Baixa renda sente inflação de 0,20% em novembro, ante alta de 0,58% para mais ricos, diz Ipea
Em novembro, houve pressão dos aumentos nos alimentos e na energia elétrica entre os mais pobres
© Alimentos continuam a pressionar e inflação sobe 0,24% em agosto
Economia Pesquisa
A queda nos preços dos combustíveis e do ônibus urbano em novembro aliviou o aumento no custo de vida percebido pelas famílias de baixa renda, enquanto as passagens aéreas mais caras pressionaram a inflação sentida pelos mais ricos, informou nesta quarta-feira, 13, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que os preços na economia passaram de uma alta de 0,13% em outubro para uma elevação de 0,20% em novembro para o segmento familiar de renda muito baixa. Para o grupo de renda alta houve aceleração de uma elevação de 0,55% em outubro para um aumento de 0,58% em novembro.
Em novembro, houve pressão dos aumentos nos alimentos e na energia elétrica entre os mais pobres.
"Com efeito, as altas de arroz (3,7%), feijão-preto (4,2%), batata (8,8%), cebola (26,6%), carnes (1,4%) e aves e ovos (0,53%) explicam esta contribuição positiva dos alimentos para a inflação das famílias brasileiras, especialmente, as de menor poder aquisitivo", afirma a instituição.
Segundo o Ipea, ainda que em menor intensidade, o grupo habitação também exerceu uma contribuição positiva à inflação, sobretudo para as faixas mais baixas, refletindo o aumento de 1,1% das tarifas de energia elétrica, cuja alta anulou, inclusive, o alívio vindo do recuo dos preços dos artigos de limpeza (-0,53%).
"Observa-se, ainda, que, ao contrário do apontado nos estratos mais altos de renda, os grupos transporte e saúde e cuidados pessoais geraram uma descompressão inflacionária para as famílias com renda mais baixa, beneficiada pelas quedas nos preços das tarifas de ônibus urbano (-1,2%), dos combustíveis (-1,6%) e dos artigos de higiene pessoal (-0,95%)", justificou a técnica Maria Andreia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura do Ipea.
Na outra ponta, o aumento de 19,1% das passagens aéreas pressionou a inflação das famílias mais ricas.
"Adicionalmente, observa-se que o grupo despesas pessoais também pressionou de forma significativa a inflação deste segmento, em virtude dos reajustes de serviços pessoais (0,41%) e recreação (0,94%). Por fim, a alta de 0,76% dos planos de saúde pode ser apontada como o principal fator explicativo para a contribuição positiva do grupo saúde e cuidados pessoais", apontou o Ipea.
Com o resultado, a inflação acumulada nos 12 meses encerrados em novembro foi de 6,09% na faixa de renda alta e de 3,38% na faixa de renda muito baixa.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, passou de uma elevação de 0,24% em outubro para alta de 0,28% em novembro. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 4,68% em novembro.
O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.015,18 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 20.151,76, no caso da renda mais alta.