Com programação reduzida, festival de cinema do Recife mantém essência
Apesar das readequações orçamentárias do setor, diretor artístico do Janela, cineasta Kleber Mendonça Filho, ressalta força da produção cinematográfica nacional
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Cultura janela do recife
Com a programação reduzida pela metade devido ao corte de patrocínio da Petrobras, o festival Janela Internacional de Cinema do Recife tem início nesta quarta-feira (7). O evento, que antes durava 10 dias e chegava a exibir até 150 filmes, vai até o próximo domingo (11) com 55 obras cinematográficas.
Em sua 11º edição, mesmo com o orçamento bem mais enxuto -passou de R$ 500 mil para R$ 200 mil- a essência do Janela permanece a mesma. Haverá seleções especiais, programa de clássicos, mostras competitivas de longas e curtas e encontro com realizadores.
O corte no orçamento atingiu outros festivais importantes no país neste ano. O É Tudo Verdade, em São Paulo, e o Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, também não contaram com o apoio da Petrobras em 2018.
Apesar das readequações orçamentárias do setor, o diretor artístico do Janela, o cineasta Kleber Mendonça Filho, ressaltou a força da produção cinematográfica nacional. "O cinema brasileiro nunca esteve tão forte de prestígio, festivais internacionais e reconhecimento fora do Brasil. Em termos de diversidade, nunca passamos por um momento com tanta força", salientou.
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Sobre a perspectiva para os próximos anos, diante do governo Jair Bolsonaro, falou sobre a provável extinção do Ministério da Cultura. "O presidente eleito já informou que quer extinguir o Ministério da Cultura. Isso me parece uma má ideia. O Governo Temer voltou atrás após ter decidido fazer o mesmo. Creio que o prejuízo seria grande", afirma.
Kleber destacou a importância de enxergar a Cultura como um mercado que emprega muita gente."O Brasil é um país que exporta cultura e que exerce a cultura como forma natural de termos nossa própria identidade. A cultura deve ainda ser vista como mercado. Emprega milhares de pessoas, de técnicos a performers e artistas. É uma indústria real."
Mesmo com os cortes, em nenhum momento foi cogitado o cancelamento do festival.
As exibições do Janela acontecem no São Luiz, na Boa Vista; no Cinema da Fundação, no Derby, ambos no Centro; e no Cinema do Museu, em Casa Forte, na Zona Norte.
Entre os clássicos programados, estão títulos com cópias recém-restauradas, a exemplo dos brasileiros "Central do Brasil" (1998, de Walter Salles), que completa 20 anos, e "Pixote - a Lei do Mais Fraco" (1980, de Hector Babenco). A exibição de Central do Brasil neste sábado (10), no Cinema São Luiz, será seguida de debate com o ator Vinícius Oliveira, que protagonizou o filme ao lado de Fernanda Montenegro. A abertura oficial acontece às 21h desta quarta-feira (7) com o curta "Quantos eram Pra Tá?", de Vinicius Silva, que revela o cotidiano de três jovens negros estudantes da USP, e o longa-metragem brasileiro "Temporada", de André Novais Oliveira.
Na mostra competitiva, foram selecionados filmes do circuito de festivais de Berlim, Veneza, Cannes, Locarno e Roterdã.
No sábado (10), a roteirista e Anna Muylaert participa do Janela com uma aula de cinema que ocorre a partir das 10h, no Cinema da Fundação. A Petrobras informou que precisou passar por adequações devido a restrições orçamentárias e destacou que a Lei 13.303 prevê um limite para investimentos em patrocínios em ano de eleição. "A empresa pretende recompor sua carteira de patrocínios por meio de chamadas públicas, inclusive para festivais como o Janela de Cinema, que é reconhecidamente um dos principais do seu segmento." Com informações da Folhapress.