Refém das redes sociais, bancada do PSL vira problema para o governo

Para lideranças, deputados se preocupam mais em jogar para a plateia do que em votar pautas

© José Cruz/Agência Brasil

Política Primeiros mandatos 25/03/19 POR Folhapress

ANGELA BOLDRINI, RICARDO DELLA COLETTA E THIAGO RESENDE - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Composto em grande parte por deputados de primeiro mandato com bases eleitorais na internet, o PSL se tornou refém de suas redes sociais e tem sido apontado como um dos maiores empecilhos para a formação de uma maioria do governo na Câmara.

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As cabeçadas que os correligionários do presidente Jair Bolsonaro têm dado são mais um sinal da desarticulação que vem prejudicando o andamento de projetos de interesse do Palácio do Planalto, sendo a principal delas a reforma da Previdência.

Deputados de outros partidos têm reclamado da postura do PSL no plenário da Casa e de ataques considerados gratuitos a parlamentares que têm visão pró-mercado e que poderiam votar com o governo.

A bancada do PSDB, por exemplo, ficou ofendida com o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). Em reunião na terça-feira (19) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o parlamentar usou a palavra para chamar o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de assassino de policiais.

+ Campanha paralela de Carlos Bolsonaro por Previdência ataca oposição

A sigla é favorável à reforma da Previdência e tem um membro, Eduardo Cury (SP), cotado para relatá-la na comissão especial, mas o comportamento de Tadeu deixou os tucanos enfurecidos. Os deputados do PSDB decidiram entrar com representação no Conselho de Ética contra o parlamentar do PSL por quebra de decoro parlamentar.

"Ele pediu a palavra do nada, e chamou o governador de assassino, que ele estaria mancomunado com o PCC [Primeiro Comando da Capital], que matava policial. Uma coisa totalmente despropositada que passa totalmente longe da imunidade parlamentar", disse o líder do partido, Carlos Sampaio (SP).

A visão de lideranças do centrão (bloco informal que inclui legendas como o PP, PR, PSD e DEM) é de que boa parte dos novos deputados do PSL -dos 54 parlamentares, só o líder Delegado Waldir (GO) e o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP), se reelegeram- se preocupa em "jogar para a plateia" e não em votar as matérias do governo.

A postura tem irritado parlamentares. Em siglas como DEM e PRB, por exemplo, há a crítica de que os deputados do PSL tomam tempo demais no microfone respondendo à oposição, como PSOL e PT, o que estende as votações, beneficiando a obstrução planejada por esses partidos contrários ao governo.

Deputados do centrão pedem a volta da máxima "oposição é plateia, governo é placar": ou seja, o entendimento, vigente até a legislatura passada, de que o uso do microfone pelos governistas deve ser limitado ao mínimo regimental, para que as deliberações avancem.

Do outro lado, porém, deputados do PSL dizem que estão sendo cobrados em suas redes sociais para tomar postura, já que se elegeram com um discurso baseado no antipetismo e contra o que classificam de velha política.

Um sintoma disso é que muitos parlamentares novatos levam ao Plenário assessores munidos com celulares para que seus discursos sejam filmados e retransmitidos as redes sociais.

Um parlamentar do PSL afirmou à Folha reservadamente que os comentários em suas redes, depois de uma semana sem postar vídeos, eram de cobrança. Ele diz que os eleitores o acusaram de não tomar mais posição contra o PT depois de eleito.

Até deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) chegou a ser criticada no começo da legislatura por ataques avaliados como gratuitos a colegas. Depois do rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em janeiro, a deputada foi à tribuna e fez um discurso em que disse que, no Congresso, "há muita gente que foi financiada por mineradora".

Em outro trecho de sua fala, ela estocou diretamente um membro do MDB de Minas Gerais. "Onde estava o deputado Fábio Ramalho, quando aconteceu a tragédia em Mariana? Por que não foi instalada uma CPI sobre Mariana? Nós vamos ficar aguardando outras e outras tragédias?", afirmou na tribuna em fevereiro.

A fala ofendeu o entorno do emedebista, querido pelo baixo clero da Câmara. Apesar do episódio, depois disso Joice tomou para si o papel de "bombeira" da administração Bolsonaro. Nomeada líder do governo no Congresso, ela tem atuado para diminuir os atritos entre os partidos e o Planalto, entre o Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e entre o centrão e o próprio PSL.

Os desencontros também são evidentes dentro do próprio PSL. Ao lado de Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Câmara, Joice fez um contraponto na bancada ao líder da sigla na Casa, Delegado Waldir (GO), que criticou enfaticamente a reforma das regras da aposentadoria proposta para os militares.

Nos bastidores, a ala liderada por Joice tem tentado atuar com um lema de "se não for ajudar na votação da Previdência, não atrapalhe".

Já dentro da bancada, Waldir também tem tentado acalmar os ânimos. O deputado pediu desculpas ao líder tucano após o episódio com Coronel Tadeu, e afirmou ter tido uma reunião com os parlamentares para que isso "não ocorresse novamente".

O líder também diz ter avisado seus correligionários "de que nós somos governo, não oposição". "A gente sabe que tem parlamentares com ansiedade para usar o microfone, mas eles já foram orientados, nós já fizemos uma reunião para dizer que oposição fala, governo vota", disse Waldir.

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