'Daqui a pouco volta o samba, basta trabalhar', diz músico do Revelação
Mauro Júnior é um dos membros-fundadores do grupo carioca
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Cultura Música
Ser um dos nomes fortes do samba e fazer sucesso após um quarto de século eram sonhos nem cogitados quando nasceu o Revelação.
Quem o diz é Mauro Júnior, um dos membros-fundadores do grupo carioca que faz show grátis neste domingo (29), na zona leste de São Paulo.
"Antes era trabalho com cara de hobby: só queríamos tocar na noite", diz o músico, responsável pelo banjo. "Não temos noção do que atingimos nem queremos ter; assim, não muda nossa tranquilidade."
Completam o núcleo da banda Rogerinho (tantan), Beto Lima (violão), Sérgio Rufino (pandeiro) e Davi Pereira, ex-vocalista do grupo Sambaí.
Ao vivo, também há Michel (bateria), Lilito (cavaco), Guto (percussão) e Rogério (baixo).
Parte do projeto Domingo na ZL, da Fiesp e do Sesi-SP, a apresentação deste domingo divulga o disco mais recente, "O Bom Samba Continua - Ao Vivo 2", lançado em junho.
O show também é anunciado como celebração dos 25 anos do Revelação, mas nisso resta certa indefinição.
O primeiro disco veio só em 1999, mas os fundadores já atuavam juntos no samba autoral carioca desde meados dos anos 1980, e há quem crave o surgimento em 1994.
A incerteza não se estende à genealogia; como outros expoentes do samba carioca, o grupo nasceu de rodas, como o Pagode dos Boleiros, na zona norte do Rio, e tem conexão com alas de compositores das escolas de samba da cidade.
Derivado dos sambas de mesa, o estilo da banda favoreceu-se por 20 anos da voz do cantor Xande de Pilares.
O atual vocalista, Davi, substituiu-o em 2015, um ano após Xande sair em carreira solo.
Num período inicial, dividiu vocais com Almirzinho, filho de Almir Guineto (1946-2017), do Fundo de Quintal, que logo partiria em carreira própria.
Davi restou só, mas com as bênçãos dos ex-cantores, em especial o amigo Xande.
No novo repertório, um dos destaques é a parceria com o Roupa Nova, com quem interpretam "Canção de Verão", sucesso do grupo de pop rock.
Mas que o ecletismo não engane: apesar de reler artistas de outros gêneros, o Revelação não esquece as raízes estudadas nos subúrbios do Rio.
"Não temos nada contra a mistura, mas tem que ser dosada. Gravamos algumas do Djavan, por exemplo, sem perder nossa característica nem ofuscar a dele", explica Mauro.
A despeito do foco em temas mais jovens, o grupo não negligenciará sucessos mais antigos, como "Samba de Arerê".
Devem pintar também clássicos do cancioneiro nacional, como "Deixa Acontecer". Ela mesma, do refrão "Deixa acontecer naturalmente/ Eu não quero ver você chorar".
O retorno à capital paulista após quase dois anos será o 23º de impressionantes 24 shows da banda em julho.
A maioria foi no Rio, mas houve apresentações também em MG e até no Canadá.
Agenda cheia, plateias lotadas, fãs regozijados; nada mal para expoentes de um estilo que, especula-se, perdeu terreno para o sertanejo e o funk.
Escaldado pelas mais de duas décadas protagonizando o negócio da música no Brasil, Mauro se mostra tranquilo:
"Normal. Daqui a pouco vem o samba novamente. Tem lugar pra todo mundo, basta trabalhar e esperar sua vez".
Grupo Revelação no Domingo na ZL
Av. Professor Engenheiro Ardevan Machado, s/n, esquina com r. Dr. Luiz Ayres (próximo à estação Corinthians-Itaquera do Metrô), Vila Carmosina, São Paulo. Dom. (29): 16h. Grátis. Livre. 9.000 pessoas. Com informações da Folhapress.