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Risco de morte por Covid-19 é três vezes maior em pacientes com demência, diz estudo

É o que concluiu um estudo realizado por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), do Instituto Butantan e da USP (Universidade de São Paulo) publicado na revista científica Alzheimer's & Dementia (da Associação de Alzheimer dos Estados Unidos)

Risco de morte por Covid-19 é três vezes maior em pacientes com demência, diz estudo
Notícias ao Minuto Brasil

04:38 - 19/05/21 por Folhapress

Lifestyle CORONAVÍRUS-PESQUISA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pacientes com mais de 65 anos e com demência, em especial os que têm Alzheimer, apresentam risco três vezes maior de desenvolverem formas graves de Covid-19 com possibilidade de hospitalização e morte. O risco é seis vezes maior se a pessoa tiver mais de 80 anos.

É o que concluiu um estudo realizado por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), do Instituto Butantan e da USP (Universidade de São Paulo) publicado na revista científica Alzheimer's & Dementia (da Associação de Alzheimer dos Estados Unidos).

Segundo Sérgio Ferreira, professor dos Institutos de Biofísica e de Bioquímica Médica da UFRJ, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, a doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência entre as pessoas acima de 65 anos e responde por entre 50% e 70% dos casos. Além do Alzheimer, há outros tipos de demência como doença de Parkinson, arteriosclerose e demência frontotemporal.

Ferreira, que é especialista em Alzheimer, procurou Sergio Verjovski-Almeida, pesquisador do Instituto Butantan e do Instituto de Química da USP, para participar do trabalho por causa da sua expertise em trabalhar com dados em larga escala e genômica.

A contribuição de Almeida foi buscar bancos de dados que pudessem ter registros de doença de Alzheimer associada a Covid-19.

"Já estava demonstrado na literatura que Alzheimer aumentava a chance de contrair infecção por coronavírus. O que nós nos propusemos a estudar foi o contrário: se pacientes com degeneração cerebral e Alzheimer estabelecido teriam um desfecho da doença pior em relação aos que não tinham Alzheimer", explica Almeida.

Para a investigação, os pesquisadores utilizaram dados de 12.863 indivíduos acima de 65 anos (1.814 deles maiores de 80 anos) que fazem parte de um banco de dados do Reino Unido com 500 mil voluntários.

"Optamos por este banco porque foi estabelecido em 2006 não para estudar doença mas para acompanhar 500 mil indivíduos ao longo de sua vida com as possíveis doenças que poderiam ter. Nesse banco estava sendo atualizada a informação sobre testagem para Covid-19 para suspeitos e registro do desfecho do acompanhamento médico no serviço público de saúde. Além disso, há a sequência do genoma desses indivíduos", diz Almeida.

As 12.863 pessoas haviam sido testadas para Covid-19 entre março e setembro de 2020. Do grupo, 1.167 tiveram resultado positivo para a doença e 11.696 negativos.

"Eles tinham o conjunto dos positivos e negativos e a informação de qual era o acompanhamento da vida desses indivíduos e que tipo de doença tinham. Um considerável número tinha doenças degenerativas, como Alzheimer, Parkinson e outras. Infectados, esses indivíduos tiveram que ser internados por complicações maiores e uma parcela veio a óbito", explica Almeida.

Os cientistas examinaram as informações de saúde do grupo para identificar se havia diferenças importantes entre os positivos e negativos para Covid-19, como a presença de outras comorbidades (obesidade, hipertensão, diabetes, problemas cardíacos e pulmonares), por exemplo.

Para considerar a idade como um fator de risco, foram estudadas três faixas etárias: 66 a 74 anos, 75 a 79 e aqueles com 80 anos ou mais.

Almeida afirmou que uma das preocupações foi investigar se a idade poderia explicar o aumento da proporção de pacientes graves de Covid-19.

"Para isso, refizemos todas as análises dividindo os pacientes por grupos etários, de forma a levar em conta a idade. Nossos resultados se confirmaram mesmo levando em conta a questão da idade."

Os pesquisadores ainda tentam entender por que pessoas com demência podem apresentar piora no quadro de Covid-19 e estudam algumas possibilidades.

"Uma hipótese é que os pacientes com demência já apresentem alterações nas respostas imunológica e inflamatória que fazem com que eles reajam de forma inadequada à infecção pelo coronavírus. Isso pode levar à morte. Então, o fato dele já ter um quadro inflamatório de base pressiona para uma evolução pior da Covid-19", diz Ferreira.

Almeida explica que a inflamação dos vasos no Alzheimer possivelmente esteja afetando a barreira de proteção, chamada hematoencefálica, que protege o sistema nervoso central. "Isso fragiliza a barreira de proteção contra agentes infecciosos e o vírus estaria se aproveitando dessas regiões com maior inflamação no cérebro, infectando-o."

O estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelas Fundações de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, pelo Instituto Nacional de Neurociência Translacional e pela Fundação Butantan.

A descoberta acende o alerta urgente para a necessidade de um olhar especial, principalmente durante a pandemia, para os que sofrem de demência.

"Um dos fatores que a gente não consegue determinar é se a taxa de risco para se infectar tem a ver com maior necessidade de cuidadores. Você tem uma exposição maior.

Quem tem essas doenças neurodegenerativas depende de cuidadores externos ou tem dificuldade em manter a higiene e medidas de promoção à saúde pela falta de independência, o que aumenta o risco de infecção", explica Almeida.

Para a Prof. Dra. Vanessa Holanda, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, a resposta para a relação entre demência e agravamento de Covid-19 pode estar no envelhecimento do sistema imunológico e na inflamação no sistema nervoso central, que tornariam o paciente mais vulnerável aos ataques do vírus, além na presença do coronavírus no cérebro.

"O estudo é importante para criarmos protocolos de saúde pública. Por exemplo, com a vacina, onde é preciso identificar os grupos que deveriam ser referência, e para prevenir mais mortes e hospitalizações. Podemos traçar estratégias para avaliar esses pacientes e acompanhá-los mais de perto", diz Holanda.

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