Putin promete reforço em jogo de guerra, que tem escala questionada

O exercício é anunciado como o maior desde 1981 e impressiona pela quantidade de sistemas de armas que mobilizou

© Reuters / Lehtikuva Lehtikuva

Mundo treinamento 13/09/18 POR Folhapress

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitou o principal campo de treinamento do jogo de guerra Vostok-2018 nesta quarta (13) e prometeu "continuar a reforçar nossas Forças Armadas e desenvolver cooperação militar internacional".

PUB

O exercício é anunciado como o maior desde 1981 e impressiona pela quantidade de sistemas de armas que mobilizou, mas o seu real tamanho não é consenso entre analistas russos e ocidentais.

"A escala é maciça, de fato, mas não estou certo sobre o número de 300 mil participantes do lado russo", afirmou o cientista político Konstantin Frolov, de Moscou.

+ Itália nega acordo com Alemanha sobre refugiados

Ele aponta para o mesmo raciocínio descrito pelo analista americano Michael Kofman em seu blog: os números estão sendo inflados, mas o fato é que não há nem recursos orçamentários para colocar um terço das forças russas em ação num exercício.

"Para cada batalhão (500 homens) engajado, eles certamente contarão uma brigada inteira (5.000), e para uns poucos regimentos (até 3.000), uma divisão inteira (até 20 mil)", escreveu Kofman, pesquisador do Wilson Center (Washington).

Para o analista russo Alexander Goltch, os números são inflados, mas ainda podem estar na casa dos 100 mil ou mais. Em artigo no jornal Novos Tempos, ele acha mais irreal o número de mil aeronaves e 36 mil blindados a serem transferidos de todo o país para a região em torno do lago Baikal, na Sibéria, onde o Vostok (Leste, em russo) se desenrola.

Politicamente, tanto faz. Assim como no ano passado, quando o exercício Zapad (Oeste)-2017 arrepiou espinhas no leste da Europa, o que importa é o fator psicológico.

Se no Zapad o temor era de participação de tropas acima do permitido por tratados internacionais sem supervisão dos países europeus, agora no Vostok resolveu assustar pela grandiosidade.

O presidente ressaltou que há 87 observadores de 59 países no campo de treino de Tsugol, 130 km ao norte da fronteira chinesa, onde viu tanques, blindados, helicópteros e muitos soldados em marcha -em especial os convidados especiais vindos da China.

Aliados com várias suspeitas mútuas, Moscou e Pequim estão sob pressão do Ocidente e buscam mostrar para o mundo que há a possibilidade de coordenação militar se assim for necessário. "É nosso dever estarmos prontos para defender nossa soberania e, se necessário, apoiar aliados", disse Putin, ressaltando algo ironicamente que a Rússia é uma "amante da paz".

A Rússia está sob sanções ocidentais desde 2014, quando patrocinou a reabsorção da Crimeia ucraniana a seu território. Já a China vive uma guerra comercial aberta com os EUA, disputa patrocinada pelo presidente americano, Donald Trump.

Há aspectos militares a serem considerados, contudo. O treinamento de centros de comando e controle conjuntos é mais importante do que a presença de 3.200 soldados chineses e um punhado não divulgado de mongóis. Fragatas modernas russas, que vão patrulhar os interesses energéticos de Moscou e Pequim no Ártico, manobram nos mares de Bering, Japão e Okhotsk.

Bombardeiros estratégicos russos Tu-95, táticos Su-34 e mísseis Iskander atingiram alvos à distância. Tanques chineses foram enviados para o exterior pela primeira vez em anos.

A Otan, aliança militar ocidental liderada pelos EUA, não ficou inerte. Mesmo já tendo um grande exercício, com 40 mil homens, marcado para outubro na Noruega, a Otan fez uma simulação envolvendo caças de dez países europeus nesta quarta. A missão: interceptar supostos aviões invasores russos.

É um trabalho que ocorre quase diariamente. Desde o agravamento das tensões com o Ocidente, Moscou intensificou seus voos de reconhecimento bordejando espaço aéreo dos rivais. A ideia é testar seu poder de reação, o que em tempos de paz significa chegar perto da fronteira, ser interceptado à distância por um caça e ir embora.

Em 2016, pico dessa atividade, foram 870 incidentes do tipo nos céus europeus. Nesta mesma quarta, dois caças F-22 americanos interceptaram dois Tu-95, capazes de lançar ataques nucleares, perto da costa do Alasca. Com informações da Folhapress. 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

justica Santos Há 6 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

politica CHUVA-RS Há 1 Hora

Mortes pelas chuvas chegam a 75 e governador fala em 'Plano Marshall'

mundo Miami Há 10 Horas

Saco com é cobras encontrado nas calças de passageiro em aeroporto

fama MADONNA-RIO Há 9 Horas

Madonna fez da praia de Copacabana a maior pista de dança do mundo

fama Bruce Willis Há 10 Horas

Após diagnóstico de demência, como está Bruce Willis?

tech Espaço Há 20 Horas

Missão europeia revela imagens mais detalhadas da superfície do Sol

fama PAULO-GUSTAVO Há 5 Horas

Thales Bretas relembra morte de Paulo Gustavo: 'Horas boas, horas bem amargas'

fama Rio de Janeiro Há 10 Horas

Madonna encerra show histórico em Copacabana com homenagem a Michael Jackson

brasil Brasil Há 22 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"

politica STF Há 5 Horas

Moraes estabelece prazo para diligências sobre Monark