios Nobel locais em sermões.
Primeiro, foi Pablo Neruda (1904-73), ao dizer que as coisas positivas que fazemos são "a extirpação de uma imobilidade, o sacudir de uma prostração negativa".
Depois foi a vez de Gabriela Mistral (1889-1957), quando se referiu a Araucanía como "terra abençoada pelo Criador com a fertilidade de imensos campos verdes, com bosques cheios de imponentes araucárias". Com informações da Folhapress.