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Tragédia das chuvas faz mineiros pedirem milagre a 'padre santo'

Até hoje, milhares de fiéis fazem peregrinação para visitar os restos mortais do padre Libério na cidade de Leandro Ferreira, a cerca de 65 Km de Pará de Minas

Tragédia das chuvas faz mineiros pedirem milagre a 'padre santo'
Notícias ao Minuto Brasil

09:40 - 18/01/22 por Folhapress

Brasil CHUVA-MG

CONSELHEIRO LAFAIETE, MG (FOLHAPRESS) - Em meio às fortes chuvas que atingiram Minas Gerais nas últimas semanas, moradores do município de Pará de Minas e região recorreram à fé. Postagens feitas nas redes sociais da mídia local sobre o risco de rompimento de uma barragem na cidade receberam diversas manifestações pedindo pela intercessão de padre Libério.

"Que a alma santa de padre Libério interceda por todos nós", dizia um dos comentários. "Padre Libério está intercedendo! Tantos milagres que ele fez, este será mais um", afirmava outra devota.

"Padre Libério não vai deixar [que] isso aconteça, será o milagre que está faltando para sua beatificação", completava mais uma pessoa.

Uma das figuras religiosas mais conhecidas da região centro-oeste de Minas Gerais, Libério Rodrigues Moreira nasceu na cidade de Lagoa Santa (MG), no dia 30 de junho de 1884. Ele foi ordenado como padre em 1916, em Mariana (MG), e morreu em dezembro 1980.

Ao longo de sua vida como sacerdote atuou em diversas cidades da região, como Pitangui, São José da Varginha, Leandro Ferreira e Pará de Minas.

Segundo o escritor José Roberto Pereira, autor do livro "O Servo Fiel", que conta a história do religioso, o padre tinha o costume de ir às comunidades a cavalo, com o objetivo de ajudar as famílias necessitadas e oferecer orientação espiritual.

"As pessoas o tinham como um membro da família, porque ele andava para muitos lugares e dormia na casa das pessoas. Muitas famílias da região ainda guardam objetos utilizados pelo padre quando hospedado em suas casas."

O padre viveu em Pará de Minas durante a década de 1960. Segundo seu biógrafo, ele já chegou à cidade sendo considerado um santo e, ainda em vida, atraía devotos de todo o estado para suas celebrações.

Até hoje, milhares de fiéis fazem peregrinação para visitar os restos mortais do padre Libério na cidade de Leandro Ferreira, a cerca de 65 Km de Pará de Minas.

O processo de beatificação do pároco já foi instaurado e aguarda avaliação do Vaticano. O padre Adelmo Sérgio Gomes, promotor da causa no Brasil, diz esperar que Libério seja declarado venerável –um passo anterior à beatificação.

Os comentários deixados pelos devotos nas redes sociais mostram que, mesmo antes da conclusão do processo, as pessoas da região já o consideram um santo.

Em Pará de Minas, o padre dá nome a um hospital, a uma escola e a uma praça, além de diversos estabelecimentos comerciais. A cidade ainda tem duas estátuas em homenagem ao padre, uma confeccionada em pedra sabão e outra em bronze.

As orações ao padre Libério parecem estar sendo atendidas, diriam alguns devotos. As chuvas diminuíram. Não choveu em Pará de Minas entre quarta-feira (12) e sexta-feira (14). No fim de semana, a cidade recebeu algumas pancadas de chuva, mas segundo a gestão municipal, os níveis do rio São João e do ribeirão Paciência já diminuíram consideravelmente.

A barragem do Carioca ainda permanece em estado de alerta, mas a vazão de água que chega à barragem já caiu. As famílias da região foram realocadas e estão recebendo assistência da prefeitura e da Defesa Civil.

Segundo o prefeito, Elias Diniz (PSD), a cidade aguarda um parecer final sobre a situação da barragem por parte da empresa responsável, a Companhia de Tecidos Santanense.

Com a redução das chuvas, a cidade começa a fazer trabalhos para recuperar vias que foram destruídas e também a auxiliar as regiões mais atingidas. De acordo com a prefeitura, o trabalho de monitoramento das áreas de risco continua, pois o solo da região ainda está muito encharcado.

Minas Gerais tem, ao todo, 377 municípios em situação de emergência em decorrência das chuvas recentes. O número de mortes registrado no período chuvoso, iniciado em 1º de outubro do ano passado, é de 25 pessoas, sendo que 19 delas ocorreram neste ano.

As dez mortes decorrentes da tragédia de Capitólio, quando uma rocha se desprendeu e atingiu lanchas que passeavam pela região, não serão computadas no balanço das chuvas até o fim das investigações. Os técnicos ainda não sabem se a tempestade de fato contribuiu para tragédia.

O número de pessoas desabrigadas chegou ao patamar de 7.336, enquanto outras 47.911 estão desalojadas.

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