Polícia do Rio apura se tiros em favela partiram de torre

Moradores afirmam que policiais teriam usado a edificação para atirar contra pessoas da comunidade

© Wikipedia

Justiça VIOLÊNCIA 19/02/19 POR Folhapress

 Técnicos da Polícia Civil realizaram nesta segunda (18) uma perícia na favela de Manguinhos, na zona norte do Rio, onde duas pessoas morreram baleadas e outra ficou ferida no fim de janeiro. Na semana passada, uma perícia já havia sido feita em uma torre na Cidade da Polícia -complexo que reúne delegacias especializadas-, a cerca de 200 m do local das mortes. 

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Moradores afirmam que policiais teriam usado a edificação para atirar contra pessoas da comunidade. A perícia ainda é inconclusiva.

O laudo da avaliação deve ficar pronto em cerca de 30 dias. O que os peritos afirmam, por enquanto, é que, para atirar em direção à favela, seria necessário subir ao telhado da torre. É preciso ainda apurar, neste momento, se o ângulo de um possível disparo do telhado é compatível com o ângulo de entrada da bala no corpo das vítimas.

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"Enquanto não tiver o resultado do laudo pericial, a gente não pode afirmar nada", disse o delegado Marcelo Carregosa, que acompanha o caso. "Uma coisa já se pode dizer: não existe seteira [buracos capazes de sustentar canos de armas] na torre. Existe um buraco na parede que não dá visão para lá [Manguinhos]."

Da praça do Flamenguinho, dentro da favela, enxerga-se a torre de cor branca. Há grandes buracos na edificação, o que levanta a dúvida: seria possível atirar em direção a Manguinhos por meio deles? Segundo a perícia, não. 

Foi observado que apenas dois são transfixantes, ou seja, têm saída pelos dois lados da parede. No entanto, esses buracos estão voltados para o muro da unidade, e não para a favela. O lado da torre voltado para a comunidade tem três grandes buracos visíveis a distância. De acordo com a perícia, eles não têm saída para o lado de dentro da torre. 

Dessa forma, segundo observação preliminar, para atirar da torre em direção a Manguinhos, seria preciso subir ao telhado. O muro, de acordo com a perícia, tem cerca de um metro, o que deixaria o atirador exposto.

Familiares das vítimas mortas em janeiro queixaram-se ao Ministério Público sobre o caso, que abriu investigação tocada pelo Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública). As mortes também estão sendo apuradas pela própria Polícia Civil.

Nesta segunda, técnicos estiveram na praça para realizar a perícia no local das mortes. Eles também escutaram a vítima que sobreviveu, um jovem de 22 anos. 

Alguns órgãos de imprensa acompanharam o procedimento. O jovem sobrevivente, baleado no lado direito do tronco, disse que o problema é antigo e debatido entre os moradores. 

"Parece até que nós é formiga passando aqui, fazendo nós de tiro ao alvo", afirmou. "A qualquer momento a poeira vai baixar e eles vão dar tiro de novo."

Testemunhas disseram ao Ministério Público e à Defensoria que outras três pessoas morreram baleadas no mesmo local, no fim do ano passado, quando o Rio ainda estava sob intervenção federal.

Uma das testemunhas, membro do grupo Mães de Manguinhos, foi questionada pela reportagem sobre por que acredita que os tiros vêm da torre. "Porque é de lá. A gente cansa de ver bico de fuzil ali", respondeu.

Nesta segunda, a ONG Human Rights Watch emitiu nota pedindo que a Polícia Federal também investigue o caso, para garantir a independência da apuração. 

Questionado, o delegado Carregosa afirmou que o convite ao Ministério Público e à Defensoria para acompanharem a investigação afasta qualquer alegação de que possa haver parcialidade por parte da Polícia Civil.

"Não vou negar a expertise da Polícia Federal, mas a Divisão de Homicídios é o órgão que mais trabalha com homicídios no Rio de Janeiro. Expertise a gente tem, agora tem que fazer a transparência."

A defensora pública Livia Casseres, do núcleo de direitos humanos, afirmou que é bastante positivo que a Divisão de Homicídios tenha ido ao local para realizar a reprodução das mortes e disse que é preciso aguardar o resultado da perícia. "Os depoimentos mostram a necessidade de ter uma investigação independente, imparcial. Então é importante que o Ministério Público esteja tomando iniciativas de produzir evidências." Com informações da Folhapress.

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