Garimpo ilegal de diamante faturava em média R$ 20 milhões por dia

O garimpo clandestino no rio Jequitinhonha degradou 77 hectares em 1 ano

© Reprodução

Brasil rio Jequitinhonha 03/04/19 POR Folhapress

FERNANDA CANOFRE - BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Durante 11 meses, uma estrutura com maquinário pesado, explosivos e mão de obra que empregava entre 800 e mil pessoas explorou abertamente uma área de preservação permanente ao redor do rio Jequitinhonha, na cidade de Couto de Magalhães de Minas (MG), em busca de diamantes e ouro.

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O garimpo clandestino ocorria à luz do dia e, segundo cálculos da Polícia Federal, faturava em torno de R$ 20 milhões por mês. Uma operação da PF, com apoio da Polícia Militar de Minas Gerais e da Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), realizada nesta terça-feira (2), desarticulou o grupo.

A operação cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em pontos comerciais, residências e no próprio garimpo. Das dez ordens de prisão preventiva, que incluíam gerentes e financiadores, apenas duas pessoas foram localizadas. Oito suspeitos continuam foragidos.

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Todas as prisões tinham endereço na cidade de Diamantina (a 300 km de Belo Horizonte). Alguns dos presos já têm antecedentes criminais pela mesma prática, segundo a PF.

Os suspeitos devem ser indiciados por formação de organização criminosa (com pena prevista entre 3 e 8 anos), crime ambiental (de 6 meses a um ano) e contra o patrimônio da União (de 1 a 5 anos de reclusão).

A Polícia Federal começou a monitorar o local em maio do ano passado, quando o garimpo se intensificou. Segundo o delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira, na mesma época os garimpeiros teriam encontrado no local uma gema de diamante com valor entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões.

"Ela foi achada mais perto da superfície do solo. Isso significa que a chance de ter mais diamantes de boa qualidade ali seria muito grande. Foi assim que eles [aceleraram o garimpo]", explica ele.

Em imagens registradas por drones da polícia, áreas que tinham árvores, de acordo com registros de 2006, viraram desertos de areia e rejeitos, com cavas de garimpo espalhadas. O assoreamento do rio também é visível nas filmagens. É possível ver uma quantidade significativa de dragas, tratores e bombas de sucção trabalhando no local.

A polícia afirma ainda que o grupo usava uma grande quantidade de explosivos de venda controlada para ter acesso a locais mais profundos. O cálculo da PF estima degradação total de 77 hectares -uma área com 34 hectares, uma com 26 e uma terceira área com 17 (no total, equivale a cerca de metade do parque Ibirapuera, em São Paulo).

"O rio Jequitinhonha praticamente morreu, de tanta areia, de tanto rejeito de diamante que foi lançado nele", afirma o delegado.

Minas Gerais tem hoje 90 permissões de lavras para garimpo de diamante, segundo a ANM (Agência Nacional de Mineração). Oito delas estão em Diamantina. Em 2018, foram fornecidas 12 licenças. De ouro, o estado tem 15 permissões, e cinco delas estão na cidade. No ano passado, não houve nenhuma nova permissão.

A bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha foi tombada e declarada como monumento natural em 1989. No século 18, o Alto Jequitinhonha, onde está Diamantina, foi ocupado por europeus em busca de ouro e diamante da região, de acordo com o Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais).

A economia local se diversificou com a queda da mineração, e várias cidades e povoados se originaram depois que a Coroa portuguesa passou a instalar quartéis de Companhias de Dragões ao longo do rio, a partir de 1811.

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