Em carta aberta, afegãs pedem voz em negociações de paz com Taleban

"Nós, as mulheres do Afeganistão, não retrocederemos", diz parte do documento

© iStock (Foto ilustrativa) 

Mundo Ativistas 26/02/19 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apoiadas por escritores e ativistas internacionais, mais de 600 mulheres do Afeganistão divulgaram uma carta aberta nesta terça-feira (26) em que se dizem excluídas das negociações de paz com o Taleban e pedem voz no processo.

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A escritora canadense Margaret Atwood, autora de "Contos da Aia", a Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi, a ativista feminista Gloria Steinem e o cineasta britânico Ken Loach são algumas das personalidades internacionais que endossaram a missiva, publicada no jornal britânico The Guardian.

"Nos últimos 17 anos, lutamos para trazer os interesses e as vozes das mulheres para as instituições culturais, sociais e políticas do Afeganistão, em um cenário de violência constante", começa a carta.

O texto cita exemplos de ativistas que "pagaram com suas vidas por esse progresso", como Farkhunda Malikzada, linchada em público em Cabul, em 2015, sob a acusação de ter queimado o Corão –algo depois desmentido por investigações–, e a política afegã Hanifa Safi, morta em um atentado em 2012.

"Nós, as mulheres do Afeganistão, não retrocederemos", diz.

O texto afirma que as vitórias alcançadas pelas mulheres desde a entrada da coalizão no Afeganistão em 2001 estão sob ameaça com o novo acordo.

Durante seu tempo no poder, o Taleban proibiu as mulheres de participar da vida pública e governou segundo sua própria interpretação intransigente da lei islâmica, que inclui a proibição de música e televisão.

Embora o Taleban tenha dito que vai respeitar os direitos das mulheres segundo o islã, incluindo seu direito à educação, ao trabalho e de possuir e herdar bens, muitos duvidam que os insurgentes consigam tolerar os avanços conquistados no Afeganistão nos últimos 17 anos.

"Escrevemos essa carta para expor nossas preocupações sobre o acordo de paz em negociação entre o governo dos EUA e o Taleban afegão. Essas negociações não incluem as vozes das mulheres afegãs, não incluem as vozes dos jovens do nosso país, não incluem as vozes da sociedade civil nem as estruturas democráticas, governos e instituições", acrescenta o texto.

"Damos as boas-vindas a todos os passos que tragam paz ao nosso país, mas a história nos ensinou a lição sangrenta de que você não pode alcançar a paz sem inclusão", termina a carta.

Nesta segunda-feira (25), as negociações de mais alto nível até hoje entre diplomatas americanos e o Taleban tiveram início no Qatar, com a presença do vice-líder dos insurgentes afegãos.

A previsão era que as negociações em Doha, no quarto encontro entre líderes do Taleban e negociadores dos EUA nos últimos meses, enfoquem detalhes do acordo provisório sinalizado no mês passado.

Sob esse acordo provisório, o Taleban se comprometeria a não permitir que o território afegão se torne refúgio seguro para terroristas, abrindo a porta para a retirada das tropas americanas.

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