Bolsonaro falta a 70% das sessões de 'comissão militar'

O grupo é o responsável na Câmara dos Deputados por discutir parte das bandeiras defendidas pelo presidenciável

© Nilson Bastian / Câmara dos Deputados

Política ausência 18/01/18 POR Estadao Conteudo

Em ano pré-eleitoral, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) faltou a 70% das reuniões e audiências públicas realizadas pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, da qual foi membro titular em 2017. O grupo é o responsável na Câmara dos Deputados por discutir parte das bandeiras defendidas pelo presidenciável, como política externa, direito e processos militares e relações diplomáticas.

PUB

Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que Bolsonaro faltou até mesmo no dia em que o único projeto de lei de sua autoria em tramitação na comissão estava na pauta para ser votado. O texto, que estipula novas regras de combate ao terrorismo no Brasil, acabou retirado da pauta. Ao todo, ele se ausentou a 36 encontros e participou de apenas 15. E justificou sua ausência em somente dois dias.

Com filiação prometida ao PSL para disputar a Presidência da República em outubro, Bolsonaro já cumpre uma agenda intensa de pré-campanha, baseada em viagens e encontros com apoiadores em todo o País. De acordo com publicações feitas pelo próprio parlamentar e sua equipe, essas viagens podem explicar a ausência em ao menos oito encontros oficiais da comissão, quando o deputado já estava em viagem ou preparava sua ida gravando vídeos para convocar simpatizantes pelas redes sociais.

No dia 13 de dezembro, por exemplo, véspera da viagem de Bolsonaro às cidades de Manaus e Manacapuru, no Amazonas, os deputados presentes na reunião da comissão aprovaram relatório que propõe alterações em artigos dos Códigos Penal e Militar, um dos temas caros ao presidenciável. Ausente no encontro, o parlamentar gravou um vídeo relatando sua agenda de viagem naquele dia, no qual afirmou que a "Amazônia estava acima de tudo".

Reality

No dia seguinte, em 14 de dezembro, a comissão se reuniu novamente, mais uma vez sem a participação de Bolsonaro, que produzia um verdadeiro reality show online a partir de sua visita ao Estado - tirou fotos no Aeroporto de Manaus com apoiadores aos gritos de "mito", discursou em caminhão de som enrolado na bandeira amazonense, participou de um bate-papo sobre as potencialidades da Amazônia ao lado de autoridades locais e ainda compareceu à formatura de estudantes de um colégio militar.

Por estar fora de Brasília ou mesmo cumprindo outros compromissos na Câmara dos Deputados, Bolsonaro perdeu a chance ainda de se manifestar sobre duas moções aprovadas por seus colegas da comissão: uma de repúdio ao governo venezuelano por descumprimento da ordem democrática e outra de louvor pelo trabalho desenvolvido pelos soldados brasileiros durante a missão de paz no Haiti. Ambos os temas são de seu interesse, tanto as críticas à política de Nicolás Maduro como a valorização dos militares.

Outra votação perdida pelo parlamentar envolve o direito de militares de usufruírem de uma licença-paternidade estendida de 20 dias. O projeto que garante esse direito foi aprovado no dia 18 de outubro, mês em que Bolsonaro viajou aos Estados Unidos e só participou de um de sete encontros (veja quadro com o calendário ao lado).

Debate

"As ausências de Bolsonaro demonstram a dificuldade que o deputado tem com o debate político e com a troca de ideias. Mesmo naqueles temas que são suas bandeiras tradicionais, ele prefere se abster do debate. Bolsonaro prefere discursar em ambientes mais seguros, para os seus apoiadores ou por meio das redes sociais. Isso, talvez, denote dificuldade de articulação ou de substância intelectual", afirma o cientista político Rodrigo Prando, do Mackenzie.

Para a presidente da comissão, deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), as faltas de Bolsonaro e de outros parlamentares ocorrem por causa do acúmulo de funções assumidas. É comum, segundo a tucana, um deputado participar de mais de uma comissão permanente como titular ou suplente. Em 2017, Bolsonaro participou como titular da CPI da Funai e como suplente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado - nesta última, o presidenciável foi a nove reuniões.

Na análise do também cientista político Humberto Dantas, da FGV, a "participação modesta do deputado" mostra que ele se transformou em um agente de interesses simbólicos do que efetivos. "Essa seria a comissão que mais dialoga com o mandato dele. Era o local onde ele poderia brilhar naturalmente. Portanto, é de se estranhar essa aparente falta de interesse."

Procurado pela reportagem, Bolsonaro não se manifestou sobre suas ausências na comissão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Jojo Todynho Há 21 Horas

Jojo Todynho veste roupa que usava antes de perder 50kg. "Saco de batata"

mundo EUA Há 36 mins

Criança morre após ser forçada a correr em esteira pelo pai

brasil Herança Há 23 Horas

Viúvo de Walewska cobra aluguel para que sogros morem em imóvel da filha

brasil Rio Grande do Sul Há 23 Horas

Governador do RS alerta para "maior desastre da história" do estado

fama Brian McCardie Há 22 Horas

Morre Brian McCardie, ator da série Outlander, aos 59 anos

fama Bastidores da TV Há 14 Horas

Bianca Rinaldi relata agressões de Marlene Mattos: "Humilhação"

brasil MORTE-SC Há 22 Horas

Adolescente de 14 anos morre após ser picado por cobra venenosa em SC

mundo Londres Há 22 Horas

Responsável por ataque com espada em Londres tem cidadania brasileira

fama Isabel Veloso Há 23 Horas

Marido de influencer com câncer terminal: 'Finjo que não vai acontecer'

esporte Arábia Saudita Há 22 Horas

Sem folga: Al Hilal treina após garantir vaga na final; veja as imagens