Pacientes da Santa Casa de São Paulo têm que comprar até dreno

No entanto, instituição alega tratar-se de casos isolados

© Edson Lopes Jr./ A2 Fotografia

Brasil denúncia 11/08/18 POR Folhapress

Pacientes internados na Santa Casa de São Paulo e seus familiares têm sido obrigados a comprar remédios e outros insumos que não estão sendo fornecidos pelo hospital durante o período de tratamento.

PUB

A reportagem ouviu relatos de três famílias sobre a situação crítica da entidade, que está em grave crise financeira e atolada em dívidas.

O aposentado Calixto Bonsante, 71, sofre de problemas no pâncreas e esteve internado na Santa Casa entre os dias 15 de julho e 8 deste mês. Sua filha, a garçonete Lilian Bonsante de Oliveira, 35, afirma que a família foi obrigada a desembolsar cerca de R$ 350 para comprar fitas para medição de glicemia, drenos para uma operação, remédios diversos e curativos.

"Os funcionários nos disseram que não tinham como fornecer o que foi preciso comprar, que era melhor a gente providenciar. Ficamos sabendo que o hospital passava por crise, mas não tinha ideia de que estava nesse ponto", afirma Lilian.

+ Explosão na Usiminas provoca abalo de 1,86 grau na escala Richter

A garçonete conta que chegou a fazer uma reclamação formal na ouvidoria do hospital, mas ainda não obteve resposta. "Antigamente, a Santa Casa era referência para o atendimento dos menos favorecidos. Hoje em dia o cenário mudou bastante", reclama Lilian.

Já o aposentado Cícero Costa Medeiros, 75, está internado há 15 dias por causa de trombose nas pernas e diabetes. Seu filho, o taxista Márcio Rodrigues, 43, conta que os parentes já gastaram cerca de R$ 250 para comprar fitas de medição de glicose, gazes e outros insumos para curativos.

"A gente não queria gastar por contra própria, mas não teve jeito. Queremos que o meu pai tenha o melhor atendimento possível. Mas o hospital deveria ser totalmente gratuito, como sempre foi", afirmou o taxista.

A Santa Casa é uma entidade privada, filantrópica, e recebe recursos por meio do SUS, governo do estado, prefeitura, convênios e doações. Em 2016, pegou empréstimo de R$ 360 milhões da Caixa Econômica Federal.

Um comerciante de 63 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que ficou internado nas últimas semanas na Santa Casa, em virtude de problemas de circulação no pé esquerdo.

Ele diz que gastou, somando com seus familiares, aproximadamente R$ 250 para comprar soro fisiológico para assepsias, óleos, gazes e outros insumos para viabilizar curativos e amenizar a dor na perna.

O comerciante diz que o hospital está em uma situação muito precária e que viu, em seu período de internação, que faltam itens básicos todos os dias.

Por causa das complicações dos problemas circulatórios, o comerciante teve de amputar parte da perna durante o período de internação. O hospital, segundo afirma o comerciante, teria prometido providenciar uma prótese e também fornecer acompanhamento psicológico.

"Por causa do corte, os cuidados com os curativos foram ainda maiores, aumentando os custos. Espero que o hospital se recupere e volte a ter atendimento de qualidade", disse.

A Santa Casa resolveu lançar, em maio deste ano, quando a dívida do hospital estava em cerca de R$ 700 milhões, um projeto em que pessoas físicas e jurídicas podem doar kits cirúrgicos para atender pacientes que estão em filas de procedimentos sem urgência e de diferentes complexidades.

Em uma iniciativa piloto, cerca de 20 taiwaneses bancaram kits para 60 cirurgias ginecológicas, com investimento de R$ 65 mil. O grupo acompanhou da compra até a entrega dos insumos.

Quem adotar o kit não pode escolher o paciente nem terá ingerência no procedimento. As cirurgias vão respeitar filas e urgência. No departamento de ginecologia, por exemplo, a espera vai de três meses, para casos mais simples, a cinco anos, para os mais complexos.

Em média, um kit para operação ginecológica custa R$ 1.000, mas há cirurgias de outras áreas que demandam por mais materiais, que podem chegar a R$ 30 mil todo o conjunto. A meta é fazer com que grandes empresas ou instituições doem grandes lotes de cirurgias.

Em nota, a Santa Casa diz que não é prática da instituição transferir a responsabilidade de aquisição de materiais ou medicamentos a seus pacientes e familiares. Alegou que existe um rigoroso processo de controle de entrada de insumos provenientes de doação.

Apesar dos relatos à reportagem, a instituição argumenta que o caso do paciente Calixto "deve se tratar de algo isolado", não considerando os outros depoimentos.

Sobre o programa de doação de kits, a Santa Casa afirma que só recebeu, até agora, os R$ 65 mil do projeto piloto. A respeito da crise financeira, explica que realiza "ajustes estruturais". Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo EUA Há 23 Horas

Faxineira pede demissão após 27 minutos de trabalho em hotel; entenda

fama Anthony Vella Há 21 Horas

YouTuber sofre grave acidente em queda de paraglider filmada; assista

justica Violência Há 16 mins

Homem é assassinado com 23 tiros durante raio-x em hospital na Bahia

fama Gusttavo Lima Há 21 Horas

Gusttavo Lima interrompe espetáculo após mulher ser agredida

economia DESENROLA-BRASIL Há 23 Horas

Saiba como se inscrever no Desenrola Brasil e negociar suas dívidas

esporte Óbito Há 14 Horas

Jogador morre após bater a cabeça em muro que cercava o campo na Argentina

mundo EUA Há 22 Horas

Desaparecida, filha do co-fundador do Slack é flagrada em van com homem

esporte São Paulo FC Há 23 Horas

Filho de Will Smith posta foto com camisa do São Paulo e web reage; veja

mundo EUA Há 20 Horas

Imagens mostram destruição causada por tornado em Oklahoma

esporte EUA Há 23 Horas

Jogador da NFL é baleado em tiroteio na Florida