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Durante 4 dias, Cavalcante foi tomada por teatro afro e reflexão

Um dos ideais da mostra foi buscar a troca de experiências entre grupos que usam a linguagem teatral contemporânea para falar de questões raciais

Durante 4 dias, Cavalcante foi tomada por teatro afro e reflexão
Notícias ao Minuto Brasil

04:16 - 17/07/18 por Notícias Ao Minuto

Cultura Notícias

Após quatro dias, terminou a Mostra de Teatro Afro Cena, que movimentou a pequena Cavalcante, município da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Com oito espetáculos teatrais, cinco oficinas, seis rodas de prosa, exibições de documentários e exposições fotográficas, a mostra reuniu artistas de diversas áreas.

Um dos destaques foi o grupo baiano Bando de Teatro Olodum, que tem 28 anos de trajetória. O público lotou a maior praça da cidade para acompanhar a peça Ó paí, ó, montada originalmente em 1990.

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A atriz Cássia Vale destacou a importância da realização da mostra em Cavalcante, cidade que abriga a comunidade remanescente quilombola Kalunga. “O Brasil tem que mostrar cada vez mais essa cara preta que a gente sabe que tem, e muita”, diz. O grupo foi responsável ainda pela oficina Performance Negra, que teve como base uma metodologia desenvolvida pelo grupo ao longo das quase três décadas de carreira. "A gente tem uma grande responsabilidade enquanto artistas, sabemos que pelo Brasil afora temos um público que se inspira no trabalho do Bando. Quando a gente chega num lugar como esse, num quilombo, que tem tudo a ver com nossa identidade e raiz, ver jovens negros no protagonismo, mexendo com a arte, fazendo a sua própria arte, dá aquele impulso de que estamos no caminho certo".

Pela primeira vez, o grupo fez uma apresentação em espaço aberto. "Cavalcante não tem teatro. Mas eles entendem a importância da gente levar esse tipo de mensagem onde nosso povo estiver”, destaca Ednólia Andrade, coordenadora de Produção e Execução do evento.

Um dos ideais da mostra foi buscar a troca de experiências entre grupos que usam a linguagem teatral contemporânea para falar de questões raciais.

Com a peça Vida de Escravo, o grupo de teatro Arte Kalunga Matec, da comunidade Engenho II, de Cavalcante, apresentou seu trabalho. 

“A arte é um meio de libertar, é um jeito de você expressar o que está sentindo. Através da arte, a gente não se perde no mundo das drogas. Estamos tendo a oportunidade de aprender novas técnicas, de aprender com grandes atores e claro, de poder compartilhar um pouco da nossa vivência”, disse o ator Gilvan dos Santos Moreira, que integra o grupo há 10 anos. O grupo nasceu em 2008 após uma professora da comunidade identificar dificuldade dos jovens em se expressar em público.  

A programação incluiu também o espetáculo Peña Folclórica, da Turma que Faz, da Vila de São Jorge, que trouxe músicas sul-americanas e performance circense. Grupos do DF, como Embaraça e Elementos Pretos, e de Goiás, como a contadora de histórias Glorinha Fulustreka, também se apresentaram em Cavalcante.

Durante a mostra, 30 jovens kalungas e afrodescendentes trabalharam como estagiários bolsistas. Eles foram selecionados por meio de projeto contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás, da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás. Com informações da Agência Brasil.

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