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Com medo de coronavírus, Brasil tem alta de 71% em casos de dengue

Segundo especialistas, o avanço da dengue já era esperado por causa da mudança, no último ano, no sorotipo predominante de vírus da dengue em circulação.

Com medo de coronavírus, Brasil tem alta de 71% em casos de dengue
Notícias ao Minuto Brasil

18:30 - 07/02/20 por Folhapress

Brasil SAÚDE-DENGUE

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) Fora dos holofotes em meio ao risco de chegada do novo coronavírus, a dengue tem voltado a crescer e já soma 94 mil casos neste ano, de acordo com novos dados do Ministério da Saúde.

O total representa um aumento de 71% em relação ao mesmo período de 2019. O balanço considera os dados informados por secretarias de saúde até a quinta semana do ano.

"Com certeza, este ano será pior do que o ano passado, e os dados já mostram isso", afirmou à reportagem o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson Oliveira.

Em encontro com secretários estaduais e municipais de Saúde para discutir medidas de controle do coronavírus, o Ministério da Saúde fez um apelo para que a rede de saúde reforce a vigilância contra o novo vírus, mas não perca a atenção para outras velhas doenças que atingem o país.

Nos últimos dias, o alerta em torno do coronavírus identificado na China e a necessidade de trazer brasileiros em Wuhan fizeram o governo declarar emergência em saúde pública. 

O ministério também passou a soltar informes diários de casos de suspeita de infecção pelo vírus."Ainda não temos casos confirmados de coronavírus no Brasil. Mas temos outros desafios simultâneos que não podemos baixar a guarda", disse Oliveira no evento, citando em seguida dados de sarampo, febre amarela e dengue.

Segundo especialistas, o avanço da dengue já era esperado por causa da mudança, no último ano, no sorotipo predominante de vírus da dengue em circulação, o qual passou a ser o tipo 2 – entre quatro possíveis. 

A última vez que esse sorotipo havia circulado com mais força foi em 2008, o que indica a possibilidade de que haja mais pessoas suscetíveis à doença. "Os anos de 2017 e 2018 foram muito atípicos, e estávamos vivendo um crescente [de casos em 2019]. Já estávamos observando que o vírus 2 causaria uma circulação muito mais significativa neste ano e vínhamos fazendo esse alerta", afirmou Oliveira.

Ao todo, o Brasil já soma 14 mortes por dengue. Para comparação, no mesmo período de 2019, havia 5 mortes registradas. 

Os dados por estado não foram divulgados. Boletim do Ministério da Saúde com informações até 18 de janeiro, no entanto, aponta São Paulo e Paraná como estados que lideram em número absoluto de casos.

Já as maiores incidências da doença, padrão que considera o total de casos pela população, é registrada até o momento no Paraná, no Acre e em Mato Grosso do Sul.

O infectologista Marcos Boulos, coordenador de grupo de arboviroses da secretaria de São Paulo, disse que o novo aumento da dengue começou a ser verificado em alguns municípios do estado a partir de janeiro, um pouco mais tarde do que o habitual.

"Já esperávamos desde dezembro. Agora está chegando, e já temos vários municípios com índice duas vezes maior", afirmou.

Para ele, embora o último ano já tenha sido um dos maiores em registros – foram 1,5 milhão de casos prováveis da doença –, o auge da epidemia é esperado para este ano.

"Mas é possível ocorrer dois anos seguidos com alto número de casos? Pode. A infestação de Aedes [aegypti, mosquito que transmite a dengue] está aumentando e temos uma população muito suscetível. A chance de ter [um maior número de casos] é grande", afirmou.

Outro fator é a ocorrência de um maior número de casos no último ano em determinadas regiões - o que aumenta o alerta para áreas menos atingidas."Brinco que devemos nos preocupar mais com dengue, porque o coronavírus não é daqui. Mas, se chegar, a vigilância está alerta", disse o infectologista.

Boulos afirmou que o estado tem feito reuniões com municípios para discutir ações e apostado em capacitação para aumentar a assistência.

Já o Ministério da Saúde tem citado como medidas de controle o reforço em novas tecnologias, caso de um projeto para liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que reduz a capacidade do vetor em transmitir as doenças.

Segundo Oliveira, a pasta também finalizou recentemente a distribuição de novos estoques de inseticidas após problemas que levaram à falta do produto em alguns locais no último ano. Ele disse que a situação já está regularizada.

Além da dengue, dados do Ministério da Saúde também mostram que o Brasil já registra neste ano 3.439 casos de chikungunya e 242 casos de zika, outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

No caso do chikungunya, o número é pouco menor em comparação ao mesmo período do ano passado, quando houve 4.149 registros.Alguns estados, porém, têm maior número de casos – como Espírito Santo, que concentra 31% dos registros de chikungunya até a quinta semana deste ano.

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