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Lucro dos bancos cai 31,9% no primeiro semestre do ano em meio a pandemia

Nos primeiros seis meses do ano, as instituições tiveram ganhos de R$ 40,8 bilhões

Lucro dos bancos cai 31,9% no primeiro semestre do ano em meio a pandemia
Notícias ao Minuto Brasil

05:20 - 16/10/20 por Folhapress

Economia Balanço

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A pandemia do novo coronavírus provocou queda de 31,9% no lucro dos bancos no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central nesta quinta-feira (15).

Nos primeiros seis meses do ano, as instituições tiveram ganhos de R$ 40,8 bilhões -R$ 22,4 bilhões no primeiro trimestre e R$ 18,4 bilhões no segundo.

"Acreditamos que o lucro dos bancos sofra redução na faixa de 30% a 35%, devendo encerrar o ano em torno de R$ 85 bi. Então ainda deve ter certa retração na rentabilidade dos bancos até o fechamento do ano", estimou o diretor de regulação do BC, Paulo Souza.

Segundo a autoridade monetária, a principal razão para a queda do lucro do sistema financeiro foi o maior nível de provisionamento dos bancos para perdas com crédito por causa da pandemia.

Provisão é o valor que o banco deve manter em caixa para assegurar as operações de crédito.

"Mesmo antes da pandemia a previsão já era de redução da rentabilidade dos bancos, até pela queda da taxa básica de juros. O retorno já chegou a ser de 23%, foi para 17% [no segundo semestre de 2019], mas na faixa de 13% [atual] ainda traz atratividade para o segmento. Não era esperada a crise abrupta, como ocorreu, os efeitos foram severos", ponderou.

"A trajetória de elevação da rentabilidade do sistema bancário foi interrompida no primeiro semestre de 2020, por conta do cenário econômico desfavorável associado à pandemia da Covid-19", afirmou o documento.

O relatório do BC apontou preocupação com o fim dos auxílios do governo e com o término do adiamento de parcelas de empréstimos, concedido pelos bancos no início da crise.

Para a autarquia, as medidas podem ter postergado o aumento da inadimplência, chamado de risco de crédito.

A autoridade monetária projeta que, no pior cenário, a inadimplência fique em torno de 4% no primeiro trimestre do próximo ano. "Como muitas medidas têm vigência até 31 de dezembro, os efeitos disso poderão ser observados a partir do início de 2021", justificou o diretor.

Segundo ele, no entanto, os calotes devem ficar abaixo do pico, em maio de 2017, quando o índice alcançou 4,04%. Em agosto deste ano, último dado divulgado pelo BC, a inadimplência estava em 2,65%.

"Devemos ficar entre 3% e 4% quando as medidas acabarem, tudo indica que os efeitos dessa crise serão menos severos do que os observados em 2015 e 2016", destacou.

"A fim de mitigar esse risco, o sistema elevou o volume de provisões e apresentava, em junho de 2020, um dos maiores índices de cobertura de Ativos Problemáticos (APs) da série", disse o relatório.

Os resultados dos testes de estresse, no entanto, demonstram que o sistema bancário é capaz de absorver o nível de perdas em todos os cenários simulados.

Os testes de estresse são realizados regularmente com base em cenários que levam em conta piora em indicadores como PIB (Produto Interno Bruto), emprego, inflação, taxa de juros, câmbio e riscos avaliados de forma independente, como crédito e desvalorização de imóveis.

O BC fez uma simulação específica para os efeitos da Covid-19 na economia e no sistema financeiro. No relatório anterior, o teste apontou que, no pior cenário, os bancos levariam três anos para recompor os níveis anteriores à crise.

Neste documento, houve melhora de 50% no cenário, mas não foi especificado quanto tempo seria necessário para a retomada.
"O teste é bem severo, dificilmente acreditamos que o cenário vá se concretizar. Mesmo com a demora, levaria entre dois e três anos para os bancos voltarem ao nível [de antes da crise]", esclareceu Souza.

O choque estimado pela autoridade monetária faria com que o índice de Basileia, usado para medir o nível de saúde financeira dos bancos, caísse de 18,6% para 14,5%.

Houve mudanças metodológicas no teste, como a inclusão de pessoas físicas com ocupações ou situações consideradas como vulneráveis e mudança no critério de seleção de empresas sensíveis aos efeitos da pandemia.

"Os impactos esperados nesse teste foram menores do que no REF [Relatório de Estabilidade Financeira] anterior, mesmo com a inclusão de um novo componente na composição do choque, que sozinho respondeu por metade do aumento das provisões e perdas", ressaltou o texto.

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