Sanções à Venezuela podem afetar mercado de petróleo e elevar preços

Na semana passada, os EUA impuseram sanções contra a gigante venezuelana PdVSA

© Reuters / Christian Hartmann

Economia Combustíveis 03/02/19 POR Estadao Conteudo

O aprofundamento das turbulências na Venezuela exacerbam problemas na distribuição de petróleo denso, deixando os fabricantes de combustível na mão e também deixando claro as limitações do xisto dos Estados Unidos.

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Na semana passada, os EUA impuseram sanções contra a gigante venezuelana PdVSA, em uma tentativa de impedir que o dinheiro da venda de petróleo para os EUA chegue ao governo do presidente Nicolás Maduro. A medida ameaça a entrega de mais de 5 mil barris por dia de petróleo venezuelano para os EUA.

O país sul-americano é a segunda maior fonte de importações de petróleo dos EUA. Embora essas vendas venezuelanas aos EUA tenham caído cerca de 50% ao longo da última década, os produtores americanos ainda enfrentarão dificuldades para repor o produto.

As companhias de xisto dos EUA, cuja produção superou expectativas e atingiu níveis recordes no ano passado, produziram petróleo que é baixo em enxofre e tem uma densidade baixa. Esse tipo de petróleo "leve, doce", no jargão do setor, é abundante nos EUA, em comparação com o "pesado", ou denso, fornecido por países como a Venezuela.

Muitas refinarias americanas são configuradas para processar um misto de barris pesados e leves e necessita dos dois tipos para produzir de modo eficiente combustíveis como gasolina e diesel. "A situação no curto prazo poderia se tornar muito séria", advertiu Sandy Fielden, diretor da companhia de pesquisas no setor Morningstar. "Nós veremos os preços para os petróleos mais pesados dispararem se qualquer falta ocorrer."

A queda na oferta da Venezuela e outros exportadores e dados econômicos positivos levaram os contratos de petróleo nos EUA atingir a máxima em dois meses recentemente, a US$ 55,26 o barril.

As sanções contra a PdVSA ocorrem num momento em que o petróleo pesado torna-se mais escasso. A produção na Venezuela recuou 45% desde 2014, em meio a um quadro delicado político e econômico. O Canadá, outro grande produtor de petróleo pesado, tem enfrentado problemas em oleodutos, o que levou a paralisações na produção. Outros países que produzem petróleo denso, como México e Arábia Saudita, têm visto sua produção recuar recentemente. "Não há muitos países no mundo que têm petróleo pesado", resume Devin Geoghegan, diretor global da Genscape.

Ao sufocar um importante canal de petróleo, as sanções poderiam prejudicar a produção nas refinarias dos EUA. A Citgo Petroleum, uma subsidiária da PdVSA, e a Valero Energy foram no ano passado as maiores importadoras de petróleo da Venezuela, segundo o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês), e devem ser as mais afetadas pela redução da oferta. Elas são seguidas por Chevron e PBF Energy.

Na quinta-feira, a Valero disse que não mais comprava petróleo da Venezuela. A companhia afirmou que tinha alternativas e buscava maximizar sua presença no petróleo mais leve, segundo Gar Simmons, vice-presidente. "Mas ainda temos algumas lacunas a preencher em nosso plano de oferta", reconheceu.

A Chevron disse a investidores na sexta-feira que buscava planos de contingência.

O governo Trump tem minimizado o impacto doméstico das sanções. Na última segunda-feira, o secretario do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que elas gerarão um efeito mínimo nos preços da gasolina.

No curto prazo, os grandes estoques de gasolina podem ajudar a amortecer o impacto do petróleo mais caro. Na semana passada, os futuros de gasolina subiram 2,3% e os de diesel avançaram 1,4%.

"O impacto da falta de petróleo venezuelano deve ser modesto sobre os preços da gasolina e do diesel pelo menos até a primavera e que algo do excesso de estoque tenha sido usado", afirmou Charles Kemp, vice-presidente da consultoria de energia Baker & O'Brien Inc.

Analistas advertem, porém, que um período prolongado de dificuldades na oferta de petróleo pesado poderia levar refinarias a pagar um prêmio por este tipo e a reduzir o ritmo de processamento. "Isso se traduzirá necessariamente em preços mais caros de gasolina", disse a analista Paola Rodriguez-Masiu, da Rystad Energy.

Na quinta-feira, o petróleo Maya, do México, do tipo pesado, era negociado menos de US$ 1 abaixo do Louisiana Light Sweet, a referência da Costa do Golfo, sendo que esse petróleo mexicano era negociado US$ 7,50 mais barato na média no ano passado, segundo a S&P Global Platts. Historicamente, o petróleo mais leve custa mais que o pesado, pois precisa de menos processamento para gerar derivados. Mas as diferenças entre os tipos têm diminuído nos últimos meses.

No ano passado, sanções contra o petróleo do Irã geraram temores de diminuição dos estoques globais de tipos mais pesados. Em novembro, o governo Trump emitiu licenças para que alguns países pudessem continuar por 180 dias a comprar o produto sem sofrer punições.

As sanções contra a Venezuela poderiam levar a reduções ainda maiores na produção do país, o que levaria a uma falta disseminada de petróleo pesado no mercado. "A noção otimista de que o petróleo da Venezuela apenas irá para algum outro lugar é potencialmente um problema", disse Robert Campbell, analista da consultoria Energy Aspects. "Há um entendimento na indústria de que o alcance das sanções americanas vão bem além das fronteiras dos EUA", afirmou ele. Fonte: Dow Jones Newswires. Com informações do Estadão Conteúdo. 

Leia também: Eleições de Alcolumbre e Maia devem animar mercado, dizem economistas

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