NFL tenta calar líderes de protestos com rejeição e isolamento

Liga segue um padrão de desdém e repúdio que tem tudo a ver não só com a hierarquia do esporte, mas também com racismo e conivência

© Joe Nicholson-USA TODAY Sports

Esporte Futebol 27/05/18 POR Folhapress

Há pouco mais de um ano, Colin Kaepernick virou agente livre na NFL e não encontrou um time sequer que o queria. Agora, é a vez de Eric Reid procurar uma nova equipe, lidar com a antipatia dos donos de franquias e acusar a liga de futebol americano dos EUA de boicote. Um padrão de desdém e repúdio que tem tudo a ver não só com a hierarquia do esporte, mas também com racismo e conivência.

PUB

Reid foi companheiro de Kaepernick no San Francisco 49ers e o primeiro a apoiá-lo, em 2016, nos protestos contra a violência policial no tratamento aos negros nos Estados Unidos. Isso tudo muito antes de o ato de ajoelhar durante o hino nacional se tornar popular como repúdio a Donald Trump, presidente americano que atacou atletas e liga no ano passado.

A evolução dos protestos tem tudo a ver com a 'perseguição' de que Kaepernick e Reid acusam a NFL. Eles foram os pioneiros, marcaram terreno e insistiram na pauta. Então, Trump forçou uma queda de braço, e os atletas responderam ficando de joelhos, como a dupla dos 49ers um ano antes. Apesar da ampla adesão na época, o assunto esfriou rapidamente, e a opinião pública logo condenou os envolvidos. Nesta semana, a liga criou uma nova regra para multar os times cujos jogadores se ajoelharem durante o hino.

+ Zidane é o primeiro técnico a vencer três Champions seguidas

Enquanto tudo isso acontecia, Kaepernick não jogou uma partida sequer. Titular em 11 semanas da temporada de 2016, de repente, o quarterback não servia mais -nem para o San Francisco 49ers, nem para as demais franquias. Vinte jogadores de sua posição foram negociados no período: alguns voltaram da aposentadoria, outros subiram de ligas menores, mas Kaepernick não foi procurado sequer para ser reserva. Neste ano, a situação de Eric Reid é bastante parecida: após temporada consistente, a quinta seguida como titular, o safety de 26 anos só encontra portas fechadas.Ainda que Reid seja uma adição bastante interessante à defesa da maioria dos times da NFL, só o Cincinnati Bengals o convidou para uma espécie de 'entrevista de emprego'. O encontro terminou logo, segundo a imprensa dos EUA, porque o jogador não cedeu quando questionado sobre sua posição quanto às manifestações. A pergunta direta sobre as crenças políticas de Reid seria uma violação do acordo coletivo da Associação de Jogadores da NFL (NFLAP), por isso ele repetiu Kaepernick e prestou queixa de conivência contra a liga, oficializando a acusação de boicote. Sua situação, no entanto, segue bastante vulnerável.

Reid entende as condições em que está e não faz mistério sobre arrefecer a luta que começou em 2016. Há dois meses ele reconheceu que "temos que mudar, com o tempo" e busca se adaptar às circunstâncias. "Não estou dizendo que vou deixar de ser ativo, porque não vou. Só vou considerar diferentes maneiras de ser ativo", disse. O passo atrás é uma concessão para continuar na NFL. De certa forma, Reid precisa abdicar de seus ideais para seguir no esporte.

No âmbito jurídico, provar conluio contra Reid é tão difícil quanto foi no caso de Kaepernick. É preciso encontrar uma ligação entre o posicionamento dos donos de franquia, o que pode vir a ser um desafio e tanto. E nada garante que os donos de franquias tenham deliberadamente combinado um boicote a este ou aquele jogador -não demonstrar interesse em contratá-lo já é uma reprimenda. O mercado de trabalho da elite do futebol americano é naturalmente limitado a 30 equipes, e a dupla, descartada até segunda ordem, pode cair no ostracismo. (Folhapress)

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica CHUVA-RS Há 18 Horas

Mortes pelas chuvas chegam a 75 e governador fala em 'Plano Marshall'

justica Santos Há 23 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

fama MADONNA-RIO Há 21 Horas

Madonna posta vídeo abraçada com Pabllo Vittar e agradece ao Brasil

fama BERNARD-HILL Há 20 Horas

Morre Bernard Hill, que atuou em 'Titanic' e 'Senhor dos Anéis', aos 79 anos

mundo enchentes no Rio Grande do Sul Há 20 Horas

Papa Francisco reza por vítimas de chuvas no Rio Grande do Sul

brasil Rio Grande do Sul Há 23 Horas

Loja da Havan fica debaixo d'água em Lajeado, no Rio Grande do Sul

mundo EUA Há 19 Horas

Padre usa 200 mil reais do cartão da igreja para jogar 'Candy Crush'

brasil CHUVA-RS Há 20 Horas

Nível recorde do Guaíba coloca Porto Alegre em alerta de 'inundação severa'

fama MADONNA-RIO Há 19 Horas

Tradutora da Globo viraliza ao evitar expressões sexuais de Madonna em show

politica Rio Grande do Sul Há 20 Horas

Lula chega a centro de operações do Exército em Porto Alegre para se reunir com Eduardo Leite