Empreiteira alvo da Lava Jato vai à Justiça para renegociar dívidas
Companhia afirma que a medida visa reestruturar suas operações para dar continuidade às atividades empresariais do grupo
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Economia UTC
Alvo da Operação Lava Jato, a empreiteira UTC entrou com pedido de recuperação judicial nesta segunda (17), com o objetivo de renegociar dívidas de R$ 3,4 bilhões com bancos e fornecedores e tentar evitar a falência.
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Em nota, a companhia afirma que a medida visa reestruturar suas operações para dar continuidade às atividades empresariais do grupo, cumprindo com as suas obrigações junto a funcionários, parceiros e fornecedores.
Ela atribui a necessidade da recuperação à forte crise financeira enfrentada desde 2014, ao contingenciamento de verbas de obras públicas contratadas e ao impedimento para obtenção de novos negócios com a Petrobras.
A estatal interrompeu pagamentos de contratos com a UTC relacionados a serviços de manutenção em plataformas de petróleo, alegando falhas na execução de outro contrato, em que a empreiteira presta serviços a uma refinaria no Rio Grande do Sul.
A UTC demitiu 4.100 funcionários para se adaptar à perda de receita. Com os cortes, ficou com cerca de 1.500 profissionais em sua folha.
O pedido de recuperação veio como alternativa à perda de liquidez causada pela iniciativa da Petrobras e pela dificuldade de renovar contratos com o setor público.
No dia 10, a UTC firmou acordo de leniência com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União e a Advocacia-Geral da União. O acordo, primeiro fechado pelos dois órgãos do governo com uma empresa investigada pela Lava Jato, prevê pagamento de multa de R$ 574 milhões e abre caminho para a empresa voltar a contratar com o setor público.
A UTC apresentará seu plano de recuperação em 60 dias, para que seja votado pelos credores em 180 dias. O escritório Leite, Tosto e Barros Advogados e a consultoria Starboard lideram o processo.
A UTC teve três de seus executivos acusados de integrar o esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato: o dono da empresa, Ricardo Pessoa, Ednaldo Alves da Silva e Walmir Pinheiro Santana. Pessoa foi preso em novembro de 2014, junto com vários outros empreiteiros.
Em maio de 2015, ele se tornou o primeiro empreiteiro a assinar acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República. Em seus depoimentos, ele admitiu ter pago propina para fazer negócios com a Petrobras e afirmou ter feito doações a campanhas do PT após pressão de membros do partido.
Antes de a UTC pedir a recuperação judicial, as empresas Mendes Junior e OAS, também alvos da Lava Jato, buscaram repactuar suas dívidas a partir do instrumento.
Em 2015, quando protocolou o pedido, a OAS tinha dívidas de R$ 9,2 bilhões, dos quais R$ 8 bilhões estão em negociação. A Mendes Júnior tenta renegociar dívidas de R$ 258 milhões desde 2016. Com informações da Folhapress.