Reunião de ministro com ONGs frustra discussão sobre monitoramento

Santos Cruz disse a participantes que governo apoiará nova redação de MP enviada ao Congresso

© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil 

Política Gestão 16/02/19 POR Folhapress

JOELMIR TAVARES - SÃO PAULO, SP - Um grupo de ONGs (organizações não governamentais) que cobra explicações sobre o monitoramento de entidades pelo governo Jair Bolsonaro ficou frustrado após uma audiência marcada pelo ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, para quinta-feira (14).

PUB

A rede de 65 entidades nutria nas últimas semanas a expectativa de ser recebida para falar de uma medida provisória, a MP 870, que deu à pasta do general a atribuição de acompanhar e coordenar o trabalho de ONGs e de organismos internacionais no Brasil.

+ Lei impede que Bebianno assuma cargo de direção em alguma estatal

Santos Cruz, de fato, abriu o gabinete a representantes de ONGs, mas para discutir segurança pública -embora, no fim das contas, tenha tocado no tema da MP e dito aos participantes que o governo apoiará uma mudança na redação do texto apresentada ao Congresso.

Em janeiro, dezenas de entidades de diferentes áreas, nacionais e estrangeiras, se uniram e enviaram uma carta ao ministro pedindo um encontro para tratar da supervisão, vista por elas como uma ameaça ao direito democrático de associação.

Entre os que assinaram o manifesto estavam os institutos Ethos, Socioambiental (ISA) e de Defesa do Direito de Defesa, a Conectas Direitos Humanos, a Rede Nossa São Paulo, os movimentos Agora!, Acredito e Brasil 21, a Transparência Brasil, o Geledés (Instituto da Mulher Negra) e a Oxfam Brasil.

O Planalto, em resposta, se apressou em dizer que a medida não significaria interferência ou risco à independência dos grupos. Também mostrou disposição em receber representantes para conversar e informou que faria contato com autores da correspondência para decidir uma data.

Uma audiência com Santos Cruz foi enfim marcada para a quinta passada em Brasília, mas com apenas três entidades da carta, todas da área de segurança pública -os institutos Igarapé e Sou da Paz e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Aí surgiu a insatisfação no restante do grupo, que entendeu que o governo estava se propondo a debater apenas segurança, e não o monitoramento dos organismos. Na segunda-feira (11), as entidades divulgaram nova carta para dizer que houve negativa da Secretaria de Governo de estabelecer um diálogo.

Pessoas envolvidas no agendamento disseram que a confusão aconteceu porque as três organizações já vinham requerendo um encontro em Brasília antes de aderirem ao manifesto com as outras entidades. A duplicidade de pedidos teria causado um mal-entendido.

Os representantes do Igarapé, do Sou da Paz e do FBSP falaram a Santos Cruz que estavam no gabinete como estudiosos da área de segurança, e não na condição de porta-vozes dos colegas críticos à MP.

Na pauta entraram temas prioritários para o trio, como o decreto sobre posse de armas, o pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) e as mudanças sobre a Lei de Acesso à Informação feitas sob Bolsonaro.

"O ministro se mostrou aberto para ouvir e declarou que os temas mais sensíveis serão muito debatidos com a sociedade e com o Congresso", disse Renato Sérgio de Lima, do FBSP, após o encontro.

Nova redação Durante a reunião, o general afirmou que o governo trabalhará por uma revisão no trecho da MP que fala do monitoramento de organizações. Ele não deu detalhes aos convidados.

Nesta sexta-feira (15), a assessoria de Santos Cruz disse à reportagem que ele se referia a uma emenda ao texto apresentada pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) na segunda-feira (11).

O ministro e a área técnica da pasta viram com bons olhos a sugestão da parlamentar da base aliada e devem trabalhar pela aprovação da proposta, que será discutida no Congresso.

Kicis recomendou um ajuste "de modo a esclarecer que não se pretende interferir no funcionamento de organizações internacionais e da sociedade civil com atuação no território nacional". O discurso é o adotado por Santos Cruz desde o início da polêmica.

A proposta dela é mexer na parte que cita entre as competências da Secretaria de Governo o poder de "supervisionar, coordenar, monitorar e acompanhar as atividades e as ações dos organismos internacionais e das organizações não governamentais no território nacional".

A deputada sugere trocar a atribuição para: "acompanhar as ações, os resultados e verificar o cumprimento da legislação aplicável às organizações internacionais e às organizações da sociedade civil que atuem no território nacional".

No Twitter, Kicis afirmou que a alteração no texto traria "mais fidedignidade à intenção do ministro" e que ele "a acatou de pronto".

O gabinete de Santos Cruz reiterou, em nota, que ele continua à disposição "a qualquer tempo" para tratar da questão que preocupa as associações. "Não existe nenhuma dificuldade ou restrição para isso", afirmou.

Frustrados com a confusão envolvendo a reunião de quinta, os autores da carta resolveram mudar o foco. Disseram que passarão a buscar apoio no Congresso Nacional e na Procuradoria-Geral da República para tentar uma retificação da MP.

"Lamentamos que o encaminhamento dado pelo ministro general Santos Cruz à solicitação de mais de 60 reconhecidas entidades da sociedade civil brasileira tenha se dado na contramão de suas declarações à imprensa de que estaria disposto ao diálogo direto com organizações sociais sobre o tema em questão", afirmaram em comunicado.

Em entrevista à reportagem dias após a reclamação das 65 ONGs, o general disse que o objetivo da MP não "tem nada a ver com controle", mas com "aplicação boa do dinheiro público".

Indagado sobre as queixas, falou: "Já estamos fazendo contato para convidá-las [para uma audiência]. Há muitas organizações boas que podem fazer um trabalho bom".

Desde a campanha e depois da eleição, Bolsonaro vem empregando um discurso crítico a ONGs. Após o primeiro turno, ele prometeu "botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil". Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo EUA Há 23 Horas

Mulher vence loteria de 1 milhão pela segunda vez em 10 semanas

brasil Brasil Há 21 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"

fama MADONNA-RIO Há 23 Horas

Madonna passa som em Copacabana com Pabllo Vittar; veja as fotos

tech WhatsApp Há 22 Horas

WhatsApp deixa de funcionar em 35 celulares antigos; veja a lista

tech Espaço Há 23 Horas

Missão europeia revela imagens mais detalhadas da superfície do Sol

brasil CHUVA-RS Há 23 Horas

Temporais no RS matam 31, inundam cidades e isolam moradores sem resgate

fama Bastidores da TV Há 21 Horas

Bianca Rinaldi relata agressões de Marlene Mattos: "Humilhação"

brasil CHUVA-RS Há 20 Horas

Temporais devem continuar a atingir o RS e vão chegar a SC até o fim de semana

fama Brad Pitt Há 20 Horas

Brad Pitt faz passeio romântico com a namorada Ines de Ramon

lifestyle Sono Há 22 Horas

Nutricionista recomenda seis alimentos para uma boa noite de sono