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Desde que romperam em 2010 uma aliança que havia perdurado por mais de duas décadas no Ceará, o senador Tasso Jereissati (PSDB) e o senador eleito Cid Gomes (PDT) não sentavam na mesma mesa torno de um possível projeto político comum.
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O hiato foi encerrado na semana passada, quando ambos reuniram-se e Brasília para discutir sucessão para a presidência do Senado, que acontece em fevereiro do próximo ano.
Um mês depois da derrota de Ciro Gomes no primeiro turno da eleição presidencial, o PDT reforça o movimento de afastamento do PT, busca uma integração com outros partidos da centro-esquerda e retoma o diálogo com antigos desafetos de legendas como o PSDB.
Com o movimento, o partido pretende criar uma nova força de oposição ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) que possa fazer frente ao PT, que terá 53 deputados federais e seis senadores a partir de 2019. A estratégia passa pela disputa de espaços nas duas Casas Legislativas.
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"Não vamos ser inimigos do PT. Mas também há um consenso na nossa bancada de que não seremos liderados pelo PT. Vamos construir o nosso caminho", afirma o presidente nacional do PDT Carlos Lupi.
À frente das articulações, o senador eleito Cid Gomes afirma que o objetivo é construir um grupo que não será oposição sistemática ao presidente Jair Bolsonaro, mas ao mesmo também não integrará a base aliada.
A construção do grupo, afirma Cid, se dará em duas etapas. A primeira já está em curso: a criação de bloco de centro-esquerda no Congresso Nacional que deve englobar legendas como PSB, Rede e PPS.
A segunda etapa será construção de uma frente de blocos partidários que possam atuar de forma conjunta em pautas específicas e em disputas internas -caso da eleição para a presidência das Câmara e Senado.
Para isso, o PDT buscará pontes com partidos como PSDB, Solidariedade, Podemos, PHS e até mesmo legendas mais próximas a Bolsonaro como DEM e PP.
No caso da eleição para a presidência do Senado, o nome do senador Tasso Jereissati tem sido apontado como uma opção que agradaria o grupo: tem experiência, trânsito entre os demais senadores e teria uma postura de independência em relação ao novo governo.
"A intenção da conversa com o PSDB é buscar uma aproximação estratégica no cenário nacional", afirma Cid, que reforçou o nome de Tasso como elo de aproximação com os tucanos: "Estivemos em lados diferentes, mas sempre houve respeito mútuo".
A reaproximação acontece pouco menos de um mês depois de Cid Gomes ter feito fortes críticas ao PT após o primeiro turno das eleições presidenciais na qual Ciro Gomes (PDT) ficou em terceiro lugar.
As críticas foram feitas em um ato em prol de Fernando Haddad (PT), que disputava o segundo turno contra Jair Bolsonaro.
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Na ocasião, Cid cobrou que a direção do PT que fizesse mea culpa de seus erros e chamou de babacas os militantes petistas que protestaram contra seu discurso.
O tom crítico foi reafirmado por Ciro Gomes em entrevista à Folha de S.Paulo na qual ele afirmou ter sido "miseravelmente traído" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que não faria mais alianças com o PT.
A nova postura em relação ao PT, contudo, tem potencial para gerar ruídos dentro da própria base eleitoral dos irmãos Ferreira Gomes.
No Ceará, o PDT apoia e integra a base aliada do governador Camilo Santana (PT), reeleito em outubro com 79,96% dos votos para mais quatro anos de mandato. A relação entre os dois partidos já vinha enfrentado uma série de arestas desde antes das eleições, como no caso da decisão do governador de apoiar a tentativa de a reeleição do senador Eunício Oliveira (MDB), adversário ferrenho de Ciro Gomes.
Mas foi o episódio do discurso de Cid Gomes no segundo turno das eleições presidenciais que mais gerou desconforto entre ambas as partes. Nomes importantes do PT do Ceará, como o deputado federal José Guimarães, chegaram a defender o fim da aliança com o PDT no estado.
O governador Camilo Santana, por outro lado, tem adotado uma postura mais moderada e contemporizou as críticas de Cid e Ciro Gomes.
A decisão também traz um cálculo político -PDT terá nos próximos quatro anos a maior bancada na Assembleia Legislativa do Ceará com 14 dos 48 deputados estaduais, enquanto o PT tem apenas quatro.Cid Gomes segue na mesma linha e reafirma aliança local com Camilo Santana. Mas diz não arrepender-se do duro discurso que fez contra o partido do governador.
"Fiz minhas críticas ao PT com a melhor das intenções, para contribuir. Acredito que para merecer o perdão, tem que pedir desculpas e mudar de atitude. E o PT não fez isso", diz. Com informações da Folhapress.