Polícia gaúcha investiga ameaças a menina com síndrome de Down

O caso aconteceu em Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul

© Reprodução

Justiça Interior 03/11/18 POR Folhapress

 

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No dia 24 de outubro, a veterinária Daniela Pimentel Chaves, 43, estava na sala de casa, preparando a mochila para a filha ir à escola, como todos os dias. O marido fazia o almoço na cozinha e a menina, de 8 anos, se arrumava no quarto. Ela parou quando encontrou, entre os livros, um pedaço de papel com o recado: "negro na senzala/gay no armário/retardado na apae/ B17".

A assinatura faz referência à candidatura do presidente eleito no domingo (28), Jair Bolsonaro (PSL). Nas redes sociais, Daniela havia se manifestado a favor de Fernando Haddad (PT).

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"Eu tenho uma posição política bem definida, quem me conhece sabe. Então, acho que usaram ela para me atingir. No primeiro momento, amassei e botei no lixo, mas fiquei com aquilo entalado na garganta. Mostrei para o meu marido e fomos à polícia", conta à Folha de S.Paulo.

O caso aconteceu em Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul. O casal registrou um boletim de ocorrência e procurou a escola onde Maria Eduarda, que tem síndrome de Down, estuda há três anos. Eles acreditam que o bilhete tenha sido colocado na mochila ainda no local.

"Nos pegou de surpresa, porque nunca havia notado preconceito contra ela. Ela se dá muito bem com os colegas, não é a única criança de inclusão na escola. Cheguei a pensar se não foi alguém de fora", diz a mãe.

Nos comentários de sites que repercutiram a história, Daniela foi acusada de ter forjado o recado para forçar um ponto de vista político.

O Instituto Educacional Metodista, que tem 98 anos de atuação, abriu uma sindicância interna para apurar os fatos. Segundo o diretor da escola, Rubem Nei da Silva, funcionários e professores foram ouvidos e as imagens do circuito interno de segurança encaminhadas à polícia.

"É muito ruim, é desumano até. O conteúdo é racista, homofóbico e agressivo. A escola está condenando veementemente", avalia Silva.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o ocorrido e começou a ouvir funcionários da escola. O caso está com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Passo Fundo.

Segundo o delegado Mário Pezzi, responsável pelas investigações, ainda serão feitos testes grafológicos para encontrar caligrafias que se pareçam à do bilhete. Caso seja identificado, o responsável pode responder por injúria racial qualificada, crime inafiançável, com pena prevista de um a três anos de reclusão.

"Até o momento, não temos indicação de autoria nenhuma. A única coisa que temos são depoimentos de testemunhas, vamos ter que ir atrás do resto", diz Pezzi.

A Apae da cidade, lugar onde a menina estudou até os 3 anos, lançou uma nota de repúdio ao conteúdo do bilhete, lembrando que "não é demérito" frequentar a instituição. O texto diz também que é "inapropriado utilizar terminologias pejorativas ao se referir às pessoas com deficiência, pois todas (...) devem ser respeitadas na sua singularidade".

Daniela diz que resolveu tornar o caso público para mostrar que o preconceito machuca. A família também pretende processar o responsável, se for identificado.

"Tentar, pelo menos, que haja punição. Quando eu coloquei o bilhete fora, me senti como a mulher que é espancada pelo marido e não denuncia. Enquanto as pessoas não forem punidas, vai continuar acontecendo. Mesmo que esse caso não seja punido, vou incentivar outras pessoas a também denunciarem", afirma. Com informações da Folhapress.

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