Enfermeiros desafogam fila da saúde em SC

Florianópolis tem capacitado a enfermagem para fazer consultas, prescrever alguns remédios, renovar receitas, entre outros serviços

© Pixabay

Brasil Serviço 26/08/18 POR Folhapress

O aposentado José Manuel Vasques chega à unidade de saúde para renovar a receita do anti-hipertensivo. Diabético e um pouco anêmico, ele é acompanhado por uma equipe de saúde da família em Florianópolis (SC).

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No consultório, o enfermeiro Mateus da Silva Kretzer pergunta como Vasques está se sentindo, olha o prontuário no computador, checa as medicações usadas e mede a pressão arterial. Tudo em ordem. Quinze minutos depois, o aposentado é liberado.

"Às vezes, me consulto com a médica, outras passo só com o enfermeiro. Mas nunca saio daqui sem ser atendido", diz Vasques, 65, que perdeu o plano de saúde em 2013 e desde então é atendido no SUS.

Capital com a maior cobertura de saúde da família do país, Florianópolis tem capacitado a enfermagem para fazer consultas, prescrever alguns remédios, renovar receitas, além de pedir exames de acompanhamento do paciente (por exemplo, de glicemia).

Nas unidades de saúde, esse profissional possui consultório próprio e divide com o médico de família o cuidado de diabéticos e hipertensos controlados, o acompanhamento do pré-natal de baixo risco e a testagem e o tratamento de pessoas com HIV e sífilis, além de fazer exames preventivos de câncer de colo uterino e de mama.

Desde 2013, quando os enfermeiros passaram a ter uma atuação clínica mais efetiva, houve um aumento de 30% do acesso da população aos serviços de saúde, chegando a 210.404 pessoas em 2016 (últimos dados consolidados).

"O importante não é só aumentar o acesso, mas qualificar a rede, garantir que o serviço seja prestado dentro da melhor evidência científica existente", afirma Elizimara Siqueira, responsável pela enfermagem da rede municipal de Florianópolis e conselheira do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina.

Os protocolos clínicos de enfermagem de Florianópolis seguem recomendações do Ministério da Saúde e do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem). Também se baseiam em diretrizes de instituições renomadas como BMJ (British Medical Journal) e Cochrane (uma rede de cientistas independentes que investiga a efetividade de tratamentos).

No município, o tratamento inicial de sífilis, doença que avança no país todo, triplicou. Entre 2013 e 2016, a média de casos novos atendidos por médicos e família e clínicos-gerais era de 20 por mês.

A partir de 2016, quando a enfermagem foi capacitada também para cuidar da doença, o número mensal de novos pacientes pulou para 70. Os enfermeiros fazem o teste rápido para a detecção da sífilis e, se positivo, imediatamente já medicam o paciente com penicilina.

"Em muitos lugares do nosso país, a gente vê a doença na nossa cara e não pode tratar", diz a enfermeira Anna Carolina Rodrigues, do departamento de vigilância do município de Florianópolis.

Em muitas situações, porém, a enfermagem faz o trabalho de diagnóstico e tratamento da sífilis de forma camuflada, com aval do médico da unidade de saúde.

"É muito frequente o enfermeiro bater na porta do médico já com a prescrição pronta [de penicilina] e só pedir para ele assinar", diz Elizimara.

Uma recente parceria entre a Opas (Organização Panamericana de Saúde) e o Cofen quer ampliar a atuação clínica dos enfermeiros no SUS como forma de aumentar o acesso e a eficiência dos serviços de atenção básica à saúde, como ocorre em países com sistemas universais,como Reino Unido e Canadá.

A proposta é treinar esses profissionais para uma enfermagem de práticas avançadas, que envolverá um mestrado profissional ou uma residência na especialidade.

Essa também é uma das recomendações de um relatório do Banco Mundial para tornar a atenção primária mais eficiente. Mas a atuação clínica dos profissionais enfrenta resistência dos conselhos médicos. No ano passado, o CFM (Conselho Federal de Medicina) ingressou com ação na Justiça tentando proibir essas atividades da enfermagem sob a alegação de que elas invadiriam as atribuições dos médicos. O caso foi arquivado.

Para Donizetti Giamberardino, coordenador da comissão de defesa do SUS do CFM, o embate não é motivado por corporativismo. "Defendemos os princípios de universalidade e equidade do SUS, a mesma medicina de qualidade para todos."

Segundo ele, o sistema deve ser multiprofissional, mas sem substituição do médico por outro profissional da saúde. Afirma ainda que os protocolos de enfermagem geram uma preocupação em relação à segurança do paciente porque o diagnóstico clínico envolve muitas nuances que só o médico está capacitado para entendê-las.

No entanto, entre médicos de família e enfermeiros de Florianópolis, a convivência é harmônica. "Há um respeito mútuo e uma união de esforços para fazer o melhor possível pelo paciente. Sem o trabalho da enfermagem, não daríamos conta de atender a todos", diz a médica de família Danusa Graeff Chagas Pinto, coordenadora de uma unidade de saúde.

"Nossa prática não vem substituir o papel do médico em nenhum serviço de saúde. A ideia é fornecer à população o que lhe é direito, e nós temos formação técnica para suprir, mas, por ignorância de gestores, nem sempre conseguimos executar", diz a enfermeira Anna Carolina.

Quase dois terços dos 303 enfermeiros da capital catarinense têm formação em medicina de família. O município mantém uma residência na especialidade para médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde.

"A gente não abre mão da evidência, tanto para a segurança do profissional quanto para o do paciente. E não é só um copia e cola dos estudos. Há uma comissão que opina, questiona. A rede é parte da construção do protocolo", explica Elizimara.

Os protocolos levam em conta as demandas que mais chegam ao posto. Uma delas, por exemplo, é o tratamento de feridas. "Não queremos estar na porta de entrada só fazendo triagem do que o médico vai atender ou não. Queremos ser resolutivos." Com informações da Folhapress.

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