Morte de cabo da PM detonou proliferação das milícias no Pará

As milícias estão ganhando espaço e assustando a população do Pará

© DZackCulver / Pixabay

Justiça Violência 15/07/19 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Maria Auxiliadora do Socorro, 62, ainda viu o neto ser abordado pelos homens vestidos de preto a bordo das motos que cortavam as vielas do bairro Terra Firme na noite do dia 4 de novembro de 2014.

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Sentira algo e foi até a esquina onde o neto estava. Nervosa, abriu a Bíblia. Eclesiastes capítulo 8, versículo 10: "Assim também vi os ímpios, quando os sepultavam; e eles entravam, e saíam do lugar santo; e foram esquecidos na cidade, em que assim fizeram; também isso é vaidade".

Ela diz que começou a ouvir os tiros antes de terminar a leitura. Foram seis. Um atingiu a mão de Eduardo, o neto de Maria. Os demais, a nuca.

Eduardo, 17, foi a primeira das 13 vítimas da Chacina de Belém, marco no ciclo de violência que a cidade passaria a enfrentar. Ao longo daquela noite e da madrugada seguinte, motoqueiros encapuzados mataram jovens aleatoriamente nas periferias.

Horas antes, Antônio Figueiredo, o cabo Pety, fora assassinado em Guamá. Integrante da tropa de elite da PM paraense, Pety foi o primeiro militar a criar uma milícia com controle territorial em Belém. "Ele esteve duas vezes no Rio atuando junto à Força Nacional e essa passagem por lá o influenciou", diz o promotor Armando Brasil. "Sua mulher pensa o mesmo, que após ele retornar tudo mudou."

Pety foi morto pelo Comando Vermelho em uma disputa pelo controle dos bairros pobres de Belém, desencadeando a proliferação de milícias. "Ali é o início, e os governos do Pará foram omissos com a reação dos policiais e a expansão dessas organizações criminosas", diz o deputado estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Bordalo foi relator da CPI que investigou a chacina.

O sargento Silvano Oliveira da Silva, vereador pelo PSD em Belém, era amigo do cabo Pety e serviu com ele na Força Nacional, no Rio. Admite que o amigo se envolveu em relações ilícitas, mas não que existam milícias em Belém. "O que há é grupo de extermínio. Mas esse negócio de milícia é invenção do PT". Silvano elegeu-se na esteira do discurso de endurecimento da polícia. "Tem que matar, o grupo de extermínio é a revolta do policial contra o sistema injusto. Após a morte do Pety, 12 bandidos foram mortos."

Ele e o deputado federal Delegado Éder Mauro (PSD) são citados como incentivadores da violência policial no estado. Ambos já foram investigados e nunca foram indiciados pelo Ministério Público, que afirma jamais ter encontrado indícios de elo com milícias.

Para Maria Auxiliadora, a tragédia não acabou naquele novembro de 2014. Dois anos depois, outro neto foi atingido por um tiro em ação similar. Neste mês, ele passou por nova operação para reverter a colostomia feita após ser baleado. "Nunca investigaram nada, mas dizem que foi a milícia. Nem quero mais saber, quero que esse sobreviva."

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