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Referências à cultura negra marcam 1ª noite de desfiles na Sapucaí

A Império Serrano, que abriu a noite, homenageou Dona Ivone Lara em seu último carro, levando a família da sambista

Referências à cultura negra marcam 1ª noite de desfiles na Sapucaí
Notícias ao Minuto Brasil

05:55 - 05/03/19 por Folhapress

Cultura Carnaval

JÚLIA BARBON E LUCAS VETTORAZZO (FOLHAPRESS) - Orixás, escravidão e panteras negras foram alguns dos temas que passaram pelo sambódromo da Marquês de Sapucaí, na região central do Rio, na primeira noite de desfiles do Grupo Especial neste Carnaval.

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O dia teve sete apresentações - neste ano serão 14 no total, já que a Liesa (liga das escolas do Grupo Especial fluminense) decidiu não rebaixar ninguém em 2018. Dessas, cinco trouxeram referências à luta e à cultura negra, direta ou indiretamente.

A Império Serrano, que abriu a noite, homenageou Dona Ivone Lara em seu último carro, levando a família da sambista e colocando fotos dela na alegoria e em camisetas. Falando dos significados da vida, a escola usou a clássica composição "O Que É, o Que É", de Gonzaguinha (1982), o que fez público cantar do início ao fim.

Já o Salgueiro cultuou neste ano seu patrono espiritual, Xangô -no Carnaval passado, a escola havia homenageado as matriarcas negras, em enredo batizado como "Senhoras do Ventre do Mundo". Deus do raio, do trovão e do fogo, o orixá deste ano simboliza a justiça divina, a misericórdia e a proteção nas religiões de matrizes africanas, como a umbanda e o candomblé. A divindade foi representada de diversas formas, desde a África ao Brasil.

No quinto desfile da noite, a Beija-Flor, campeã do ano passado, vestiu sua bateria inteira de panteras negras, assim como a rainha de bateria Raíssa Oliveira, que cruzou a Sapucaí representando a rainha Agotime. A africana foi vendida como escrava no Brasil e fundou o terreiro mais antigo do Maranhão, a Casa das Minas, no século 19.

Com um dos carros alegóricos mais marcantes, a Imperatriz Leopoldinense levou um gigante navio negreiro à avenida, com escravos presos a correntes e códigos de barra no peito, para falar sobre dinheiro e ganância.

A agremiação foi a única a ter problemas com as alegorias. O abre-alas quebrou, o que fez um buraco se abrir entre ele e o início da escola, mas o público aplaudiu quando os integrantes conseguiram resolver o problema. O quarto carro também teve falhas técnicas e ficou alguns segundos parado. Isso pode tirar pontos da escola.

Já de dia, a Unidos da Tijuca também desfilou um navio negreiro com cenas coreografadas de capatazes chicoteando escravos. Era o "pão que o diabo amassou", seguindo o enredo sobre o pão, o alimento mais popular do mundo, no seu sentido prático e religioso.

O tema da força da cultura negra e de sua resistência diante do preconceito e da violência também marcou os desfiles em São Paulo, tendo aparecido nas apresentações da Mancha Verde, Acadêmicos do Tucuruvi, Acadêmicos do Tatuapé, X-9 Paulistana e Vai-Vai. Desfilaram ainda a Viradouro, com enredo sobre a inocência e o mistério das histórias infantis, e a Grande Rio, falando sobre o "jeitinho brasileiro", maus hábitos e educação.

A chuva, que caiu forte na cidade horas antes dos desfiles e colocou o Rio em estado de atenção, parou e não causou transtornos, como aconteceu na última sexta (1º). Na madrugada desta terça (5), passariam pela avenida São Clemente, Unidos de Vila Isabel, Portela, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e Mocidade Independente de Padre Miguel. 

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