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Policiais são alojados de forma precária em força-tarefa contra PCC

PMs foram deslocados ao oeste do estado para evitar o resgaste de presos da facção criminosa

Policiais são alojados de forma precária em força-tarefa contra PCC
Notícias ao Minuto Brasil

21:16 - 21/11/18 por Folhapress

Brasil Presidente

Policiais militares de elite de São Paulo estão alojados em condições precárias, enquanto são mantidos emergencialmente há semanas no extremo oeste do estado para evitar o resgate de chefes do PCC de presídios paulistas.

A maioria dorme em colchões de 5 cm de espessura e sem capa, não recebe roupa de cama e está hospedada em alojamentos improvisados -parte deles sem cama e iluminação adequada, além de receber do governo uma comida de baixa qualidade.

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A Folha de S.Paulo entrevistou dezenas de PMs enviados a Presidente Venceslau e visitou alojamentos onde a tropa está hospedada desde o início de outubro. "Nem os presos são colocados nessas condições", diz um soldado da Rota que pediu para não ter seu nome divulgado.

Estão há um mês em Presidente Venceslau (a 612 km de São Paulo) homens da Rota, COE (operações especiais), Cavalaria e 3º batalhão de choque (distúrbios civis), em uma força-tarefa desencadeada assim que a gestão Márcio França (PSB) descobriu um plano para o resgate de bandidos.

O alvo do resgate seria Marco Camacho, o Marcola, apontado pela polícia e Promotoria como o número 1 do PCC e preso em uma penitenciária de Presidente Venceslau.

Inicialmente, os PMs foram mandados, segundo eles, para um período máximo de duas semanas, mas não há mais previsão de quando devem retornar para a capital paulista.

Os policiais se dizem prontos para embate imediato, se necessário, mas reclamam do desgaste físico e psicológico nessas condições precárias.

Alguns também alegam problemas financeiros. Além de ainda não terem recebido as diárias obrigatórias e de não poderem realizar bicos, já que estão em missão especial, parte deles passou a comprar as próprias refeições, após casos de PMs que passaram mal com a comida servida pela SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) –a pasta não respondeu à Folha se a refeição é a mesma servida aos presos. "Estamos pagando para trabalhar", diz outro PM.

Os agentes também relatam problemas com os estudos. Eles frequentam faculdade, mas vem perdendo muitos dias de aula. "Tenho que ficar chorando para os professores", afirma um policial.

Todos os policiais entrevistados falaram na condição de anonimato, já que temem represálias da Secretaria da Segurança Pública.

Os policiais da Rota, por exemplo, estão alojados em um ginásio da cidade, que continua aberto à população para práticas esportivas. A presença do público ocorre de manhã e à tarde, períodos que os PMs têm para descansar, já que as rondas costumam ser noturnas.

Parte dos alojamentos desse ginásio fica no subsolo, tem iluminação insuficiente e um dos espaços de descanso fica no corredor de um banheiro coletivo, onde PMs dormem em colchonetes e usam cadeiras de plástico como armário.

Parte da equipe do COE também está em uma área improvisada, na zona rural da cidade. PMs dormem em um galpão sem janelas. Em alguns dos alojamentos, há beliches e ventiladores cedidos pela prefeitura da cidade.

Os policiais da capital se revezam nessa força-tarefa. Eles ficam no interior de quatro a sete dias, são substituídos, retornam às suas bases e, após um período de descanso, voltam a Presidente Venceslau.

"O retorno para a capital também é motivo de reclamações. Parte volta em ônibus fretados, enquanto outros precisam dirigir as viaturas em uma viagem que dura, em média, dez horas. Alguns assumem o volante mesmo depois de passarem toda a madrugada de plantão.

"Não há racionalidade em uma ação que não tem começo, pois [o governo] dizia que era só uma ação de treinamento, não há meio, porque deixam os PMs numa situação degradante dessas, e também não há previsão de fim. Ou o governo diz que não tem problemas e devolve esse efetivo para a capital ou transfere esse pessoal [do PCC] de uma vez", diz o senador eleito Major Olímpio (PSL).

Ele esteve em Presidente Venceslau para participar de uma reunião com representantes da Secretaria da Administração Penitenciária e do Ministério Público.

A possível transferência dos membros do PCC provocou uma divisão entre as forças de combate ao crime organizado. Há uma tensão entre grupos que defendem remanejar os presos para fora do estado e os que são contrários por temerem represálias do crime organizado.

Sem aval do Governo de SP, o Ministério Público decidiu pedir a transferência dos presidiários, mas ainda não há decisão da Justiça (leia abaixo).

Procurado, o Governo de São Paulo informou que o governador Márcio França determinou o pagamento de diárias, no valor máximo possível, acima da remuneração normal, em função do caráter de excepcionalidade, a todos os policiais militares deslocados para a cidade de Presidente Venceslau.

"As diárias devem ser pagas de forma retroativa ao dia de chegada dos efetivos policiais. Se a Procuradoria Geral do Estado não encontrar um formato para viabilizar estas diárias por decreto, o governador enviará projeto nesse sentido à Assembleia Legislativa para aprovação em caráter de urgência."

Ainda segundo nota, o governador determinou ao chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública e ao comandante interino da Polícia Militar que se desloquem para Presidente Venceslau para inspecionar as condições dos policiais, incluindo alimentação e alojamento.

O secretário Mágino Alves Barbosa Filho (Segurança) está em viagem de férias na Europa. "França também autorizou a acomodação dos policiais em hotéis, pousadas ou pensões disponíveis."

Com informações da Folhapress.

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