Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
--º
MIN --º MÁX --º

Edição

Em noite punk, Supla canta seu novo álbum com ex-Sex Pistols

Depois de lançar "Illegal" no digital, Supla consegue manter um mínimo de sete ou oito shows por mês

Em noite punk, Supla canta seu novo álbum com ex-Sex Pistols
Notícias ao Minuto Brasil

07:55 - 09/01/19 por Folhapress

Cultura ILLEGAL

"O que aumentou de gente morando na rua em São Paulo é assustador." Supla, 52, fala com conhecimento de causa enquanto caminha na praça da República. Há anos ele mora no centro da cidade. Por ali, é impossível andar poucos metros sem que alguém o cumprimente ou peça para tirar uma foto.

+ Ingressos para shows de Nação Zumbi começam a ser vendidos nesta terça

No sábado (12), ele faz show no Sesc Belenzinho para lançar, em CD duplo, o álbum "Illegal". Talvez o projeto fonográfico mais ambicioso de sua carreira desde que surgiu como vocalista do Tokyo, nos anos 1980.

Para fãs de punk, a apresentação traz um bônus. O baixista inglês Glen Matlock, 62, um dos fundadores dos Sex Pistols, é convidado de Supla. Além de cantarem juntos "This Ain't the Ballad of Johnny Stiff", que tem participação de Matlock na gravação registrada no álbum, devem fazer alguns clássicos dos Pistols.

Depois de lançar "Illegal" no digital, Supla consegue manter um mínimo de sete ou oito shows por mês. "É o que preciso para pagar as contas", diz à Folha o cantor e compositor que é também seu próprio empresário.

Supla tem agenda cheia numa época em que muitos artistas reclamam da dificuldade de achar lugares para tocar. "É, eu faço na raça. Conversei com a banda e disse que a gente poderia reduzir às vezes o cachê para fazer mais shows, ou continuar como essa rapaziada que fica esperando em casa."

Para Supla, além de um meio de ganhar dinheiro, o show é divulgação de suas qualidades. "Muita gente vai e diz 'Puxa, você canta pra caralho! Eu não sabia. Pensava que você era só uma imagem, um produto da televisão!'. Talvez seja isso que me faça não parar."

A exposição midiática é intensa desde adolescente, por ser filho dos políticos Eduardo e Marta Suplicy. Fora de estúdios e palcos, outras experiências contribuíram para desviar a atenção de sua música, como participar de reality shows.

Entre seus projetos musicais, são nove discos solo, dois com o Tokyo, três com a dupla Brothers of Brazil (ao lado do irmão João Suplicy) e um com o Pycho 69, grupo punk que manteve em Nova York na década de 1990.

Há três anos, Supla e João decidiram dar um tempo para o Brothers. Em 2016, ele lançou o álbum solo "Diga o Que Você Pensa". A pegada punk e a verve política nas letras que estavam ali parecem acentuadas em "Illegal".

São dois CDs, um com letras em português e outro com versos em inglês. Embora a lista de canções seja a mesma, não se trata de uma simples transcrição de idiomas. As letras mudam de um disco para o outro, muitas vezes servindo como discurso complementar. Supla parece mais conciso em português, com frases curtas e diretas. Em inglês, idioma que ele domina desde muito jovem, as letras são mais extensas.

Há discussões políticas ("Utopia", "Fuck Politics", "Cresça e Apareça") e divertidas incursões sobre relações e comportamento ("Eu Devo Reconhecer", "Pássaros Chapados" e "If You Accept Me").

A moldura sonora é rock acelerado. Supla nunca teve uma guinada radical de estilo. Há sempre um filtro de punk no que faz, mas em cima de referências de quem ouviu bastante rock, MPB e pop.

Lançar álbuns é quase anacrônico em 2019, mas o conceito de agrupar canções como retrato de uma época de sua vida ainda guia seu trabalho. O caprichado projeto gráfico do CD pode indicar que dificilmente ele conseguirá recuperar o dinheiro investido.

"Não coloquei essa conta no papel, mas às vezes você até empata a grana. As lojas não existem mais, é verdade, mas, se você coloca o disco para vender nos shows, a resposta é boa", explica. Além de "Illegal' em CD, ele oferece também uma edição em vinil branco do single "Waiting in Tokyo".

A presença de Matlock no show não surpreende quem acompanha Supla. O inglês foi convidado do Brothers of Brazil no palco Sunset do Rock in Rio, em 2015. A amizade começou alguns anos antes, quando Matlock assistiu a um show da dupla em Londres.

Expulso da banda inglesa logo depois do disco de estreia, ao brigar com o vocalista Johnny Rotten, Matlock parece lidar bem com o legado dos Sex Pistols. "Acho que ele gosta de cantar as músicas", diz Supla. "Afinal, ele é coautor de 'Anarchy in the U.K.', 'Pretty Vacant', 'God Save the Queen' e todas do álbum 'Never Mind the Bollocks'. Estou ensaiando essas músicas. Olha, garanto que não é moleza tocar esse material. Sem querer ser redundante, é muito punk!"

ILLEGAL

ARTISTA Supla

GRAVADORA Independente

LANÇAMENTO sábado (12), às 21h30, no Sesc Belenzinho, r. Padre Avelino, 1.000, SP.

PREÇO R$ 6 a R$ 20. CD duplo 'Illegal': R$ 25; pacote à venda no show: CD duplo + single vinil 'Waiting in Tokyo' + autobiografia 'Supla': R$ 120

Com informações da Folhapress.

Campo obrigatório