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Turismo pega carona no 'anywhere office'

Com muitas empresas ainda em trabalho remoto, basta uma conexão à internet para que a paisagem da Avenida Faria Lima ou da Berrini, em São Paulo, seja trocada por uma da praia ou da montanha, até mesmo fora do País

Turismo pega carona no 'anywhere office'
Notícias ao Minuto Brasil

16:45 - 06/12/20 por Estadao Conteudo

Economia Turismo

Na onda do home office forçado pela pandemia, companhias áreas, resorts e outras empresas ligadas ao setor de turismo têm se beneficiado de uma tendência que até já ganhou nome: o "anywhere office". Com muitas empresas ainda em trabalho remoto, basta uma conexão à internet para que a paisagem da Avenida Faria Lima ou da Berrini, em São Paulo, seja trocada por uma da praia ou da montanha, até mesmo fora do País. Com a vantagem extra de também poder deixar o confinamento em casa ou apartamento.

"Há famílias que conseguem flexibilizar o trabalho e podem passar dias em um resort, hotel ou cidade do interior", disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Ele próprio chegou a trocar por alguns dias o concreto de São Paulo pela vista do mar de um apartamento em Santos. "A virtualização permite isso."

Em novembro, o mercado brasileiro operou, na média, com o equivalente a 60% do número de voos de um ano antes, segundo a Abear. Em cidades como Salvador, entretanto, o aeroporto local tinha a expectativa de fechar o mês com 81% de retomada da malha.

Outro indicativo de que o "anywhere office" está aquecido vem do crescimento na demanda dos provedores de acesso à nuvem, base para se viabilizar o trabalho remoto. Alan Yukio Oka, responsável por Cloud Product and Marketing da BRLink, disse que as empresas acabaram acelerando a migração de cargas de trabalho para a nuvem na pandemia. "Uma vez que os sistemas podem estar na nuvem e acessíveis de qualquer lugar do mundo, existe uma potencialização do conceito de anywhere office."

A preocupação com a filha Victoria, de oito anos, foi o que motivou Giuliana Pierri, 44, e seu marido, Sandro Gabrielli da Silva, 45, a buscar essa alternativa. "Ficamos uns três meses completamente isolados e fazendo até supermercado pela internet. Em um determinado momento, comecei a pensar em alternativas", relatou ela. Desde então, Pierri, que atua na área de marketing digital e produção de conteúdo, e Silva, diretor financeiro em uma empresa farmacêutica, já alugaram três casas em que os dois trabalharam remotamente. A mais recente empreitada foi em resorts. "Meu marido tirou férias, mas continuei trabalhando normalmente", disse ela. As instalações ofereceram atividades para as crianças e Victoria conseguiu fazer as provas escolares.

Aéreas

Apostando no aumento da demanda, a Azul Conecta, braço de aviação regional da Azul, anunciou nove destinos inéditos durante a temporada de verão, entre eles Ubatuba (SP), Paraty (RJ), Guarapari (ES) e Jericoacoara (CE). Os voos decolam de áreas metropolitanas como Porto Alegre, Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP). A própria empresa afirmou que os destinos - comuns em roteiros de férias - se mostraram interessantes para o home office. Somadas, as rotas contarão com 38 voos diários.

A advogada Ana Carolina Monteiro, da área de reestruturação e insolvência do Kincaid, Mendes Vianna Advogados, atribui parte da recuperação da atividade de empresas do setor aéreo a essa migração dos escritórios. "O turismo ligado ao anywhere office está proporcionando um impulso essencial para ajudar a sustentar muitos destinos turísticos e empresas na retomada da pandemia", diz.

Resort office. Destino de parte dos brasileiros que trocaram a residência pelo "anywhere office", os resorts passaram a oferecer serviços para que as crianças pudessem se divertir e estudar ao mesmo tempo, enquanto os pais se mantinham conectados no trabalho. O Costão do Santinho, em Florianópolis (SC), teve a ideia de contratar pedagogos para dar reforço escolar.

"Montamos uma sala de aula para as crianças e o espaço está sendo bastante usado, com pedagogos dando apoio", disse Rubens Regis, diretor comercial do resort. "As crianças se sentam, fazem a aula e estão sempre acompanhadas, enquanto os pais aproveitam o espaço." Segundo ele, o serviço tende a se manter mesmo após a pandemia.

O Costão teve R$ 50 milhões em prejuízo entre março e novembro, ao deixar de promover 104 eventos. O grupo se mexeu e investiu R$ 6,5 milhões em uma estrutura desmontável para eventos externos, que já tem procura para no ano que vem.

Na mesma direção, o Infinity Blue Resort & Spa, em Balneário Camboriú (SC), viu no "resort office" a oportunidade de alavancar a receita. O estabelecimento ficou fechado entre os dias 25 de março e 1.º de julho. "Estamos em um período de retomada no turismo", afirmou Juliana Campeoto, gerente comercial da empresa.

A empresa aproveitou a pandemia para fazer uma migração para o segmento de luxo. Hoje, o resort opera com 53% da capacidade de antes, porcentual que será mantido diante da ampliação de alguns apartamentos, por exemplo. "A demanda está boa. Para o Natal e fim do ano, a lotação está esgotada", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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