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Chikungunya matou mais até agosto deste ano do que em todo 2023, alerta Fiocruz

A instituição afirma que o aumento das mortes "chama atenção". Até agosto de 2024, eram 159 mortes confirmadas. Até o dia 14 deste mês, já são 201. Em todo o ano passado, foram 122 mortes. Os dados se baseiam no monitoramento feito pelo Ministério da Saúde.

Chikungunya matou mais até agosto deste ano do que em todo 2023, alerta Fiocruz
Notícias ao Minuto Brasil

18:36 - 28/11/24 por Folhapress

Brasil VÍRUS-CHIKUNGUNYA

MARCOS CANDIDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O número de mortes confirmadas por chikungunya até agosto deste ano já era maior do que o número acumulado de todo o ano passado, aponta relatório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgado no último dia 14 de novembro.

 

A instituição afirma que o aumento das mortes "chama atenção". Até agosto de 2024, eram 159 mortes confirmadas. Até o dia 14 deste mês, já são 201. Em todo o ano passado, foram 122 mortes. Os dados se baseiam no monitoramento feito pelo Ministério da Saúde.

A chikungunya é transmitida pela fêmea do Aedes aegypti, mesmo transmissor do zika e da dengue. Diferentemente do histórico de décadas da doença mais conhecida, a chikungunya foi introduzida nas Américas em 2013 e confirmada no Brasil em 2014.

A doença causa sintomas como dores nas articulações e nos músculos, febre, manchas avermelhadas, náuseas e pode levar à morte. Ainda não há um medicamento específico para tratá-la além de analgésicos e observação médica.

A infectologista da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Melissa Falcão analisa que o número de mortes em decorrência do vírus pode ser ainda maior.

O motivo é que a chikungunya mata por causas diretamente relacionadas à infecção cerca de duas semanas após a contaminação, mas também compromete comorbidades prévias do paciente, como problemas cardíacos.

Assim, uma morte provocada pelo vírus nem sempre é contabilizada oficialmente -são as chamadas "mortes secundárias", explica. "Muitas vezes essas mortes que acontecem um período depois, não são relacionadas à chikungunya, mesmo tendo sido causadas por ela", diz.

Segundo ela, o Brasil ainda carece de capacitação de agentes de saúde para análise eficiente dos casos, mas também relaciona os períodos de calor e chuvosos, consequências da crise climática, como um dos fatores para o aumento. "Isso cria um ambiente muito propício para a proliferação de todos os mosquitos", pontua.

O Ministério da Saúde concorda com o diagnóstico da especialista e atribui às mudanças climáticas as infecções por chikungunya.

A pasta afirma investir nas chamadas EDLs (Estações Disseminadores de Larvicidas), um recipiente com água e larvicidas que atrai o mosquito e elimina os criadouros, borrifação de inseticidas em locais de grande circulação e a criação de mosquitos estéreis, geneticamente modificados, para frear a reprodução.

Um estudo publicado em setembro na revista PLOS Neglected Tropical Diseases (Doenças Tropicais Negligenciadas), usou dados de 645 municípios de São Paulo entre 2008 e 2018 e concluiu que fenômenos meteorológicos, como o El Niño, estão ligados ao aumento da infestação do Aedes.

O El Niño aumenta a temperatura do oceano Pacífico devido à diminuição da intensidade dos ventos. A circulação atmosférica é alterada de forma anormal pelo evento, elevando a umidade e temperatura em várias regiões do planeta. O estudo calcula que temperaturas acima de 23 °C e volume de chuvas acima de 153 milímetros aumentam a reprodução do mosquito.

Consequentemente, o Brasil teve sua pior epidemia de dengue em 2024, com o maior número de casos da série histórica iniciada em 1986. Foram 5.086 mortes até novembro e mais de 6 milhões de casos prováveis. Já a chikungunya tem mais de 260 mil casos notificados até novembro -Minas Gerais lidera o ranking, com 164 mil infecções só neste ano, segundo monitoramento do governo federal.

"A forma mais eficaz de controlar a chikungunya e a dengue é pela eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, contando com o engajamento da população", acrescenta o Ministério.

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