40 anos: a história surreal do roubo do cadáver de Charles Chaplin -

O episódio real, com detalhes macabros chegou a inspirar filmes. A seguir, conheça a saga do roubo do cadáver do gênio e saiba o paradeiro do mesmo na atualidade. 

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Uma história real e absurda -

No dia 1 de março de 1978, o mundo foi surpreendido com o bizarro roubo do cadáver de um dos maiores gênios do cinema.

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Morte da lenda -

Charles Chaplin morreu durante o sono, em 1977, no dia 25 de dezembro, aos 88 anos. A morte foi a consequência de um derrame cerebral. O seu corpo foi enterrado em Corsier-sur-Vevey, na Suíça.

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O roubo -

Segundo o El País, dois homens passaram duas horas cavando a terra em busca do caixão de Chaplin, debaixo de uma forte chuva.

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Aviso à polícia -

Os ladrões fugiram e deixaram um monte de terra ao lado da cova. Estes pretendiam que a polícia descobrisse o feito o mais breve possível e, na manhã seguinte, a notícia já tivesse vindo à tona.

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Mistério -

A polícia suíça e a Interpol ficaram cerca de dez semanas sem encontrar pistas sobre o paradeiro do corpo e dos autores do crime.

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Trotes -

Ligações anônimas, que davam infomações falsas sobre o paradeiro do caixão, também acabaram por atrapalhar a investigação.

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Sinistro -

Alguns desses telefonemas foram ainda mais longe. Os filhos de Charles Chaplin chegaram a ser ameaçados e o clima de terror pairava sobre a família, conforme refere o El País.

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Angústia -

Um dos oito filhos de Chaplin (da união com Oona) recorda bem do episódio. Eugene disse que a atmosfera na casa era de muita tensão, especialmente porque uns meses antes o político italiano Aldo Moro havia sido sequestrado e assassinado.

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Rumores -

Por conta da falta de notícias sobre o roubo do corpo de Chaplin, o mundo começou a especular sobre o que realmente teria acontecido. Várias teorias, até mesmo da conspiração, foram criadas.

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Teorias -

Uma das teorias dizia que o assalto teria sido obra de antissemitas. Rumores davam conta de que Chaplin, que estava enterrado em um cemitério anglicano, era judeu.

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Nazistas? -

Outra hipótese era de que os autores do crime eram nazistas que reprovaram a paródia a Adolf Hitler feita por Chaplin, no filme 'O Grande Ditador' (1940).

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Fanatismo? -

Era forte também a corrente de que os ladrões eram, na verdade, fãs de Chaplin, que tinham exumado o cadáver para sepultá-lo na Inglaterra, seu país de origem.

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Despreparados -

Curiosamente, a história sinistra começa a ganhar contornos pitorescos. Os ladrões que roubaram o caixão de Chaplin eram amadores e desesperados. Primeiro, exigiram um resgate e depois começaram a negociar o valor.

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Inseguros -

Quando telefonavam para a mansão da família Chaplin, os sequestradores pareciam nervosos e simulavam a cada ligação uma voz diferente. Depois disso, começaram a pedir valores distintos em troca do caixão.

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Os preços de um resgate... -

Primeiro, os sequestradores exigiram 600 mil francos suíços. A viúva de Charles Chaplin, Oona (com o artista teve oito filhos), foi implacável e recusou o pedido. Foi quando os bandidos mudaram de moeda e pediram 600 mil dólares americanos, descreveu o El País.

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Viúva irredutível -

Oona Chaplin continuou irredutível. O valor do resgate acabou por baixar para os 500 mil dólares. A viúva declinou novamente. De 600 mil francos iniciais, o valor do resgate acabou ficando nos 100 mil dólares.

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Ingênuos -

Mas o que os aprendizes de bandidos não esperavam era que o acordo feito para a entrega do dinheiro em troca do cadáver era uma armadilha da polícia.

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O acordo -

No trato, o mordomo da família entregaria aos criminosos a maleta com os 100 mil dólares.

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O plano -

De acordo com o Independent, um policial suíço se disfarçou de mordomo da família, que era quem respondia aos telefonemas, e conduziu o Rolls Royce a caminho do ponto de encontro.

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Um engano -

No entanto, um carteiro local estranhou ao ver um homem desconhecido dirigindo o automóvel da família Chaplin e foi segui-lo. A polícia prendeu o carteiro por engano e o resgate não foi feito.

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A renegociação -

Os ladrões avisaram que voltariam a ligar para a residência dos Chaplin para renegociar o resgate, no dia 17 de maio às 9h30.

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Força-tarefa -

A polícia comandou então uma operação de vigilância bem-sucedida nas mais de 200 cabines telefônicas de Lausanne. O objetivo foi cumprido e os criminosos foram detidos, conforme refere o Independent.

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Quem eram os bandidos? -

Roman Wardos era um polonês de 24 anos e seu comparsa chamava-se Gantscho Ganev, um búlgaro de 38, revela um artigo da BBC.

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Pobres -

Os homens eram mecânicos que estavam desesperados devido às suas precárias condições financeiras. Confessaram que queriam cometer um crime para conseguir dinheiro rápido, mas não queriam recorrer à violência.

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Um caso parecido -

A ideia de roubar o cadáver de Chaplin surgiu quando viram uma notícia num jornal, sobre alguém que fez o mesmo e que tinha pedido um resgate para devolvê-lo.

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Penas -

Wardos, que concebeu o plano, foi condenado a quatro anos e meio de trabalhos forçados e Ganev, foi condenado a 18 meses.

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Arrependidos -

Os bandidos enviaram uma carta de desculpas a Oona Chaplin, que os perdoou.

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E o cadáver? -

Os homens lembravam ter enterrado o caixão em um campo de milho. Mas, durante esse período de falta de notícias e negociação do resgate, a chuva fez com que a plantação crescesse.

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Buscas -

Um agricultor foi surpreendido pela 'ilustre' invasão em seu terreno.

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Corpo resgatado -

A terra foi revirada, o corpo de Chaplin retirado e levado para o túmulo original.

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Tributo... -

Como ficou o lugar? O dono do terreno, que ficou furioso a princípio com as buscas, homenageou o artista com uma placa. Segundo o El País a capa referia que ali tinha descansado Charles Chaplin, durante um breve período de tempo.

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O roubo virou filme -

'O Preço da Fama' (2014) é a produção mais recente a retratar a curiosa história. A comédia francesa foi dirigida por Xavier Beauvois e mostra a saga de imigrantes marginalizados, que desenterraram o caixão de Charlie Chaplin pelo dinheiro do resgate.

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Longa foi exibido em Cannes -

A família Chaplin apoiou a realização do filme, dando acesso aos arquivos e ainda permitiu que usassem trechos e trilhas sonoras de filmes do ator e diretor. Eugene Chaplin, o segundo da esquerda para direita, esteve na première, no Festival de Cannes.

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