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Setor privado quer acordo Brasil-EUA até eleição

O período é considerado uma janela urgente para a retomada de promessas que pouco avançaram desde a visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington

Setor privado quer acordo Brasil-EUA até eleição
Notícias ao Minuto Brasil

14:30 - 05/07/20 por Folhapress

Economia Acordo comercial

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Preocupados com o impacto que uma possível derrota de Donald Trump pode causar nas relações entre Brasil e EUA, integrantes do setor privado querem a conclusão da primeira etapa de um acordo comercial entre os dois países antes das eleições americanas, em novembro.

O período é considerado uma janela urgente para a retomada de promessas que pouco avançaram desde a visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington, em março do ano passado, como o acordo comercial e a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Documento organizado pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio), entidade que reúne cerca de 5.000 empresas brasileiras e americanas, lista dez medidas consideradas prioritárias para este ano, apesar das dificuldades impostas pela crise econômica e de saúde pública causada pela pandemia.

A Folha de S.Paulo teve acesso ao texto que será enviado para autoridades de ambos os países empenhadas nas relações bilaterais, como embaixadores, ministros, secretários e congressistas.

O objetivo é que haja envolvimento para mais resultados a curto prazo.

Os empresários reconhecem que um acordo de livre-comércio, que considere tarifas, está longe de ser realizado, mas cobram ações como facilitação de comércio, boas práticas regulatórias, comércio digital e combate à corrupção em torno do que chamam de primeira fase do trato.

"Espera-se que a iniciativa seja concluída antes das eleições presidenciais nos EUA, o que representaria um passo relevante em direção a um futuro acordo comercial mais abrangente", diz o documento da Amcham.

O texto destaca ainda a necessidade de efetivar duas medidas que foram consideradas os grandes trunfos da diplomacia brasileira na visita de Bolsonaro à Casa Branca: a designação do Brasil como grande aliado extra-Otan e o apoio dos americanos ao país na OCDE.

"Em que pese o bem-vindo apoio manifestado pelos EUA à entrada prioritária do Brasil na OCDE, o início do processo de acessão ainda precisa ser aprovado pela totalidade dos membros da entidade."

O principal temor de empresários brasileiros e americanos com interesse no Brasil é que, caso Trump seja derrotado pelo democrata Joe Biden -que lidera as pesquisas nacionais e nos estados decisivos-, o Brasil perca o acesso à espécie de guichê de boa vontade que existe hoje na Casa Branca em relação a Bolsonaro.

Apesar de passar por cima de qualquer aliado quando seus interesses estão em jogo, Trump costuma dizer que vê no presidente brasileiro um amigo, enquanto democratas pressionam para que os EUA não ampliem relações comerciais com um governo que ataca importantes pilares da democracia.

No mês passado, o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, disse que o governo americano não tem planos de fechar um acordo de livre-comércio com o Brasil neste momento.

Deputados de oposição a Trump haviam enviado uma carta a Lighthizer dizendo-se contrários a um acordo comercial entre Brasil e EUA.

Desde março, quando Bolsonaro se encontrou com Trump, os esforços dos técnicos de ambos os países são no sentido de criar facilitação de negócios como um primeiro passo para um acordo mais amplo.

Alguns integrantes do governo e o próprio Bolsonaro, porém, seguiam falando em livre-comércio.

De acordo com o documento da Amcham, ao não envolver tarifas, as negociações podem ser realizadas em nível bilateral, sem a necessidade de participação do Mercosul ou de alteração de suas regras, "bem como prescindem de aprovação por parte do Congresso dos EUA".

Somente após a conclusão dessa primeira etapa, segue o texto, os países fariam as consultas necessárias para "preparar o terreno para o início formal de negociações de um acordo abrangente de comércio, que incluiria tarifas e temas não cobertos no pacote inicial".

No governo americano, porém, não há grande apetite de flexibilizar tarifas em relação a produtos brasileiros.

O documento reconhece que, com a crise econômica causada pela pandemia, os investimentos despencaram e é preciso cooperação entre os dois países para a retomada das atividades.

Na lista aparece ainda como prioritário o restabelecimento do fluxo de viajantes entre o Brasil e EUA -as fronteiras estão fechadas em razão da pandemia-, o início das negociações para um acordo que evite a bitributação -demanda antiga do setor-, assim como a participação plena do Brasil no Global Entry (o país fez um teste com apenas 20 nomes de integrantes do Fórum de CEOs Brasil-EUA) e o fortalecimento da diplomacia parlamentar bilateral.

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