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Série humaniza terroristas do Estado Islâmico e atrai críticas

'The State' estreia no Brasil nesta segunda (25)

Série humaniza terroristas do Estado Islâmico e atrai críticas
Notícias ao Minuto Brasil

05:27 - 23/09/17 por Folhapress

Cultura TV

A investigação dos bastidores da facção terrorista Estado Islâmico é um tema que passa longe de Hollywood. Mas esse vespeiro está sendo atiçado pelo premiado diretor e roteirista britânico Peter Kosminsky (da premiada "Wolf Hall") na minissérie em quatro capítulos "The State", que estreia no Brasil nesta segunda (25), às 23h20, no canal National Geographic.

O programa causou controvérsia no Reino Unido por causa do seu retrato mais humanista dos jovens europeus que se juntam à organização em Raqqa, na Síria.

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O tabloide sensacionalista "Daily Mail" foi categórico: "É puro veneno. É como um filme de recrutamento nazista dos anos 1930". Já o "Guardian" elogia a série, que seria "inteligente, viciante e honestamente esclarecedora".

"The State", ambientada em 2015, segue quatro britânicos de escolaridades, ascendências e classes diferentes rumo à fronteira entre a Turquia e a Síria. Lá, o quarteto é recrutado pelo EI de maneira voluntariosa -alguns atraídos por promessas enganosas divulgadas na internet.

Jalal Hossein (Sam Otto) segue os passos do irmão, martirizado (leia-se: morto em combate) pela facção. Ele leva a tiracolo o amigo Ziyaad (Ryan McKen), um londrino perdido que se encontra pela primeira vez fazendo parte de um grupo maior.

Shakira (Ony Uhiara) é uma médica que leva o filho de nove anos a Raqqa em busca da construção de um Estado que não é bem o que a propaganda on-line prometia. Ushna (Shavani Cameron) é uma adolescente que deseja casar com o guerrilheiro dos seus sonhos distorcidos.

"Quando estava pensando na história, lia nos jornais a respeito de jovens britânicos sumindo do mapa, fugindo sem conhecimento dos parentes e se unindo ao EI. Se olhar para as histórias dessas pessoas, você descobrirá que são gente como a gente", explicou Peter Kosminsky à reportagem. "É um cruzamento de todos os jovens na Inglaterra."

Quando foi aprovada pelo canal britânico Channel 4, a minissérie conseguiu fôlego para 18 meses de pesquisas. Kosminsky encontrou ex-militantes do EI que voltaram aos seus países arrependidos -a grande maioria dos recrutas britânicos está presa.

"Descobri que não faz bem rotular essas pessoas como insanas ou psicopatas. Alguns dos atos que a organização comete são terríveis. Contudo, dizer que são todos oficialmente loucos não é verdade."

Os atores, por sua vez, trabalharam em silêncio. Não só porque o contrato previa isso para evitar a controvérsia em torno de "The State", mas também pela reação dos amigos e familiares. "Quanto mais falássemos, mais perguntas surgiriam pela sensibilidade do tema. Não podia deixar isso atrapalhar", diz Shavani Cameron, de "Homeland". "Quando disse a meu pai, ele quase desmaiou."

A proposta do programa é a de entregar um produto extremamente minucioso. Nos dois primeiros episódios, os protagonistas são recebidos com abraços por terroristas, outros desfrutam de piscinas no meio do deserto. Os termos em árabe são explicados visualmente ao longo da minissérie. Alguns encararam isso como apologia. "Ficou claro que foi extremamente bem pesquisada. Não há nada superficial", declara Charlie Winter, pesquisado do Centro Internacional do Estudo da Radicalização (ICSR), ao "The Guardian".

DESILUSÃO

Os dois episódios finais se dedicam a desmontar a ideologia seguida pelos jovens. A médica logo percebe que o trabalho no hospital não passava de mentira: ela é obrigada a ter um marido e só poderá exercer a profissão se "tiver a permissão" dele.

A outra encontra seu sonhado marido só para compreender que ela "é a segunda esposa. A primeira é o jihad, a guerra santa". O guerrilheiro testemunha horrores que o fazem reconsiderar seus ideais. Há menos violência explícita que o esperado. "O importante é mostrar que não estamos enganando ninguém, fundamentamos tudo muito bem em fatos", ressalta Peter Kosminsky.

"Posso dizer que fizemos isso sem medo. Não temos interesses escusos nem massageamos os fatos para construir um argumento. Quero contribuir para o debate global." Com informações da Folhapress.

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