Bolsonaro assume com aval do mercado, mas sob escrutínio da indústria

Representantes de setores empresariais afirmaram que estão otimistas com o novo governo

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Economia Mercado financeiro 29/10/18 POR Folhapress

Eleito com uma plataforma liberal na economia, Jair Bolsonaro (PSL) assumirá a Presidência com a missão de cumprir as promessas que fez ao mercado financeiro, mas ficará sob escrutínio da indústria que teme uma abertura unilateral da economia, nos moldes do que foi feito pelo ex-presidente Fernando Collor.

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Economistas ouvidos pela reportagem dizem que, nos próximos dias, a Bolsa deve encontrar fôlego para subir mais e o real deve seguir se valorizando em relação ao dólar, num período que deve ser de lua de mel entre o mercado financeiro e o governo.

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Na avaliação de Marcos Casarin, economista-chefe para a América Latina da Oxford Economics, o otimismo do mercado com Bolsonaro é fundamentado.

"Pela primeira vez em 12 anos, temos a chance de dar uma guinada na política econômica com certa garantia de pouca interferência do Estado na economia."

Em um prazo mais longo, no entanto, a percepção geral é que os desafios são imensos e devem se impor.

"Bolsonaro vai enfrentar uma economia com crescimento fraco, desemprego alto e contas públicas muito deterioradas, tendo que encontrar rapidamente apoio político para avançar na parte fiscal", diz Alberto Ramos, diretor de pesquisas para América Latina do Goldman Sachs.

Os dois maiores bancos privados do país -Itaú Unibanco e Bradesco- soltaram notas à imprensa parabenizando o presidente eleito e pedindo urgência nas reformas estruturais.

Segundo o comunicado do Itaú Unibanco, "encerrado o processo eleitoral, é hora de unificar a sociedade em torno de um objetivo comum que visa a superação dos desafios que o Brasil enfrenta".

Já Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, disse que a "população fez sua escolha de maneira livre e soberana" e que o país agora precisa de um "sentido de urgência para adotar as medidas que nos direcionem para a retomada do crescimento".

Representantes de setores empresariais ouvidos pela reportagem afirmaram que estão otimistas com o novo governo, que chegará com o respaldo das urnas para promover as reformas previdenciária e tributária.

Ressaltam, todavia, que apoiam uma maior inserção do Brasil no mercado externo apenas por meio de acordos bilaterais.

Para José Velloso, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), é urgente uma "profunda" reforma da Previdência, que reduza os benefícios concedidos aos servidores públicos. Na sua opinião, ajustar os gastos do governo é a única maneira de baixar juros e estimular o investimento.

Ele também apoia uma reforma tributária, que desonere o investimento e a exportação, mas é contra a abertura unilateral da economia que vem sendo ventilada por alguns assessores de Bolsonaro.

"Temos uma economia que não pode ser aberta de imediato. Se fizermos isso, vamos repetir o mesmo erro do Collor e destruir empregos no Brasil."

Em relatório enviado a clientes, a XP Investimentos afirmou que o plano de governo de Bolsonaro aborda a "redução de muitas alíquotas de importação e das barreiras não tarifárias, em paralelo com a constituição de novos acordos bilaterais internacionais".

Segundo a corretora, empresas de setores como siderurgia e industriais, como a fabricante de motores WEG, poderiam ser negativamente impactadas.

Na semana passada, representantes da indústria estiveram com Bolsonaro em encontro intermediado pelo deputado Onyx Lorenzoni, já indicado como futuro chefe da Casa Civil do novo governo.

Na reunião, externaram sua preocupação com o tema e pediram que o então candidato desistisse, por exemplo, da ideia de fundir os ministérios da Fazenda e da Indústria -pleito que deve ser atendido.

"Nunca é bom concentrar muitos poderes em uma única pessoa", explicou Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), referindo-se à promessa de Bolsonaro de transformar o economista Paulo Guedes num "superministro", que englobaria Fazenda, Planejamento e Indústria.

Conforme o empresário, a principal tarefa do novo presidente será "pacificar" o país e, em seguida, promover reformas estruturais, como previdência, tributária e política.

Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), está "otimista" com o novo governo, que teria "autoridade" para implementar as reformas que o país necessita.

"Bolsonaro chega com grande respaldo popular, o que vai facilitar sua relação com o Congresso". Ele, contudo, também se revela "preocupado" com a possibilidade de uma abertura unilateral da economia. Com informações da Folhapress.

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