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Contrariando o senso comum, o popularmente conhecido “sopro no coração” não é de fato uma doença cardíaca segundo especialistas. Ele nada mais é que um ruído produzido pela passagem do fluxo de sangue através das estruturas do coração, podendo ser funcional ou fisiológico (sem risco) ou mesmo patológico, em decorrência de defeitos no coração, congênitos ou adquiridos com o passar dos anos.
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“As válvulas presentes no coração precisam abrir e fechar corretamente para permitir que o sangue circule em determinado sentido. Sendo assim, o mau funcionamento destas válvulas pode gerar uma turbulência do fluxo sanguíneo, e consequentemente, vibração nas estruturas, o que gera o ruído característico do sopro”, explica o cirurgião cardiovascular, Dr. Marcelo Sobral.
Desmistificando algumas das principais questões sobre o assunto, o especialista afirma que o sopro no coração nem sempre é indicativo de problema de saúde em crianças. “A condição é tão comum e inofensiva na maioria dos casos que é possível dizer que quase metade das crianças saudáveis vai apresentar ruídos como este, sem que haja nenhuma alteração cardíaca”, conta Sobral.
Já para aqueles que acreditam que o sopro é característico apenas de pessoas com histórico de problemas cardiovasculares, o cirurgião afirma que este é outro mito. “O sopro pode ser causado por má formação do coração, por doenças degenerativas das válvulas, adquiridas com a velhice ou por infecções e alguns tipos de reumatismos, mas o que poucos sabem é que situações comuns em que há um aumento do fluxo sanguíneo como durante o exercício físico, uma febre e até mesmo a gestação, podem gerar sopros”, diz o espec ialista.
Por ser uma condição na maioria das vezes inofensiva, acredita-se que pode ser assintomática, mas Sobral faz algumas ressalvas. “Crianças com sopro fisiológico, não costumam apresentar sintomas, mas quando a condição está associada a sintomas como falta de ar, cansaço, febre ou dor no peito, esses sinais não devem ser ignorados, independente da idade”, reforça o médico.
De acordo com Sobral, na grande maioria das vezes, apenas com o estetoscópio é possível identificar o sopro fisiológico, no entanto, há casos que exigem diagnóstico mais preciso, por meio de exames como eletrocardiograma, raios X de tórax e ecocardiograma. “Por mais simples que seja o problema, nem sempre o diagnóstico será dado no instante da primeira consulta e o tratamento pode ser mais rigoroso, pois dependendo da gravidade pode ser indicada cirurgia”, conclui o cirurgião.