Defesa vai recorrer de sentença que condenou policial por chacina

Sentença foi decidida nesta sexta-feira (2) por sete jurados

© Pixabay

Justiça Osasco 03/03/18 POR Notícias Ao Minuto

O advogado João Carlos Campanini, que defende o policial Victor Cristilder Silva dos Santos, disse nesta sexta-feira (2) que vai recorrer da sentença que condenou seu cliente a uma pena de 119 anos, 4 meses e 4 dias de reclusão em regime fechado. O policial foi julgado pela participação em 12 mortes e quatro tentativas de homicídio nas chacinas de Osasco e de Barueri, ocorridas no dia 13 de agosto de 2015, e que deixaram 17 mortos no total. A sentença foi decidida por sete jurados e lida na noite desta sexta-feira (2) pela juíza Élia Kinosita Bulman.

PUB

“Não tenha dúvida de que vamos recorrer”, disse ele, ressaltando que vai alegar que houve incoerência nas sentenças dadas a seu réu hoje e na dos demais policiais também acusados por participação nas chacinas, condenados em setembro. Para o advogado, a sentença tem chances de ser anulada em segunda instância.

Cristilder foi condenado por homicídio e tentativa de homicídio com todas as qualificadoras que lhe foram imputadas, como motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. No entanto, ele foi absolvido da imputação de formação de organização criminosa para cometer crimes (participação em grupo de extermínio).

“Houve total incoerência ali. O Victor Cristilder era acusado de ser o chefe da quadrilha. E os jurados o absolveram em relação a existir uma organização criminosa. Ou seja, o chefe da organização foi condenado a 119 anos, enquanto os demais foram condenados a 250 anos”, falou o advogado. “O povo de Osasco, na minha opinião, ainda não tem certeza se esses homens mataram essas pessoas”, acrescentou.

Cristilder ainda é réu em um outro julgamento que ainda será marcado. Ele é acusado pela morte de um rapaz em Carapicuíba, em uma chacina que ocorreu uma semana antes das de Osasco e de Barueri, e que teria também sido provocada como vingança pela morte de um policial militar. Para ele, a condenação do policial hoje não deve influir no outro julgamento. “Acredito que não [vai influenciar] porque cada julgamento é um julgamento”, falou.

Para o promotor Marcelo de Oliveira, a condenação do policial fez justiça. “Foi o resultado que eu esperava porque ele foi lógico, coerente com o julgamento anterior e foi extremamente justo. O resultado demonstra que o Ministério Público é intransigente com os direitos humanos”, falou ele a jornalistas, após a leitura da sentença. Para ele, a condenação do policial hoje foi obtida pelo conjunto de provas. “Não é uma só prova, é um conjunto”, disse.

Sobre o fato da pena de Cristilder ter sido bem menor que a dos demais policiais, que foram condenados a penas de mais de 200 anos no julgamento anterior, o promotor disse que a condenação do policial foi semelhante ao do guarda-civil também condenado pelo crime. “Os dois estavam umbilicalmente ligados. Era a mesma prova. Era a coordenação do evento”, falou.

Parentes

A sentença revoltou os parentes de Cristilder. A tia da esposa do policial, Eunice dos Santos, disse ter achado a condenação “um absurdo”. “Foi o absurdo dos absurdos. Foi uma tremenda injustiça. Ele é inocente”, disse ela. Já a mãe de Cristilder chorou muito e saiu sem falar com a imprensa.

O tio de Cristilder reclamou que as sete perguntas que foram levadas aos jurados (entre elas, se ele concorreu para as mortes e se fazia parte de grupo de extermínio) e que decidiriam o destino de seu sobrinho deveriam ser simplificadas. Para ele, isso ajudou na condenação do sobrinho. “O júri, infelizmente, percebe-se que eles são grandes profissionais na área em que trabalham. Mas são leigos [em direito]. Poderia ser simplificada a situação. Tenho certeza que eles se equivocaram, eles não reuniram condições de responder a essas perguntas”, disse Roberto Alves da Silva.

A sentença, no entanto, foi muito comemorada pelos parentes das vítimas, que abraçaram o promotor e posaram para fotos com ele, logo depois que souberam da condenação de Cristilder. “Nossos mortos não vão voltar. A justiça foi feita. Meu filho iria fazer 37 anos no dia 17. Tenho dó da família deles [dos policiais condenados] também, das mães deles, mas eles deveriam ter pensado antes de fazer [as chacinas]. Nós mães vamos ter que viver o resto da vida com essa dor. Nada vai pagar [isso], indenização, a sentença, nada”, disse Zilda Maria de Paula.

“Estou de coração partido porque nada traz meu filho de volta. Mas há a sensação de alívio por Deus ter concedido ser feita justiça aqui na terra. Nossa luta não foi em vão. Sofro também pelos familiares deles. Entendo a dor dos familiares, mas nossa dor não tem mais volta. O que eles [policiais] estão colhendo é o que eles plantaram, infelizmente”, disse Rosa Francisco Correia, mãe de um rapaz que foi assassinado na chacina.

+ Dois homens são presos com mais de 300 kg de maconha em rodovia do RJ

Primeiro julgamento

O julgamento das chacinas de Osasco e de Barueri foi desmembrado em dois. No primeiro deles, ocorrido em setembro do ano passado, os sete jurados decidiram condenar os policiais militares Fabrício Emmanuel Eleutério e Thiago Barbosa Henklain, além do guarda-civil Sérgio Manhanhã. O policial Fabrício Emmanuel Eleutério foi condenado à pena de 255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão. O também policial Thiago Barbosa Henklain recebeu sentença de 247 anos, 7 meses e 10 dias. Já o guarda-civil Sérgio Manhanhã foi condenado a 100 anos e 10 meses. As penas somam mais de 600 anos.

Os dois policiais foram acusados de terem disparado contra as vítimas e respondiam por todas as mortes e tentativas de assassinato. Já o guarda-civil, segundo a acusação, teria atuado para desviar viaturas dos locais onde os crimes ocorreriam e foi denunciado por 11 mortes. Eles responderam por homicídio qualificado, por motivo torpe, com emprego de recurso que dificulta as perdas das vítimas e praticado por grupo de extermínio, além de responderem pelo crime de formação de quadrilha. Com informações da Agência Brasil. 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo EUA Há 18 Horas

Mulher vence loteria de 1 milhão pela segunda vez em 10 semanas

brasil Brasil Há 16 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"

tech WhatsApp Há 17 Horas

WhatsApp deixa de funcionar em 35 celulares antigos; veja a lista

fama MADONNA-RIO Há 18 Horas

Madonna passa som em Copacabana com Pabllo Vittar; veja as fotos

tech Espaço Há 18 Horas

Missão europeia revela imagens mais detalhadas da superfície do Sol

mundo EUA Há 19 Horas

Criança morre após ser forçada a correr em esteira pelo pai

brasil CHUVA-RS Há 18 Horas

Temporais no RS matam 31, inundam cidades e isolam moradores sem resgate

fama Bastidores da TV Há 16 Horas

Bianca Rinaldi relata agressões de Marlene Mattos: "Humilhação"

brasil CHUVA-RS Há 15 Horas

Temporais devem continuar a atingir o RS e vão chegar a SC até o fim de semana

fama Brad Pitt Há 15 Horas

Brad Pitt faz passeio romântico com a namorada Ines de Ramon