Com greve, Petrobras já perdeu mais de R$ 120 bi em valor de mercado

Estatal cai mais 14% nessa segunda (28), bolsa brasileira segue em baixa e dólar sobe

© Reuters / Paulo Whitaker

Economia MERCADO FINANCEIRO 29/05/18 POR Folhapress

A Bolsa brasileira emendou a quarta baixa nesta segunda-feira (28), afundou mais de 4% e perdeu os ganhos que acumulava no ano, com o mercado todo de olho nos desdobramentos da paralisação de caminhões no país e temores de que as contas públicas já possam ser afetadas. O dólar se aproximou de R$ 3,73.

PUB

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, despencou 4,49%, para 75.355 pontos, menor patamar desde 22 de dezembro do ano passado. No ano, passou a acumular queda de 1,37% -até sexta (18), antes dos protestos, registrava alta de 8,74%.

O giro financeiro foi de cerca de R$ 11 bilhões, em dia marcado pelo menor fluxo de estrangeiros com as bolsas americanas fechadas devido a feriado nos Estados Unidos.

As ações da Petrobras despencaram pelo oitavo pregão seguido. Os papéis preferenciais (mais negociados) caíram 14,6%, para R$ 16,91, enquanto os ordinários (com direito a voto) recuaram 14,07%, a R$ 19,79.

Desde que a paralisação começou, a Petrobras perdeu R$ 120 bilhões em valor de mercado e deixou de ser a empresa mais valiosa da Bolsa. Valendo R$ 248,1 bilhões, caiu para a quarta posição, superada por Ambev (R$ 311 bilhões), Vale (R$ 270 bilhões) e Itaú Unibanco (R$ 265 bilhões).

Confirmando os pronunciamentos do governo, a Petrobras anunciou oficialmente o mercado que nesta segunda que manterá por 60 dias uma redução de R$ 0,46 no preço do diesel e que, após esse prazo, os reajustes passarão a ser mensais, e não mais até diários como dita a política da companhia em vigor.

+ Entenda como o governo irá viabilizar a redução no preço do diesel

A companhia disse que será ressarcida pela União pela redução adicional -além da já anunciada na semana passada, de 10% no diesel por 15 dias- e que isso não haverá prejuízos ao caixa.

"O fato de que a viabilidade da política de preços da Petrobras depende da concessão subsídios ainda deve levar a questionamentos no mercado", escreveu a equipe de estratégia e análise da XP Investimentos em relatório a clientes. "Ainda restam dúvidas sobre como será a forma de pagamento do reembolso pelo governo (e como isso impactará resultados), e qual o nível de prêmio e margens de refino que a empresa conseguirá manter quando retomar os reajustes de diesel após 60 dias."

Uma pessoa próxima à estratégia da Petrobras disse à agência Reuters que a companhia quer receber antecipadamente os recursos referentes ao congelamento do diesel por 60 dias anunciado pelo presidente Michel Temer, até para que não haja uma má sinalização para o mercado, que já penalizou duramente suas ações temendo comprometimento de receitas e a possibilidade de novas interferências governamentais na estatal.

Em nota a clientes, a equipe do banco suíço UBS ponderou que que a mudança na política de preços poderia levar a alterações na gestão da empresa. O risco de uma renúncia do presidente da Petrobras, Pedro Parente, também deixa investidores tensos. O executivo é visto com bons olhos pelo mercado porque acabou com a política de controle de preços dos combustíveis pela estatal.

A crise dos combustíveis contaminou quase todo o mercado acionário brasileiro ao evidenciar fragilidades do governo federal e após economistas apontarem impactos nas contas públicas.

Ao todo, o custo fiscal do governo para atender aos pedidos da categoria de caminhoneiros chega a R$ 13,5 bilhões, que serão compensados por cortes de gastos e aumento de outros impostos. Assim, segundo explicou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, chegou-se ao limite do teto de gastos deste ano, sem sobra em relação às metas fiscais.

Pesquisa Focus do Banco Central mostrou que o mercado reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira neste ano, depois de uma semana de paralisação de caminhoneiros, com a mediana das estimativas do PIB (Produto Interno Bruto) caindo a 2,37%, ante 2,5% antes.

"Não é mais só questão de preocupação com abastecimento e outros problemas, é um questão de PIB, estamos começando a ter impacto muito ruim e isso contamina os ativos", diz Cleber Alessie, da corretora HCommcor.

AÇÕES

Das 67 ações que compõem o Ibovespa, 65 caíram e apenas duas subiram -ambas do setor de celulose.

As siderúrgicas foram atingidas em cheio pelo momento nacional conturbado. A CSN caiu 10,4%, a Gerdau recuou 6,25% -a Metalúrgica Gerdau, sua holding controladora, perdeu 7,51%- e a Usiminas recuou 7,33%. A Vale conseguiu se segurar mais e caiu 0,8%.

A equipe de estratégia da XP Investimentos estimou que as siderúrgicas podem perder até 20 por cento do faturamento de maio, ou 7% do trimestre.

Analistas do BTG Pactual afirmaram em nota a clientes, citando um "exercício teórico", que a cada cinco dias úteis de paralisação o impacto nas vendas das siderúrgicas brasileiras listadas seriam de: perda de 7% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para Usiminas, 4% para Gerdau e 3% para CSN.

A concessionárias também sofrem com a queda no fluxo de caminhões nas estradas e são afetadas pela medida anunciada pelo governo de estender para rodovias estaduais e federais a isenção da cobrança de pedágio pelo eixo suspenso (vazio). A Ecorodovias caiu 6,17%, e a CCR, 4,53%.

O cenário político frágil e a fuga da investidores estrangeiros pressionam as ações dos bancos. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 4,23%. As ações preferenciais do Bradesco caíram 4,23%, e as ordinárias se desvalorizaram 3,44%. O Banco do Brasil despencou 7,34%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil perdem 3,66%.

As altas ficaram por conta da Suzano (+1,53%) e Fibria (+1,14%). Apesar de a Suzano ter anunciado que paralisaria suas operações e a Fibria ter decidido reduzir o ritmo de produção nas fábricas em Jacareí (SP) e Três Lagoas (MS), as ações dessas empresas são consideradas mais seguras em cenários turbulentos, porque mantém forte relação com o dólar, que se valoriza ante o real no dia. 

CÂMBIO

Com a grande aversão ao risco, investidores buscaram proteção no dólar.

O dólar comercial subiu 1,63%, para R$ 3,729. O dólar à vista também avançou 1,63%, mas para R$ 3,72.

"O mercado está focado no problema fiscal, com o impacto que as medidas vão ter nas contas públicas", afirmou o diretor de câmbio da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo. "Outras paralisações podem elevar o rombo."

A FUP (Federação Nacional dos Petroleiros) convocou uma paralisação de 72 horas a partir de quarta (30).

O BC vendeu integralmente a oferta de até 15 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, totalizando US$ 5,75 bilhões desde a semana retrasada, quando vendia por dia até 5.000 contratos.

A autoridade também vendeu integralmente a oferta de até 4.225 swaps tradicionais para rolagem do vencimento de junho, no total de R$ 5,650 bilhões. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Equador Há 8 Horas

Imagens fortes! Vídeo mostra assassinato de Miss Landy Párraga

economia Profissões Há 17 Horas

Top 10 profissões que pagam mais de R$ 15 mil por mês; veja

fama LUCIANA-GIMENEZ Há 16 Horas

Luciana Gimenez é internada em hospital em São Paulo

fama Nicole Kidman Há 16 Horas

Nicole Kidman e Keith Urban em rara aparição com as filhas em evento

fama VIVIANE-ARAÚJO Há 14 Horas

Ex de Viviane Araújo diz que ela traiu Belo com ele enquanto era casada

mundo Utah Há 17 Horas

Gata é enviada por correio acidentalmente e fica 7 dias sem água e comida

justica Violência Há 17 Horas

Homem é assassinado com 23 tiros durante raio-x em hospital na Bahia

mundo Reino Unido Há 12 Horas

Menino de 13 anos morre após ataque com espada em Londres

mundo Ucrânia Há 13 Horas

Ataque russo em Odessa deixa quatro mortos e 27 feridos

mundo Espanha Há 15 Horas

Homem é detido por matar irmão e confessa que também matou mãe