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Filme revisita história de Lorena Bobbitt, a mulher que castrou o marido, sob perspectiva dela

Filme revisita história de Lorena Bobbitt, a mulher que castrou o marido, sob perspectiva dela

Filme revisita história de Lorena Bobbitt, a mulher que castrou o marido, sob perspectiva dela
Notícias ao Minuto Brasil

09:45 - 25/11/20 por Folhapress

Cultura Lorena Bobbitt

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ano era 1993. Cansada da rotina de abusos por parte do marido, Lorena Bobbitt cortou o pênis dele com uma faca e fugiu de casa. O membro, que ela jogou pela janela do carro, foi encontrado e costurado de volta ao corpo de John Bobbitt. O caso foi explorado à exaustão pela imprensa na ocasião e o nome dos dois estava na boca de todo mundo.

Lorena acabou declarada inocente por insanidade temporária, após provar que o marido a estuprava e espancava constantemente. Já John virou celebridade instantânea e chegou a fazer filmes pornográficos mostrando que o resultado da cirurgia tinha sido satisfatório.

Passados 27 anos, os dois voltam aos holofotes com a estreia do filme "Lorena Bobbitt - A Mulher Que Castrou o Marido" no canal pago Lifetime. A história, que já tinha sido tema de documentário, desta vez é contada pela perspetiva dela, que também participa da fita como narradora e produtora executiva do projeto.

"Tive que me preparar psicologicamente para voltar a esses lugares obscuros", afirma a própria Lorena, que atualmente assina com o sobrenome de batismo (Gallo), durante evento de lançamento do filme, do qual a reportagem participou. "Sabia que ia reviver esse trauma, mas dá mais valor ao filme dizer que fui eu que fiz e que foi assim que aconteceu."

"Algumas pessoas pensam que eu sou uma heroína ou uma salvadora, é uma opinião e eu respeito, mas não sinto que foi algo heroico o que fiz", avalia. "Trata-se de uma história de violência doméstica, é algo negativo. São pessoas que sofrem. O abusador também, às vezes. São duas pessoas vivendo num círculo vicioso e tóxico. Não posso me responsabilizar sobre como as pessoas opinam, mas se trata de sobreviver, de vida ou morte."

A trama mostra desde a chegada da imigrante equatoriana aos Estados Unidos, aos 19 anos, já noiva de John, até a perseguição da imprensa depois que o caso dela veio a público, passando pelo relacionamento abusivo que ela diz ter transformado a vida dela em um inferno.

"O filme não mostra só as atrocidades que eu passei e a vulnerabilidade da vítima, mas também a monstruosidade do abusador", diz ela. "Muitos psicólogos disseram que eu estava sofrendo uma síndrome de abuso doméstico. Eu estava condicionada e tinha fé de que meu marido ia melhorar, mas ele continuava piorando."

Para piorar, ela tinha "muito medo de ligar para a polícia porque era algo muito íntimo" e dependia financeiramente do marido. "Tentava sair de casa, dormia no carro porque não tinha para aonde ir", lamenta. "É fácil dizer: 'Porque você não sai dessa situação?'. Mas, psicologicamente e emocionalmente, muitas mulheres ficam pressas nessas relações", explica. "Sair disso não é um evento, é um processo."

Bastante envolvida em todo o projeto, Lorena diz que também pediu que a equipe fosse majoritariamente feminina. Além da diretora (Danishka Esterhazy) e da roteirista (Barbara Nance), havia mulheres também na câmera.

Nas cenas, ela é interpretada pela atriz Dani Montalvo, enquanto o marido abusivo é vivido por Luke Humphrey. "Quando conheci Dani Motalbo foi muito comovente", diz. "Ela teve que passar por essas circunstâncias, foi algo que ela precisou se colocar no meu lugar. Achei muito impressionante."

Atualmente, Lorena se dedica à fundação que criou para promover a educação contra a violência doméstica e o abuso sexual. A data escolhida para a estreia do filme, inclusive, é uma referência a isso, já que no dia 25 de novembro é comemorado o Dia Internacional do Combate à Violência Contra as Mulheres.

Entre as causas que ela defende estão a educação das crianças para saber reconhecer abusos, leis mais fortes contra o feminicídio e a criação de abrigos para mulheres em situação de violência doméstica. Ela própria pretende criar um para colaborar com o que chama de sobreviventes.

"O que me ajudou foi ter o apoio dos meus amigos, da minha família, dos psicólogos", diz. "Não era a pessoa que sou agora, uma ativista, que fala da sua história. Tem coisas que você pode desenvolver se mantendo positiva. Isso me ajudou muito a refazer a minha vida. Sou uma pessoa de fé e muito positiva. Voltei a ter uma família, tenho uma filha, um marido e uma missão, que é a minha fundação."

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