Mercado de trabalho formal apresenta melhora, afirma Ipea
Trabalho com carteira assinada ainda registra expansão dos rendimentos
© DR
Economia Recuperação
Embora o mercado de trabalho esteja apresentando recuperação impulsionada pela geração de vagas informais, o setor formal também mostra sinais de melhora em curso. O trabalho com carteira assinada registra redução no ritmo de demissões, além de expansão dos rendimentos a taxas superiores às dos demais, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
No segundo trimestre de 2017, de todos os trabalhadores que passaram da ocupação para o desemprego, 32% estavam empregados no mercado formal.
Embora elevado, esse montante é 10 pontos porcentuais menor que o observado há dois anos. O levantamento foi feito pelo Ipea com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os salários pagos pelo setor privado aos trabalhadores com carteira assinada no segundo trimestre cresceram 3,6%, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Ao mesmo tempo, o rendimento dos trabalhadores sem carteira no setor privado recuou 3,5%, e a renda dos trabalhadores por conta própria encolheu 0,5%.
Ao contrário da ocupação, que começou a apresentar sinais de recuperação apenas recentemente, os rendimentos do trabalho registram uma dinâmica mais favorável há pelo menos três trimestres, ressaltou o Ipea. No trimestre móvel encerrado em julho, última divulgação disponível da Pnad Contínua, o rendimento médio real registrou alta de 3,0% em relação a um ano antes, o oitavo crescimento consecutivo.
Segundo os autores do estudo, o bom comportamento dos rendimentos reais ao longo dos últimos trimestres sinaliza que os ajustes no mercado de trabalho provocados pela recessão ocorreram via demissões de trabalhadores.
"Entretanto, outros fatores ajudam a explicar esse desempenho benigno dos rendimentos. O primeiro deles diz respeito ao efeito composição dos salários, tendo em vista que ao longo da crise a opção inicial é a dispensa de trabalhadores menos qualificados e, portanto, com salários menores, pois esse contingente é mais fácil de ser recontratado no momento da retomada da atividade econômica. Com isso, a média salarial se eleva mesmo na ausência de reajustes. Adicionalmente, a acentuada queda da inflação nos últimos meses, vem contribuindo positivamente para essa expansão dos salários reais", explicaram os pesquisadores Maria Andréia Lameiras e Sandro Sacchet de Carvalho, na Carta de Conjuntura do Ipea divulgada hoje.
Taxa
No artigo, os autores defendem que a expectativa para os próximos meses é de uma redução gradual na taxa de desemprego, acompanhando uma também gradual retomada do crescimento da economia. Mas os pesquisadores defendem que a queda do desalento - fenômeno em que as pessoas deixam de procurar emprego por acharem que não conseguiriam uma vaga - pode fazer com que aumente o número de pessoas em busca de trabalho, impedindo um recuo maior da taxa de desemprego mesmo com uma expansão da ocupação.
No segundo trimestre deste ano, 44,7% das pessoas aptas ao trabalho estavam fora da População Economicamente Ativa por acharem que não conseguiriam um emprego, o que representa uma queda de 2,5 pontos porcentuais em relação ao trimestre anterior.
+ Trabalhadores nascidos em setembro podem receber PIS-Pasep
"Em relação aos salários, as perspectivas são de continuidade no avanço dos rendimentos, principalmente em um cenário de inflação baixa. Dessa forma, a tendência é que a massa salarial real continue a acelerar, contribuindo positivamente para a continuidade da retomada do crescimento do consumo das famílias", avaliaram os técnicos Maria Andréia e Sacchet de Carvalho, do Ipea. Com informações do Estadão Conteúdo.