'Tropikaoslista' associa bom personagem com panorama sob a ditadura

Diretor José Walter Lima narra a trajetória de Rogério Duarte sem recorrer a depoimentos, que não os do próprio

© Divulgação

Cultura Crítica 27/04/18 POR INÁCIO ARAUJO para Folhapress

INÁCIO ARAUJO - "Tropikaoslista" começa por achar um bom personagem, na pessoa de Rogério Duarte, intelectual múltiplo (de designer a compositor) que marcou como poucos gerações de criadores dos anos 60. Em seguida, o diretor José Walter Lima toma outra boa providência, que consiste em narrar a trajetória dele sem recorrer a depoimentos, que não os do próprio. Com isso, intervenções exteriores surgem na forma de poemas (Carlos Rennó) ou músicas (Gil e Caetano).

PUB

Como acontece com frequência, essa história começa na Bahia, na agitação cultural de Salvador dos anos 1950, e prossegue no Rio, para onde Duarte vai em 1962, logo se ligando ao designer Aloísio Magalhães e ao CPC da UNE, do qual se torna diretor de arte. Como acrescenta a isso um amplo cenário do que foram as artes brasileiras à época (Helio Oiticica, Lygia Clark, Glauber Rocha), o filme se abre promovendo uma rica associação entre o personagem - que circula e influencia tantas atividades - e, como decorrência, anunciando o panorama da atividade cultural sob a ditadura.

+ Brad Pitt vai produzir filme sobre denúncias contra Harvey Weinstein

O que ocorre depois é o exílio interior ("inxílio", ele denomina). E a obra o segue em sua deriva: esconderijo, trabalho como agricultor, misticismo. Se isso permite conhecer melhor sua trajetória, vivacidade, capacidade de adaptação ligada a uma percepção intelectual privilegiada, de algum modo também distancia o filme daquilo que anunciara. Ou seja: deixa no ar a pergunta sobre o destino dessa geração. O que, afinal, ela produziu de efêmero ou duradouro? O que resta ou restou desse momento a um tempo tétrico e luminoso?

"Tropikaoslista" segue o caminho inverso ao de "Uma Noite em 67", que, partindo de uma noite em um festival de música, acaba produzindo uma imagem forte da época. Temos de início um Rogério Duarte ativo na vida intelectual, circulando por diversos meios, produzindo. Temos no final um Rogério Duarte sempre interessante e intransigente, mas retirado e místico.

Talvez corresponda, com exceção dos personagens forçosamente midiáticos (Gil, Caetano), à trajetória da geração. Na segunda parte, o filme se separa um tanto daquilo, mais amplo, que promete no início. Pode ser culpa do Brasil ou de as coisas terem se passado com ele como se passaram. O longa se enfraquece, mas sem nunca se perder, sem trair o personagem, sem jamais se valer de facilidades que tanto contribuem para levar certos filmes ao sucesso. Com informações da Folhapress.

ROGÉRIO DUARTE, O TROPIKAOSLISTA

Avaliação: bom

Produção Brasil, 2017, 12 anos

Direção: José Walter Lima

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo EUA Há 19 Horas

Mulher vence loteria de 1 milhão pela segunda vez em 10 semanas

brasil Brasil Há 18 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"

tech WhatsApp Há 18 Horas

WhatsApp deixa de funcionar em 35 celulares antigos; veja a lista

fama MADONNA-RIO Há 20 Horas

Madonna passa som em Copacabana com Pabllo Vittar; veja as fotos

tech Espaço Há 19 Horas

Missão europeia revela imagens mais detalhadas da superfície do Sol

mundo EUA Há 21 Horas

Criança morre após ser forçada a correr em esteira pelo pai

brasil CHUVA-RS Há 20 Horas

Temporais no RS matam 31, inundam cidades e isolam moradores sem resgate

fama Bastidores da TV Há 18 Horas

Bianca Rinaldi relata agressões de Marlene Mattos: "Humilhação"

brasil CHUVA-RS Há 17 Horas

Temporais devem continuar a atingir o RS e vão chegar a SC até o fim de semana

fama Brad Pitt Há 17 Horas

Brad Pitt faz passeio romântico com a namorada Ines de Ramon