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Em meados do ano passado, entrou em vigor uma lei, promovida por Putin, proibindo a propaganda homosexual para menores. Ativistas da comunidade gay dizem que, por ser vaga, a legislação promove a homofobia em teoria, pois dois homens de mãos dadas em público poderiam ser multados ou presos.
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Alexander, de 47 anos, trabalha com turismo em Sochi. Dimitri, de 35 anos, era do servico secreto russo, antes de conhecer Alexander na internet. Depois de dois anos de namoro, os dois decidiram morar juntos, mas fora da Rússia, onde se sentem discriminados pela legislação e pela sociedade. Optaram pela Argentina, primeiro país da América Latina a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo - mesmo as estrangeiras, que não precisam se naturalizar para usufruir da lei de matrimonio igualitario. Eles pediram ajuda aos ativistas Alex Freyre e Jose Maria Di Bello, que formam o primeiro casal gay legalmente casado na Argentina.
¨Eles souberam de nós pela imprensa, e nos pediram ajuda para casar e pedir asilo político aqui. Na Rússia, eles não vão mais poder viver, depois do matrimonio. Estariam fazendo propaganda homosexual e correm o risco de serem presos¨, disse Alex Freyre, antes do casamento.
Os noivos e as testemunhas se encontraram na manhã de hoje (25) em cartório, no centro de Buenos Aires. Alexander e Dimitri estavam vestidos iguais, para enfrentar o calor local: calças curtas, casaco sem mangas e uma flor azul, vermelha e branca (as cores da bandeira russa) na lapela. Como não falam espanhol, foram acompanhados por uma tradutora, para entender a cerimonia. Na hora das alianças seguiram a tradição de seu país e colocaram o anel de casado na mão direita.
¨Queremos viver em um lugar que nos aceite como somos, e onde possamos viver e trabalhar livremente e legalmente. Sabíamos que a Argentina tem longa tradição de acolher bem os imigrantes¨, disse Alexander. Obter residência na Argentina não é difícil, e até quem entra no país ilegalmente, pode pedir a nacionalidade após dois anos. Mas o casal quis pedir asilo político para denunciar a discriminação na Rússia. ¨É uma decisão politica¨, explicou Alex Freyre.