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100 anos do samba: João Donato diz que ritmo é a "música nacional"

Ritmo faz 100 anos em 2016. Músico de 82 anos tem uma das carreiras mais profícuas da MPB

100 anos do samba: João Donato 
diz que ritmo é a "música nacional"
Notícias ao Minuto Brasil

06:14 - 30/12/16 por Notícias Ao Minuto

Cultura Entrevista

O samba se tornou o maior exemplo do Brasil no exterior. É o que diz o pianista, compositor e cantor João Donato. Para ele, este gênero musical que completa cem anos expressa a própria identidade nacional. 

João Donato é um dos pioneiros da Bossa Nova e tem uma das carreiras mais profícuas da Música Popular Brasileira. Nascido no Acre há 82 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1954, onde está até hoje – após temporadas em São Paulo e nos Estados Unidos. 

Por telefone, da cidade de São José dos Campos, em São Paulo, onde se apresentava, o artista conversou com a Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura (MinC). Na pauta, claro, samba. João Donato falou de sambistas e de cantoras da atualidade que aprecia. Também fez um comentário sobre sua longa trajetória profissional. "Minha música me trouxe até aqui, com saúde e disposição", afirmou. Ele ainda adiantou projetos que estão a caminho: um disco novo com o filho Donatinho e uma composição orquestral inspirada em Claude Debussy e Maurice Ravel.  

Qual a importância do samba para o Brasil?

É a nossa identidade, a nossa música nacional. O samba é tudo para mim, tanto que, há muito tempo, quando disseram que eu fazia bossa nova, neguei. Na ocasião, afirmei: eu gosto é de samba. O samba representa a minha linguagem e a de todos nós, que atravessou as fronteiras do mundo e se tornou o maior exemplo do Brasil no exterior.  

Que influência o samba teve na bossa nova?

O samba e a bossa nova são uma coisa só. O jazz, de certo modo, participa dessa sonoridade. Todos ouvíamos música americana e tínhamos influência de artistas como Frank Sinatra. Mas o samba é o principal elemento. O jazz ganhou muito com a música brasileira. Foram o samba e a bossa nova que contribuíram para dar ao jazz, que era obscuro, underground, status de música popular. Isso aconteceu quando Stan Getz gravou Garota de Ipanema e se projetou nas paradas de sucesso como música  pop.  

Quais seus sambistas favoritos?

Eu gosto de muitos deles: Clara Nunes, Beth Carvalho, Martinho da Vila, com quem eu tenho quatro parcerias, João Nogueira, Elza soares, Dona Ivone Lara, Alcione, Nelson Cavaquinho, Casquinha, Bezerra da Silva. É uma turma muito boa.  

Olhando para os seus mais de 60 anos de carreira, que balanço faz dessa trajetória?

Desde o início, quando decidi virar músico, sempre tive muito prazer no que fiz. E faria tudo outra vez. Tenho sido muito feliz. Acredito que a minha longevidade, 82 anos, se deve à minha música, que me trouxe até aqui com saúde e disposição. Vamos que vamos. Pretendo virar o centenário, que se aproxima.  

Que projetos está desenvolvendo?

Estou gravando um disco com meu filho, o Donatinho, no qual vamos tocar em cima de programações eletrônicas e fazer os arranjos. Também preparo uma suíte sinfônica baseada em Ravel e Debussy. Quero que esteja pronta em 2017. 

Esses dois músicos do impressionismo são influência importante no seu trabalho?

São os compositores com os quais sonho diariamente. Ouço a música deles com muita frequência, pois fazem parte da minha vida.  

Como avalia a cena musical brasileira da atualidade?

Como sempre, existem trabalhos supérfluos. Você tem que dar uma filtrada para encontrar pessoas interessantes, aquelas que produzem algo que permanece. O panorama de agora é tão interessante quanto o de antes. Tem muito barulho, algo até natural nas grandes cidades, mas existem músicos, cantores e compositores talentosos. Gosto dessa turma da Céu, Tulipa Ruiz, Mariana Aydar, Marina de La Riva e Nina Becker. Dentre os instrumentistas, destaco o pessoal do Bixiga 70, com quem gravei um disco recentemente. São admiráveis. Com informações do MinC.

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