Uma grande dama no teatro, Beatriz Segall marcou por elegância e humor

Era uma atriz que tinha repertório e grande formação, na descrição de José Possi Neto, um dos encenadores com quem mais trabalhou

© AgNews (Foto de arquivo) 

Cultura Análise 05/09/18 POR Folhapress

NELSON DE SÁ - Em sua passagem mais recente pelo palco, há três anos no musical "Nine", Beatriz Segall entrava lentamente e se mantinha na lateral, para uma cena curta.

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Estava lá antes para ser celebrada ou, melhor, para transmitir algo de sua história no teatro às atrizes da peça, algumas muito jovens, em início de carreira, como Malu Rodrigues e Myra Ruiz.

Era uma atriz que tinha repertório e grande formação, na descrição de José Possi Neto, um dos encenadores com quem mais trabalhou.

É lembrada por peças como "O Lado Fatal", de 1996, um "tour de force" em que mostrava, sozinha em cena, o que a levou a ser tão reconhecida por décadas no teatro -antes e além das malvadas de telenovela.

Representou com arrebatamento emocional e também físico uma mulher que recorda e revive a paixão da juventude, a posterior sedução do suicídio, até a aceitação serena dos limites de sua própria existência. Emocionava às lágrimas.

+ 'Foi uma mulher que se reinventava sempre', diz Falabella sobre Segall

Noutra peça do período, "Três Mulheres Altas", em que o autor Edward Albee retrata as três fases na vida de uma mulher, Beatriz Segall foi a mais velha, papel que havia sido criado por Maggie Smith, e se destacou mesmo diante de duas atrizes de qualidade como Marisa Orth e Nathália Thimberg.

Com elegância e humor, as suas características mais persistentes, a interpretação para a personagem nonagenária a mostrou à vontade, talvez no ápice do domínio do palco.

Poucos anos antes, deixou forte marca também em "O Tempo e os Conways", do grupo Tapa, dirigida por Eduardo Tolentino. Mas esta foi, na verdade, a sua segunda ou terceira existência teatral. 

A primeira havia começado no teatro amador, na virada dos anos 1940 para os 50, quando a jovem professora de francês Beatriz de Toledo, de família tradicional do Rio, estudou interpretação e chegou a dividir cena com o célebre ator e diretor francês Jean-Louis Barrault, então na cidade.

Trabalhou nos anos seguintes, entre outros, no Teatro Popular de Arte de Maria Della Costa e nos Artistas Unidos de Henriette Morineau, parando tudo para cuidar dos filhos com o economista Maurício Segall, filho do pintor Lasar Segall.

Após novos estudos, agora na França, se estabeleceu em São Paulo e passou a integrar o Teatro Oficina, primeiro em substituição a Morineau, em "Andorra", depois no elenco de "Os Inimigos", ambas encenadas por Zé Celso.

Os conflitos de ambos, atriz e diretora, se tornaram célebres, nos bastidores do teatro daqueles meados dos anos 1960.

Foi seu período mais produtivo, atuando por uma década em peças de autores como Gianfrancesco Guarnieri, Ibsen e Shakespeare, com diretores como Flávio Rangel, Celso Nunes e Gianni Ratto.

Foi quando trabalhou ao lado do marido, também autor teatral, no grupo do Teatro São Pedro. Integrante da ALN (Ação Libertadora Nacional), ele chegou a ser preso nos anos 1970.

Beatriz Segall, no final da carreira, lamentou seguidas vezes o estereótipo que precisou combater desde o princípio, de ser ou parecer rica. Dizia precisar trabalhar, como qualquer outro ator. Com informações da Folhapress. 

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